Capítulo 36

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"O amor é eterno – a sua manifestação pode modificar-se, mas nunca a sua essência... Através do amor vemos as coisas com mais tranquilidade, e somente com essa tranquilidade um trabalho pode ser bem-sucedido.”

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A vida perfeita existia e Maria estava degustando, saboreando cada segundo dela.

Tudo estava dando certo, tudo mesmo. Mesmo quando se arriscava na cozinha num prato totalmente desconhecido, saía com uma vitória. A culinária não era sua melhor amiga, mas a vida resolveu lhe sorrir de tal forma, que até aquilo que não era perita, fazia com maestria.

Às vezes, em silêncio, ela pensava se realmente merecia tudo aquilo. Estava vivendo seus melhores dias, tinha os melhores sorrisos, motivos de sobra para agradecer... Seu coração estava leve. O único medo que ainda povoava sua mente era de que tudo aquilo fosse um sonho, e que a qualquer hora ela acordaria.

O relógio estava prestes a bater meio-dia. Maria acabara de voltar do horário de almoço e tudo estava na mais perfeita ordem. Não fazia nada de extrema importância, apenas coisas corriqueiras.
A calmaria era tão grande, que ela se assustou quando ouviu umas batidas na porta.

— Entra – disse ela sem ao menos olhar na direção da porta.

A porta se abriu e Maria arregalou os olhos. Quando viu Carol acompanhada por Helena, seus neurônios deram curto, já que a menina – uniformizada – deveria estar no colégio naquele horário.

— Olá, tia – ela se achegou à mesa com um sorriso de quem aprontou ou estava prestes a aprontar.

— Posso saber o que estão fazendo aqui? – a testa franzida indicava que seu humor acabara de mudar. – Helena, não era para estar na escola? Não vai me dizer que foi suspensa.

— Ainda não, tia – respondeu ela, naturalmente.

— Ainda não – Maria apenas balançou a cabeça numa negativa.

— Fica tranquila, Maria – rindo, Carol passou a dizer – Estêvão que pediu que liberassem a Geleia mais cedo.

— Para quê? – agora suas sobrancelhas arqueadas indicavam que ela já não entendia mais nada.

— Temos uma surpresa para a senhora – a mais nova esfregou uma mão na outra radiante.

— Surpresa?! – ela olhou as duas, desconfiada. – Hoje nem é meu aniversário.

— Mas vai ter surpresa sim.

Helena foi até ela e a puxou pelo braço, para que se levantasse. Maria não relutou. Mesmo sem entender bulhufas do que estava para acontecer, pegou sua bolsa e se deixou ser guiada pela menina.

— Posso saber pelo menos aonde vamos?

— Não! – Carol e Helena esbravejaram ao mesmo tempo.

— Ok, tudo bem – ergueu os braços se rendendo. – Então vamos lá, vamos saber o que estão aprontando.

...

Enquanto Carol e Helena se divertiam com todo aquele suspense, Maria surtava. Todos seus demônios interiores vieram à tona, e não demoraria muito para que as duas se vissem vítimas dos possíveis ataques.

— Vocês não vão mesmo dizer aonde estamos indo? – já no carro de Carol, ela perguntou; estava a um passo de uma crise de nervos.

— Não – Helena cantarolou no banco de trás.

— Fica calma, Maria, já, já chegamos.

Maria bufou. Desistiu de insistir, pois percebeu que não arrancaria nem uma vírgula delas, nem mesmo se prometesse a elas céus e terra.

Sintomas de AmorOù les histoires vivent. Découvrez maintenant