Kook Prince

Summer

As docas estavam completamente vazias. Os holofotes que pendiam nos grandes postes de madeira eram a única fonte de iluminação no ambiente, colorindo a água calma do mar e os barcos parados em cores amarelas e verdes. Os pescadores só chegariam ali daqui há algumas horas para pôr em ação o trabalho de pesca, então Summer teria um bom tempo para ficar sozinha com Rafe.

Ela passou os olhos pelo ambiente, caminhando devagar pela passarela de madeira e chamando pelo nome do garoto baixinho, para o caso de mais alguém estar ali. Ela não duvidaria nada de que algum dos meninos tivesse seguido ela até ali.

Não foi uma tarefa fácil convencer os amigos de que ela tinha um compromisso àquela hora da noite, mas acabaram se distraindo com a pequena movimentação que se formava ao término do filme, e aquilo foi o suficiente para que Summer pudesse fugir. Não fazia mal, ela explicaria a história para os amigos depois.

— Rafe — ela chamava baixinho, apertando os olhos para tentar olhar os pontos mais escuro das docas. — Se você estiver brincando comigo, eu juro por Deus...

Alguém a abraçou forte pelas costas, envolvendo os braços na cintura da garota e levantando-a poucos centímetros do chão. Rafe a abraçou tão forte que ela sentiu o ar se esvair dos seus pulmões enquanto gargalhava alto. Ele a colocou de volta no chão, mas não se afastou, ele se permitiu ficar uns poucos segundos ali agarrado à ela enquanto ela retomava o ar.

Summer se afastou devagar, se virando para encarar o garoto. Rafe parecia lindo como sempre. A aba do boné que ele usava para trás permitia que a luz iluminasse o seu rosto, fazendo-o parecer um daqueles garotos populares que frequentam as festas de fraternidade na faculdade. A luz dos postes realçava o azul de seus olhos. Ele não fazia ideia de que sentia tanta saudade de admirar a beleza do garoto.

Aos poucos ela foi percebendo as pequenas falhas que haviam em seu rosto. Um hematoma arroxeado se espelhava pela sua bochecha, e os pequenos cortes nos seus lábios começavam a cicatrizar. Summer se lembrou da última vez em que havia visto Rafe: ele estava completamente acabado e machucado. Ela passou o dedo polegar delicadamente pelas cicatrizes nos lábios de Rafe, recebendo um suspiro do garoto em resposta.

— Tá tudo bem. — disse ele baixinho, perto o suficiente para que Summer conseguisse sentir a cerveja no seu hálito.

Ela continuou passando os dedos delicadamente sobre cada cicatriz que havia no rosto do garoto. Ele parecia não se importar, do contrário, demonstrava alívio ao sentir o toque das mãos de Summer.

Ela sentia o seu coração doer a cada batida, imaginando por quanta coisa o garoto havia passado nas mãos do pai.

— Você está bem mesmo? — perguntou Summer baixinho.

Rafe apenas acenou positivamente com a cabeça e se afastou, sentando num banquinho de madeira na parte menos iluminada do cais. Summer ficou de pé em frente o garoto.

— Ward me obrigou a voltar pra casa por um motivo. Ele quer que eu o ajude em um projeto em que ele tem trabalhado há meses. — disse Rafe, encarando o chão. — Eu concordei em ajudá-lo.

— Porque você faria isso? — perguntou Summer, franzindo as sobrancelhas e chegando para mais perto dele.

— Ele fez ameaças, Summer. — respondeu ele, sem olhar para ela.

— Que ameaças, Rafe? — a preocupação na voz de Summer era evidente.

— Isso não importa. — o garoto respondeu com um aceno de cabeça. — O que importa é que eu concordei com as regras dele. — ele fez uma pequena pausa e ergueu o olhar para a garota — Eu concordei em ficar longe de você.