Capítulo 8

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Me beije fora de tempo. Me toque e minha pele queimará.

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Os segundos que precederam aquele beijo foram mágicos.

Maria não teve certeza quando sentiu uma vontade crescente de ser beijada, não só ser beijada, mas ser beijada por ele.

Seus olhos não o miravam da mesma forma. Não queria expulsá-lo dali, não queria xingá-lo ou esmurrá-lo, apenas queria que ele a prendesse em seus braços e tirasse todo seu ar.

Mas ele não o fez, não da forma que ela queria.

Estêvão pegou sua mão e beijou a ponta de cada dedo. Envolveu sua cintura e dizimou a nada o espaço que os separava – um pequeno gesto que fez a respiração dela acelerar. Maria quase gritou para que ele se achegasse ainda mais. O desejo pulsava, e esse sentimento a assustava.

Estavam num encaixe perfeito. Estêvão conseguia sentir a forma frenética como seu coração batia, a forma como seu peito subia e descia com ímpeto. Teve vontade de fazer mil coisas com ela ali mesmo, e não estava nem aí para as consequências.

Deus do céu, como uma mulher podia fazê-lo sentir tantas coisas em tão pouco tempo? Ele se perguntava a todo tempo o que Maria tinha de especial para causar nele coisas que nem ele mesmo podia explicar.

Uma de suas mãos foi subindo pelas costas e parou bem no meio, a outra enluvou o cabelo de Maria e então tomou seus lábios no beijo mais intenso que já teria provado.

Não foi um beijo doce, como pensou que seria o primeiro dos dois, mas foi um beijo quente, urgente e nada gentil.

Maria, dominada por um sentimento estranho, percorria as costas de Estêvão, ainda meio hesitante, e parou bem na sua nuca. Mas não foi suficiente para ela.

As mãos avançaram para cima, de modo que passou a puxar, a bagunçar todo o cabelo de Estêvão. Ela estava insaciável. Queria poder dizer que não, mas Estêvão dava a ela sensações que ela desconhecia.

Não era um simples beijo. Não era um toque comum... Ele não era comum. Ele tirava seu chão da mesma forma que tirava sua paciência, e esse equilíbrio fazia-a querer se jogar ainda mais sobre aquele mar.

Após alguns minutos, ela o afastou, mesmo visivelmente contrariada.

­― Eu preciso entrar – ela disse, sem ter a certeza se era mesmo isso que queria.

Maria passou por Estêvão na intenção de adentrar à casa, porém suas mãos estavam entrelaçadas. Ele não a soltou, e seus olhos em nenhum instante perderam aquele contato.

― Maria?

― Hum?

― Será que você poderia me dar o seu número?

― E para quê você quer meu número?

Claro que ela sabia para quê, mas não ia perder a oportunidade de alfinetá-lo.

― Ora – foi o que respondeu, olhando-a como se sua pergunta fosse um completo absurdo.

― Ora? – ela riu. – Não seja afoito, Estêvão San Roman – ela encurtou o espaço entre eles, falando num tom um pouco mais sério, mas sem perder a graça – a qualquer hora você pode receber uma mensagem minha – deu uma piscadela travessa.

Maria tentou se soltar a fim de entrar, mas Estêvão não permitiu, ao contrário, grudou seus corpos uma vez mais.

― Meu nome soou como uma música na sua boca. Repete para mim, vai.

Sintomas de AmorWhere stories live. Discover now