Summer

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— Parece que essa casa fica mais vez mais assustadora a cada vez que eu venho aqui. — disse JJ, ajeitando o boné vermelho por cima dos cabelos loiros enquanto contemplava a mansão de aspecto abandonado à sua frente.

Já haviam se passado 10 minutos desde que os garotos haviam estacionado o carro nos fundos da casa, perto o suficiente dos portões que Summer havia derrubado na noite em que eles tentavam roubar o tesouro. Os raios do sol brilhavam por entre as frestas das folhas secas das enormes árvores que se erguiam sobre o carro, fazendo com que Summer levasse uma de suas mãos acima de seus olhos como uma espécie de viseira.

— O que será que aquela velha tá fazendo agora? — JJ recostou-se de volta no banco.

Summer deu de ombros. A casa parecia quieta, tanto quanto da última vez. Nenhum movimento ou luz acesa mostrava que alguém estava acordado, e a garota se perguntou se a velha Crain estava dormindo ou se, por algum milagre, ela teria saído de sua retidão aquela manhã para passear pela cidade.

— Talvez esteja dormindo. — respondeu Summer — Ou brincando com os gatos.

— Ou talvez ela tenha morrido e os gatos tenham comido o corpo dela. — disse Barry, que não desviou o olhar da casa.

JJ cruzou o seu olhar com o de Topper e de Summer, que estavam em completo silêncio após ouvirem as palavras de Barry.

— É só uma possibilidade. — Barry deu de ombros.

— Isso é um pouco mórbido demais. — disse Topper.

Barry virou-se para o caminho com o cenho franzido.

— "Mórbido"? — perguntou o garoto — Desde quando você usa palavras bonitas?

— O Pope me obrigou a escutar um poema inteiro que ele escreveu pra entrevista da faculdade. — Topper deu de ombros.

— Aí, cara! Eu odeio quando ele faz isso... — JJ sussurrou, concordando com Topper.

Summer suspirou, ajeitando os cabelos atrás da orelha. Ela esfregou as mãos suadas no vestido sujo e abriu a porta do carro, ouvindo os garotos fazerem o mesmo. Os seus pés descalços atingiram o chão lamacento e frio, a sensação viscosa do barro fazendo com que calafrios subissem pela sua espinha.

Barry e JJ caminhavam despreocupados até a carroceria do carro, levantando a lona pesada de couro e abrindo o porta malas. Pequenos fragmentos de joias haviam escapado das mochilas na qual os garotos haviam posto o tesouro, e brilhavam descobertos à luz do sol.

— Onde está o baú vazio? — perguntou Summer.

Barry apontou para um embrulho nos fundos da carroceria. Mais cedo naquela manhã, Summer havia se encarregado de tirar todas as joias do interior do baú de metal para colocá-las dentro das mochilas velhas que estavam espalhadas pelo seu quarto. O peso do baú havia diminuído consideravelmente com aquele plano, e a fragmentação das joias em mochilas diferentes havia facilitado o transporte do tesouro até o fundo do poço.

Barry, JJ e Topper haviam tomado para si cada uma das mochilas, pegando entre os dedos as joias que haviam escapado e guardando nos bolsos da camisa e das bermudas. Summer entrou na carroceria, sentando-se no convés e empurrando o embrulho de trapos velhos para fora.

O baú atingiu o chão com um baque surdo. A garota se arrastou até atingir o chão, tomando o objeto pesado sobre os braços e ignorando o esforço que ela tinha de fazer para segura-lo. Ela não lembrava do quanto a caixa de metal era pesada.

— Tá tudo bem aí? — perguntou JJ, que começava a perceber os pontos vermelhos surgindo nas bochechas da amiga.

— Uhum. — Summer acenou com a cabeça — Vamos?

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