Summer

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Os ouvidos de Summer ainda doíam com o som agudo das balas que haviam sido disparadas pela sala. Suas mãos trêmulas pareciam não ter força, e ela sequer podia sentir o chão frio sobre o qual estava sentada. Sua mente, que outrora explodia em um turbilhão de pensamentos, estava totalmente congelada, como se as sinapses do seu cérebro tivessem recebido um choque tão forte a ponto de desligarem.

Summer encarava o homem com um olhar perplexo, sentindo o ambiente ao seu redor diminuir a velocidade e entrar em câmera lenta. De repente, nada parecia real, ou tudo parecia real demais.

— O quê? — foi tudo o que ela conseguiu dizer.

O homem a olhava com carinho, quase com um olhar paternal. Os seus cabelos brilhavam em tons castanhos, e os seus olhos eram tão escuros quanto os de Summer.

— Vocês não têm muito tempo — disse Arthur, o tom de sua voz firme — Apenas saiam daqui e não olhem para trás.

Summer continuava encarando o homem à sua frente, sentindo o seu coração bater tão rápido dentro do peito que ela podia sentir a sua pulsação doer em seus ouvidos. Arthur lançou um sorriso de compaixão em sua direção, e por um segundo, Summer sentiu as lágrimas pesadas e quentes preencherem a borda dos seus olhos.

Toda a vida que ela acreditara ser sua, todas as mentiras que sua mãe havia contado à ela e nas quais ela acreditara veemente haviam caído por água abaixo em questão de horas. As palavras de Limbrey ainda ressoavam em sua cabeça como uma voz perdida em uma caverna escura, ecoando sobre as pouquíssimas memórias que ela possuía do próprio pai e da própria infância.

Summer não sabia dizer quanto tempo passara ali, sentada sobre aquele chão gelado coberto de balas e corpos caídos até sentir a mão de Rafe agarrar o seu pulso, forçando-a a afastar a onda de questionamentos e sentimentos que invadiam a sua mente.

Summer não lutou contra as mãos de Rafe, ou sequer se importou com o fato de que os dois atravessavam a sala em meio à pilha de corpos. Ela sentia o sangue quente e viscoso molhar a sola dos seus pés à medida que ela desviava dos homens caídos no chão, agarrando-se à Rafe quando os seus pés deslizavam pelo líquido quente, fazendo com que ela perdesse o equilíbrio.

Rafe caminhava depressa, mantendo os seus olhos na enorme porta de vidro que se erguia à sua frente e que dava diretamente aos fundos da mansão. Summer virou o rosto em direção à sala, procurando pelo homem de cabelos castanhos. Mas ele já não estava mais lá.

— Por aqui — sussurrou Rafe, atravessando as portas de vidro e adentrando o quintal.

Summer teve de fechar os olhos ao sentir os raios quentes da manhã atingirem os seus olhos, e somente naquele momento ela lembrou de quantos dias havia passado de olhos fechados sobre uma cama no segundo andar.

A garota cambaleava atrás de Rafe, sentindo a grama macia e úmida do jardim molhar os seus pés, que deviam estar encharcados de sangue. Ela abriu os olhos novamente, piscando algumas vezes e limpando as lágrimas que escorriam pelas suas bochechas.

Rafe caminhava em direção à uma Nissan Rogue*, que estava estacionada de forma cuidadosa sob uma enorme árvore de damascos. O garoto olhou para trás, em direção às portas da mansão, procurando por qualquer pessoa que pudesse ter notado que os dois adolescentes haviam conseguido fugir, e que agora estavam prestes a roubar um dos carros chiques de Limbrey para dirigir até Outer Banks.

— Tá bom — disse Rafe, desviando o seu olhar para Summer — Entra no carro. Depressa!

Summer suspirou, tentando recobrar a própria consciência e sentindo uma onda de adrenalina correr pelas suas veias novamente. Ela estava prestes a abrir a porta do passageiro quando Rafe gritou de dor, levando as mãos ao abdômen e ajoelhando-se ao chão.

Kook Prince Kde žijí příběhy. Začni objevovat