Homem do saco

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O relógio acabara de marcar meio-dia. Pedrinho, de 9 anos de idade, acabara de chegar da escola. Seus pais almoçavam enquanto o esperavam.

- Bom dia, filhão! - cumprimentou o pai - Como foi na escola hoje?
- Foi legal, pai! - respondeu o menino, sorridente.
- Hoje você vai à feira para comprar um frango para nosso jantar hoje, entendeu, mocinho? - ordenou a mãe, dona Suzana, olhando para o filho - Seu pai não tem tempo de ir pois tem uma reunião importante hoje.
- Ah, mãe... - resmungou Pedrinho - Hoje eu queria ir brincar com meus amigos na rua...
- Obedeça sua mãe, rapazinho - pontuou o pai, sério - Sabe o que acontece com criança que não obedece os pais, não sabe? O homem do saco leva embora!

Pedrinho engoliu em seco. Ficava pálido só de ouvir falar naquela história de homem do saco.
- T-tudo b-bem, pai. Eu v-vou. - gaguejou ele, com um sorriso forçado no rosto.
- Acho bom! - respondeu a mãe, levantando-se da mesa para ir trabalhar.

Após comer, Pedrinho se trocou e foi fazer o que seus pais o haviam pedido. Antes dele sair, sua mãe o deu em mãos uma nota de 20 reais para ele comprar a comida.

Enquanto andava pela rua, o garoto resolveu checar se o dinheiro estava em seu bolso. Pegou a cédula, olhou-a e então a recolocou no bolso. Por descuido, porém, acabou deixando-a cair assim que fez isso e não notou.

Chegando à feira, Pedrinho foi ter com um feirante que costumava vender carne para a família e o pediu o frango, tal como sua mãe o orientara. Quando foi pagar, contudo, deu pela ausência do dinheiro e ficou desesperado, sabendo que sua mãe o castigaria se não conseguisse o frango.

Procurou no chão de toda a feira mas não o achou. Frustrado e também nervoso, voltou para casa assim mesmo.

Chegando lá, tentou ir para seu quarto desapercebido porém acabou topando com a mãe, que perguntou logo do frango:
- Ei, cadê aquele frango que eu te pedi pra comprar, menino?
- Então, mãe... é que... eu perdi o dinheiro na rua.
- Que perdeu que nada! - irrompeu a mãe, muito zangada - Eu sabia que você ia aprontar de gastar em doce ou em fliperama! Nem sei por que confiei em você, moleque! Já pro quarto, de castigo por uma semana!
- Mas, mãe! - protestou Pedrinho, à beira das lágrimas.
- Nada de "mas", menino! Já pro quarto!

Chorando, o pobre garoto foi até seu quarto, fechou a porta e sentou-se na cama, sem saber o que fazer. Minutos depois, dona Suzana abre a porta do quarto dele e aparece com uma fita vermelha na mão.
- Já não é a primeira vez que você apronta dessas, Pedro! - ela começou, ainda bem furiosa - Decidi que essa noite vou deixar uma fita vermelha no pé da sua cama. Dizem que o homem do saco só pega crianças quando vê uma fita vermelha amarrada no pé da cama dela! E você bem que anda merecendo!

É claro que, no fundo, dona Suzana só queria punir o filho e lhe ensinar boas maneiras, sem saber que ele falava a verdade sobre o dinheiro. Mas pensava que aquela ideia de homem do saco faria o menino se comportar melhor. Pedrinho, porém, ficou em pânico ao ouvir aquilo, começou a chorar desesperadamente e implorou que a mãe não fizesse aquilo. Mas ela insistiu, estava determinada a fazê-lo se arrepender de seus erros.

Naquela noite, dona Suzana nem se lembrava mais das coisas que havia dito pela tarde, tamanha era sua ocupação com o trabalho. Tomou um chá e foi se deitar com o marido, como de costume.

Por volta das três da madrugada, ouviu um barulho estranho vindo do quarto de Pedrinho.

"Não acredito que este menino está brincando a uma hora dessas" - ela pensou, cansada. Nem teve ânimo de ir ver do que se tratava e voltou a dormir.

Minutos depois, ouviu o que parecia ser o som de passos no corredor.

"Meu marido deve estar indo ao banheiro" - ela pensou, e continuou deitada.

No dia seguinte, quando levantou para fazer o café e foi acordar Pedrinho para ir à escola, não encontrou seu filho. A cama dele estava toda revirada e o travesseiro e os cobertores estavam espalhados pelo quarto, como se alguém o tivesse atacado. A fita vermelha que ela deixara ao pé da cama também havia sido retirada.

BONS PESADELOS

Contos de Terror e MonstrosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora