Summer

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Summer corria rapidamente de volta até o galpão, iluminando o chão aos seus pés e passando os olhos de forma rápida pela vegetação que crescia em meio a lama.

— Droga, onde foi que eu deixei? — Summer sussurrou para si mesma.

Era extremamente conveniente perder o anel que Rafe dera a ela como um presente de natal logo no meio da lama, e justo no momento em que todos já haviam decidido voltar para o gueto. Os garotos descansavam na kombi estacionada há poucos metros da entrada da propriedade.

JJ e John B. se enchiam de batatinhas e água após terem de carregar o baú de ferro por vários metros, e apesar de não ter sido tão difícil, o cansaço de uma longa noite sem dormir começava a correr pelos corpos dos garotos.

Summer se sentia da mesma forma, e ela podia sentir o cansaço bater ainda mais forte em seu corpo diante do pensamento de que teria de lavar os cabelos e passar pelo o menos 3 horas no banho para retirar aquele cheiro podre do corpo. Ela teria de jogar as roupas e os tênis fora, mas não fazia mal, Rafe a compraria novas. Pelo o menos, era o que ele havia dito.

— Não demora! — ela ouviu a voz de Sarah soar longe.

Summer apenas ergueu as mãos ao alto, voltando a sua atenção ao chão. Ela rodeou o galpão abandonado, a luz da lanterna que ela carregava em suas mãos sendo a única fonte de luz no ambiente. Ela se sentia uma idiota, para dizer o mínimo. A simples ideia de perder aquele anel a deixava ansiosa, com medo, a fazia se sentia uma completa irresponsável.

— Muito bom, Summer — ela sussurrou com sarcasmo para si mesma — Muito bom mesmo.

Ela parou repentinamente quando a luz da sua lanterna focalizou um pequeno objeto brilhante no chão, escondido em meio às plantas que cresciam de forma nada uniforme entre a lama. Isso!

Ela se curvou ao chão, pegando o anel nas mãos e colocando-o de volta no seu dedo. Uma sensação de conforto preenchia o seu peito ao observar o anel brilhando em sua mão. Não importava quantas vezes ela olhasse para ele, ela sempre sentiria a mesma alegria que sentira quando abriu aquela pequena caixinha na sala de John B., na véspera de natal.

Summer estava prestes a se virar e caminhar novamente até o carro quando sentiu uma mão agarrar o seu pulso de forma firme. Ela se virou com um supetão, os seus pés e cada fibra dos seus músculos congelando ao perceber que se tratava da Sra. Crain.

A Sra. Crain encarava a garota com um olhar curioso, como se estivesse estudando não só o seu rosto, como também a sua alma e os seus pensamentos. Os olhos da mulher, Summer percebeu, eram brancos como a luz da lua, e os seus cabelos grisalhos a faziam parecer um fantasma em meio aquela escuridão.

Summer queria gritar, correr, se soltar da mulher. Mas ela não conseguia. Uma onda de medo repentina a impedia de sequer se mover do lugar em que ela estava.

A mão ossuda e gelada da Sra. Crain apertava o punho de Summer com uma força assustadora, com uma urgência inexplicável. A mulher continuava encarando-a com aquele olhar assustador, as suas sobrancelhas levemente franzidas em confusão.

— Filha de Caríbdi — a voz da Sra. Crain soava grave e seca, como se as suas cordas vocais estivessem velhas demais para produzir qualquer som — Não tem ideia do que acabou de fazer.

Summer continuou onde estava. Ela não tentava se desvencilhar das mãos da mulher, ou sequer fazia menção de correr para longe. Ela podia sentir cada osso do seu corpo transformar-se em pedra, e de repente, ela se sentia plantada ali, sem saída. Summer engoliu em seco.

— Me solta — pediu Summer, a voz suave apesar da ansiedade — Não viremos mais aqui, eu prometo.

— O garoto de cabelos e olhos claros — continuou a mulher, ignorando Summer — Você o matou.

Summer balançou a cabeça em confusão. A Sra. Crain parecia velha o suficiente para ter delírios da idade, mas havia firmeza em sua voz. Ela sabia do que estava falando, e um sentimento no interior de Summer tinha certeza de que a mulher não estava delirando.

— O quê? Eu não matei ninguém — disse Summer, tentando puxar o próprio punho para si — Eu não fiz nada. Por favor, não chame a polícia!

Gotas geladas de suor corriam pela testa da garota. A luz do luar agora estava mais intensa, e iluminava perfeitamente a face ossuda e fantasmagórica da Sra. Crain. De repente, o ambiente ao seu redor se tornou silencioso, e Summer sequer conseguia ouvir o canto das cigarras que habitavam a mata da propriedade. Era como se, naquele momento, existisse apenas elas duas.

— Ainda não — disse a mulher, agarrando o pulso de Summer com ainda mais força — Mas você irá. Você será a responsável pela morte de Rafe Cameron.

Summer arqueou as sobrancelhas. A simples menção do nome de Rafe fez surgir em seu peito uma urgência em correr, e com apenas um puxão, ela se soltou das mãos da Sra. Crain.

Summer atravessava a propriedade a passos largos, correndo a toda velocidade que conseguia como se estivesse em uma competição. Seu coração batia de forma acelerada, seus pensamentos estavam confusos demais para que ela conseguisse discernir algo em sua própria mente.

Os garotos levantaram-se com um sobressalto ao ver a garota correr pela propriedade, e com apenas um "Vai, vai, vai" de Summer, todos entraram no carro.

Kook Prince Where stories live. Discover now