Loira do Banheiro

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O sinal tocou. Era a tão esperada hora do recreio. Ígor se aproximou do lugar onde suas amigas Sarah e Nicole tomavam lanche e conversavam, dando risadas. Sentado ao lado delas, com as pernas cruzadas, estava também Felipe, saboreando um pacote de Cheetos.

- Meus pais me deixaram de castigo! Que droga! - queixou-se Sarah, suspirando. - Discuti com a minha mãe por causa de uma jaqueta dela que eu queria emprestada. Agora não posso mais sair de casa e nem chamar ninguém para ir lá!
- Também não aguento mais meus pais. - comentou Ígor, tomando um gole de sua lata de Coca-Cola. - Meu pai vive ralhando comigo toda vez que ligo o PlayStation muito tarde. Se eu pudesse pelo menos passar menos tempo com eles...
- Ei, o que vocês acham de a gente ficar aqui na escola até mais tarde um dia desses? - interveio Nicole, mastigando seu sanduíche natural. - Quer dizer, nossos pais não iam ligar se a gente dissesse que está na escola, né?
- Boa! - respondeu Felipe. - Podíamos falar que vamos ficar até mais tarde por que estamos fazendo um trabalho em grupo! E sem falar que já estamos no 2° ano do Ensino Médio...
- Mas e o zelador, o seu Aguiar? - questionou Ígor, pensativo. - Aposto que se ele pegar a gente, todo mundo leva advertência, no mínimo!
- Relaxa, Ígor, o seu Aguiar já está meio velho e lento. E além do mais, a gente consegue se esconder dele, sim. - respondeu Nicole, sorrindo. Ela parecia querer muito ficar a sós com o garoto, por alguma razão. Felipe disfarçou uma risadinha ao notar isso.

No dia seguinte, sexta-feira, os quatro combinaram de ficarem juntos na sala 13, que era a mais isolada de todas e havia um grande armário nos fundos dela atrás do qual seria fácil se esconder do velho Aguiar.

Inicialmente, os quatro ficaram apenas usando seus celulares, rindo de vídeos engraçados e falando mal de outros colegas, como adoravam fazer para amenizar o tédio. Felipe levara vários pacotes de salgadinhos para os quatro petiscarem ao longo da noite.

Nisso, o relógio marcou 18:00. Depois, 19:00. E, sem que os jovens notassem, já se passava das 22:00.
- Ei, gente... - disse Felipe, com um sorriso maroto no rosto. - Vocês já jogaram Verdade ou Desafio? Aquele joguinho em que você precisa escolher entre dizer a verdade sobre alguma coisa ou cumprir um desafio.
- Ah, Fê! - protestou Nicole, parecendo já saber o que o amigo queria descobrir com aquela brincadeira. - Esse jogo é uma chatice!
- Qual é, Nicole? - retrucou Sarah, rindo. - Vamos jogar, sim! Vai ser divertido!

A contragosto, Nicole acabou aceitando, um pouco nervosa, e os quatro usaram uma garrafa vazia de Guaraná que Felipe levara para beberem. Fizeram um círculo em volta dela, deitaram-na no chão e a giraram.

Lentamente, a garrafa foi desacelerando até parar, apontada para Nicole, que tremia e suava, com medo de Felipe lhe fazer "aquela" pergunta.
- Olha só! - irrompeu o risonho Felipe. - Parece que você é a primeira, Nicole! E aí, quer verdade ou desafio?

Imaginando que o garoto iria perguntar se ela "estava a fim de alguém ali", (o que ela não poderia negar) a menina respondeu, quase que automaticamente:
- Desafio! Quero desafio!
- Nossa, que rapidez! - comentou Ígor, rindo, sem imaginar que ele mesmo era a razão de ela não querer confessar nada.
- Tudo bem, então... - continuou Sarah, com uma risadinha misteriosa. - Nesse caso, acho que já até sei um desafio ideal para você, amiga.
- Bom, e qual vai ser? - quis saber Nicole.

Com uma cara um tanto séria, Sarah começou:
- Você já ouviu falar na lenda da Loira do Banheiro?

Ao ouvirem aquele nome, os outros três foram tomados por um ligeiro calafrio. Até Felipe ficou mais tenso.
- Bom... é... Mais ou menos, amiga. Acho que já ouvi falar mas não me lembro direito. Por quê? - respondeu a desafiada.
- Bom, já que você não se lembra, vou contar a história. - concluiu Sarah. - Dizem que, aqui nesse mesmo colégio, há muitos anos atrás, estudava uma garota loira e muito bonita chamada Alice. Ela odiava estudar, então vivia cabulando aulas, e o lugar preferido dela para se esconder nessas horas era no banheiro feminino. Até que, um dia, ela estava escondida em um dos boxes do banheiro, pintando as unhas, quando ouviu o som dos passos de um funcionário se aproximando. Com medo de ser descoberta e acabar levando uma advertência ou algo assim, ela tentou correr e acabou escorregando numa poça d'água no chão. Ela acabou batendo a cabeça na parede com muita força e...morreu.

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⏰ Last updated: Aug 12, 2022 ⏰

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