Summer

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— Quem é o garoto desmaiado no nosso sofá?— perguntou Summer, que havia passado longos trinta minutos sentada no chão em frente ao garoto, olhando para ele como se ele fosse uma pintura abstrata difícil de entender.
Não era incomum para Summer acordar de manhã e se deparar com estranhos deitados no chão da sala, da cozinha ou no sofá, aliás sempre sobravam alguns viciados que apareciam nas festas que Barry dava e continuavam até o sol aparecer. Mas esse garoto não parecia com um dos amigos bêbados do irmão, ele era limpo demais pra ser do gueto.
— É um amigo. — disse Barry, colocando a água da torneira dentro da cafeteira para preparar o café da manhã.
Summer continuava encarando o garoto, analisando cada parte do seu rosto com o mínimo cuidado, retendo cada detalhe no fundo da sua mente. Havia sangue seco nos lábios de Rafe, assim como nas suas pálpebras e em alguns lugares na bochecha. Os ferimentos nos nós de seus dedos estavam arroxeados e haviam marcas de dedos ao redor de seus pulsos.
— Pobrezinho— disse Summer, acariciando delicadamente as mãos do garoto— parece que ele se meteu em uma briga feia.
— Summer, devolve o anel dele— disse Barry, não se incomodando em virar de frente para a irmã para saber que o gesto não passava de uma desculpa para roubar o anel que Rafe carregava no dedo. 
— Ah, qual é! Ele não vai saber. Sabe quanta maconha da pra comprar com essa belezinha aqui?— summer balançava o anel nas mãos de forma divertida, como uma criança quando ganha um brinquedo novo.
— Não importa, não pode roubar dele. — Barry sentou-se com sua xícara de café no sofá ao lado do amigo e da irmã.
— E por que não?— perguntou Summer.
— Ele mora aqui agora, então trata de controlar essas suas mãozinhas de ladra, tá bom? — respondeu Barry, balançando suas mãos para frisar a frase "mãozinhas de ladra".
— E você acha mesmo que um kook vai morar aqui? no gueto? com um traficante e uma cleptomaníaca? — disse Summer, lançando um olhar sarcástico na direção do irmão.
Quem quer que aquele garoto fosse, ele não iria durar sequer 1 semana morando naquele lugar.
— Como você sabe que ele é um kook? — perguntou Barry.
— Olha pra ele, quem compra roupas assim? já viu algum pogue com essas roupas? essa camisa aqui deixaria nossa geladeira cheia de comida por meses — disse Summer, passando os dedos delicadamente pela gola da camisa de Rafe, procurando alguma etiqueta que indicasse que a camisa tinha custado muito caro. — Além da motocicleta lá fora, aposto que ele gastou o dinheiro do papai todinho comprando aquilo — continuou Summer, apontando para a entrada da casa onde a motocicleta de Rafe estava estacionada.
Com um suspiro, Barry levantou-se do sofá e arrastou os pés em direção à cozinha, deixando de modo implícito que não continuaria aquela conversa com a irmã. Summer acompanhou os passos do irmão pelo canto do olho e esperou até que ele desaparecesse pela porta da cozinha para voltar a sua atenção ao garoto deitado na sua frente.
— Muito bem, eu não posso roubar suas jóias, mas ele não disse nada sobre pegar algum dinheiro emprestado — ela sussurrou, colocando as mãos dentro dos bolsos dos shorts do garoto à procura de algum trocado ou da sua carteira. Quando finalmente encontrou, a garota soltou um gritinho em animação, o que foi o suficiente pra acordar Rafe do seu sono.
Ela observou enquanto o garoto lentamente abria os olhos e franzia as sobrancelhas, provavelmente tentando se lembrar de onde estava. Suas mãos pararam imediatamente nas suas pálpebras, tentando desesperadamente proteger seus olhos da luz do sol que entrava pelas janelas.
Summer esperou alguns minutos em silêncio até que ele notasse a sua presença ali. Quando finalmente tirou as mãos dos olhos, o garoto olhou todo o cômodo com uma expressão confusa, que logo se tornou em espanto ao ver a garota de cabelos negros que estava sentada à sua frente, lhe encarando com um sorriso nos lábios.

Kook Prince Where stories live. Discover now