Você viu meu filho?

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Dona Cecília estava em pânico. Espalhou em suas redes sociais o seguinte anúncio: "Você viu meu filho?", seguido de uma foto do pequeno Nicolau, seu filho. Muitos repassaram o anúncio, porém nada de alguém ter notícias do menino.

Pálida de preocupação, a pobre mulher redigiu e imprimiu dezenas de cópias de um cartaz que pedia ajuda e que continha também a foto de Nicolau. Também informava o seu número de contato e endereço de e-mail para que lhe avisassem se ele fosse visto.

Depois de espalhar os cartazes pelos postes e muros da cidade, Cecília foi até a casa de seus vizinhos da frente. Bateu à porta deles e, assim que a senhora Junqueira abriu a porta, a mulher indagou, cheia de preocupação:
– Você viu meu filho?!

A vizinha se pôs a pensar, revirando a memória. Mas logo depois, olhou dona Cecília nos olhos e, entristecida, respondeu:
– Puxa, dona Cecília, acho que não o vi ultimamente! Mas se ele passar por aqui, prometo que eu a aviso!

Descabelando-se de nervosismo, a coitada agradeceu rapidamente e se retirou. Perto dali, Cecília avistou uma viatura de polícia parada na esquina. Foi correndo até lá.

No banco do motorista estava um policial à paisana que conversava com seus superiores pelo rádio. Assim que viu a mulher se aproximando naquele estado, o homem rapidamente se prontificou para ajudá-la.
– Está tudo bem, minha senhora? Precisa de alguma ajuda? – ele perguntou.
– Policial, meu filho sumiu! – ela chorou, com as pernas bambas de nervosismo.
– Não se preocupe, minha senhora. - respondeu o guarda, com sua voz grossa. – Apenas me dê algumas descrições do seu filho e eu as repassarei para as outras unidades disponíveis. Iremos procurá-lo!

A mulher descreveu Nicolau e o oficial prometeu que o encontrariam o mais rápido possível. Em seguida, ele deu partida com a viatura e saiu à procura do garoto.

Os dias se passaram. A pobre mãe de Nicolau já não comia ou saía de casa. Os vizinhos se comoveram com sua situação e organizaram grupos de busca para procurar pela criança. Dia e noite, homens e mulheres se juntavam à busca, usando lanternas sempre que preciso, procurando por Nicolau. A polícia também usou cães farejadores para ajudar, porém nada de alguém descobrir sequer vestígios do desaparecido.

Foram investigados vários bairros da cidade e até mesmo florestas e matagais próximos, porém não houve êxito na investigação.

Vez ou outra, dona Cecília mandava mensagens de ligeira esperança à seus conhecidos, querendo saber se ocorrera algum progresso na busca. Porém eles eram sempre obrigados a lhe dar respostas negativas, com dor no coração.

Nos dias que se seguiram, diversos vizinhos, parentes e amigos foram visitá-la para lhe desejar forças, sorte ou simplesmente para tentar animá-la, por mais brevemente que fosse. Todos notavam de primeira a terrível mudança no olhar e na personalidade da pobre senhora. Alguns até recomendaram que ela procurasse por ajuda psicológica.

Meses depois, quando muitos já haviam até mesmo abandonado a busca e apenas davam Nicolau como morto, aqueles que antes vinham desejar êxito e esperança agora começavam a lhe dar pêsames e condolências.

Encolhida em sua cama, dona Cecília finalmente chegou à conclusão de que absolutamente ninguém vira Nicolau em lugar algum.

Foi aí que, subitamente, um sorriso doentio surgiu em seu rosto.
– Parece que eu escondi bem o corpo. – ela pensou, aliviada.

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