Kook Prince

Rafe

Rafe abriu a porta do quarto de Summer com cuidado, mantendo os olhos vidrados na namorada, que continuava sentada na cama, os seus braços agarrados aos seus joelhos. O olhar de Summer parecia vazio, como se a garota estivesse perdida em meio à um turbilhão de pensamentos que rodavam em sua mente. Ela sequer percebeu a presença de Rafe até que o garoto caminhasse até a cama, sentando-se ao lado dela.

— Tá tudo bem? — perguntou Rafe, a voz suave e gentil.

Eles haviam feito todo o trajeto de Charleston até Outer Banks em silêncio absoluto, e nenhum dos pogues havia sequer feito menção em tocar no assunto sobre a fotografia do pai de Summer. Eles deviam saber que aquele era um assunto delicado, e provavelmente esperariam até que Summer começasse a falar sobre aquilo por vontade própria.

— Eu tô confusa, Rafe. — disse Summer, encarando o vazio à sua frente, sem fazer menção de olhar para o namorado — Eu mal conheço o meu próprio pai, e de repente, encontro uma fotografia dele e de outra mulher que não é a minha mãe.

Rafe apenas voltou o olhar para encarar o chão aos seus pés. Ele não conseguia imaginar o misto de sentimentos que a namorada devia estar sentindo naquele momento, e ele se sentia péssimo em não saber o que dizer diante da situação. Ele nunca fora bom em confortar as pessoas, mesmo as que ele mais amava.

— E ela estava grávida — continuou Summer, levantando o olhar para Rafe — Eu não sei. Acho que não consigo parar de pensar na possibilidade de que eu possa ter um irmão ou irmã e não saiba disso.

Rafe abriu a boca para falar, mas parou repentinamente. Talvez aquele não fosse o melhor momento para dizer que Carla Limbrey havia comentado no escritório de Ward que possuía uma sobrinha. Summer parecia abalada demais com a possibilidade de ter uma meia irmã ou um meio irmão, e ele esperaria o momento certo para trazer aquilo à tona.

— Eu só queria que ele estivesse vivo — disse Summer, a voz carregada de tristeza — Eu poderia perguntar à ele sobre isso.

Rafe continuava a encarar a namorada, percebendo o brilho das gotas de lágrimas que inundavam os olhos de Summer e ameaçavam rolar pelas suas bochechas. Rafe moveu-se sobre a cama, chegando perto de Summer o suficiente para colocar a cabeça da garota sobre o seu peito. Summer suspirou profundamente ao sentir o calor do corpo de Rafe, como se aquilo a confortasse. 

Rafe não sabia o que dizer, e por alguns minutos eles apenas ficaram ali, abraçados sobre a cama em silêncio. Ele entendia que deveria ser uma situação difícil de lidar, e desejava poder fazer qualquer coisa que pudesse mudar tudo aquilo. Os seus dedos acariciavam os cabelos macios de Summer, enquanto os seus lábios beijavam a cabeça da garota de forma gentil.

— Eu sim que sim. Infelizmente, tem coisas que não podemos mudar, por mais que a gente tente — disse Rafe, a voz tão suave e compreensiva que até mesmo ele ficara impressionado consigo mesmo — Mas eu estou aqui, e sempre estarei aqui por você pra qualquer coisa que você precisar.

Summer levantou a cabeça, levando os seus olhos  castanhos até o rosto do namorado. Lágrimas rolavam pelas suas bochechas, e a ponta do seu nariz começava a tomar um tom vermelho, assim como a região embaixo dos seus olhos. Ela parecia uma garotinha assustada e indefesa, confusa demais para sequer pensar direito. Ela tinha o olhar de uma criança que acabara de presenciar o mundo à sua volta desmoronar diante dos seus olhos.

Rafe não conteve as próprias emoções, e levou os seus dedos até o rosto da garota, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e acariciando as suas bochechas de forma delicada, como se ela fosse uma boneca de porcelana.

— Você promete? — perguntou Summer, a voz soando como um pedido desesperado.

— Eu prometo. — respondeu Rafe, agarrando a mão da garota e entrelaçando o dedo mindinho dos dois.