Kook Prince

Summer

Summer debruçava-se na mesinha de centro da sala suja da sua casa enquanto escutava a discussão entre Rafe e Barry. Os dois garotos não haviam parado de falar por 1 minuto desde que os quatro haviam comprado alguns copo de café e vários bolinhos de queijo com bacon no restaurante do Bob para o café da manhã.

Summer sentia o seus olhos fecharem contra a sua própria vontade devido ao sono que dominava o seu corpo. As suas pernas tremiam de dor e ela podia sentir as câimbras surgirem ocasionalmente nas suas pernas devido ao enorme esforço de ter nadado contra a maré forte. Topper deitava-se confortavelmente no sofá, esfregando as suas têmporas enquanto encarava os dois amigos que gesticulavam em direção ao quadro encostado na parede suja.

— Eles não dão aulas de arte no exército, cara — gritava Barry, em um tom irritado.

— Escuta, eu sei, tá legal? — respondeu Rafe, frente a frente com amigo e demonstrando irritação — Só precisamos de alguém que saiba ler a pintura!

Topper se aproximou um pouco mais de Summer, ainda encarando os dois amigos.

— Do que eles estão falando? — perguntou Topper, em um sussurro para que apenas Summer pudesse ouvir.

— Eu não faço ideia — respondeu a garota, levantando o olhar para os dois garotos.

O grupo tentava decodificar as pinturas no quadro e criar um mapa para o tesouro escondido, sem sucesso. Acontece que as pinturas produzidas naquela época eram feitas à óleo e ingredientes naturais, como gemas de ovos e corante alimentício. O sal presente na água do mar foi o suficiente para corroer a maior parte das linhas dos desenhos que deviam ser importantes, e esse era o principal motivo pelo qual Rafe e Barry discutiam fervorosamente.

Summer encarou o relógio pendurado na parede, percebendo que já chegava a hora de tomar o seu usual caminho para o cais do gueto para mais um dia de trabalho. A garota debruçou-se novamente sobre a mesa, ignorando os gritos irritados do irmão e do namorado que ecoavam pela casa. Summer fechou os olhos por alguns minutos, sentindo uma onda de alívio percorrer pelo seu corpo e permitindo o seu corpo relaxar.

Ela não estava nenhum pouco disposta para trabalhar naquela manhã, mas não podia deixar os pogues nas mãos mais uma vez. A garota levantou-se e caminhou a passos arrastados até o seu quarto, passando pelos dois garotos e pegando a sua camiseta estampada e os seus óculos de sol em meio a bagunça da sua cama.

Topper observava a garota enquanto ela fazia o seu caminho até o quintal, sem se importar em se despedir de Barry e Rafe. Ela estava cansada demais para aquilo, e de jeito nenhum ela se meteria na briga dos dois. Topper a seguiu até o quintal, correndo para alcançá-la.

— Onde você vai? — perguntou Topper, colocando as mãos na cintura — Não vai me deixar sozinho para morrer com aqueles dois, não é?

Summer não conteve o sorriso que surgia nos seus lábios ao ver a expressão de preocupação de Topper. Assim como ela, o garoto também estava extremamente cansado: os seus cabelos loiros estavam totalmente desgrenhados, as olheiras embaixo dos seus olhos estavam escuras e a sua voz soava levemente arrastada.

— Vou encontrar os pogues — respondeu Summer, passando a camiseta estampada pelos braços — Nós trabalhamos fazendo entregas pela ilha durante a manhã.

Topper virou-se para trás, olhando a confusão que se passava dentro da casa por alguns segundos antes de se virar novamente para a amiga, exibindo a melhor expressão de cachorrinho que ele conseguia.

— Posso ir com você? —perguntou Topper, juntando as duas mãos como se estivesse prestes a rezar — Por favor!

Os olhos de Topper brilhavam na esperança de que a garota o deixasse ir. Summer não podia conter o sorriso ao imaginar o que os pogues diriam quando vissem Topper ao seu lado no cais, alegando que preferia passar parte do dia fazendo entregas pela ilha do que ficar em casa. Não tinha mal nenhum, aliás o garoto já havia feito amizade com os pogues há um tempo, e o grupo se divertia bastante juntos.