Capítulo 10

352 24 66
                                    

“O beijo mais gostoso é aquele que foi trocado mil vezes com os olhos antes de chegar à boca.”

****

Como Maria mesmo havia dito, tivera muitas noites de insônia, e por mais que lhe custasse acreditar, não foram noites de total desprazer, já que um certo alguém ocupava sua memória e era o motivo de seus sorrisos.

Enquanto o sono não vinha, ela se lembrava da reviravolta que acontecera em sua vida. Contudo com o passar dos dias, esses momentos trágicos que vivera em seu casamento iam perdendo a força e cada vez aumentava as proporções de Estêvão em seus pensamentos. Se recordava das coisas que ele lhe dizia com carinho, de suas brincadeiras (que algumas vezes eram totalmente sem graça, mas ainda assim, a fazia rir) e do beijo, o único beijo que trocaram, mas que havia a marcado tanto, e a fazia pensar o quão poderoso poderia ser um simples beijo.

E ali estavam ambos, novamente repetindo aquele ato que tanto os tocou e, intimamente, se questionando o porquê de tanta demora em tornar a fazê-lo.

Maria havia se perguntado algumas vezes – em suas intermináveis noites em claro – como seria beijar Estêvão San Roman outra vez. Seria mágico como a primeira? A deixaria sem ar de novo? Faria desejar repeti-lo?

E todas as respostas foram nítidos e audíveis “sins”.

Maria iniciara o beijo, mas logo deixou claro que ela queria que ele a conduzisse, e foi o que ele fez.

Quando Estêvão levou sua mão à nuca dela, com a habilidade de um homem que sabe exatamente o que quer, trazendo-a mais para si, Maria quase sucumbiu por inteiro. O beijo, que começara de forma gentil e suave, logo se tornou quente e arrebatador.

A cada segundo Maria descobria que os lábios de Estêvão tinham poder sobre ela, muito poder. Por onde passavam, a incendiavam por completo. Sua orelha, pescoço, ombro e a parte desnuda do colo estavam em chamas.

Ela nem o questionou quando ele dizimou o espaço que ainda havia entre eles, fazendo-a sentar sobre suas pernas. Ela pôde sentir o quanto mexia com ele, o quanto ele a queria, quando ele a pressionou contra a prova de seu desejo por ela. Um arrepio prazeroso percorreu todo seu ser, e mais que isso, sentiu um calor crescente em cada poro do seu corpo.

― Estêvão... – ela gemeu seu nome, ao senti-lo deixar beijos cálidos e abruptos em sua orelha.

― Ah, Maria...

Ela o sentiu sorrindo, e adorou a forma como dissera seu nome.

Aquela onda de desejo, prazer e carinho faziam Maria se sentir viva, como não se sentia há tempos. Achava que tudo estava perfeito em seu casamento, mas foi só um certo sem noção cruzar seu caminho para perceber que, o que vivia com Luciano, havia estacionado.

Estava em êxtase por vivenciar coisas que havia se esquecido. Sua vida tomara um rumo que jamais imaginara, como se estivesse pausada e de repente o play fosse apertado e o jogador fosse diferente, melhor, com mais paixão.

Eles encerraram o beijo, não porque quiseram, mas por que sabiam que era o mais sábio a fazer.

Estêvão enterrou seu rosto na curva entre o pescoço e o ombro, e sentiu mais uma vez aquele perfume que amava, simplesmente por ser o cheiro dela.

...

Alguns minutos depois de a pressão baixar e as respirações se aquietarem, eles se olharam (ou quase isso, já que ainda estavam com as luzes apagadas) e sorriram, apenas sorriram um para o outro. Estêvão acariciou seu rosto, e em silêncio, a tomou no seu abraço mais forte, e ali ela ficou escondida durante algum tempo. Era o que ela precisava, só não sabia expor em palavras.

Sintomas de AmorDonde viven las historias. Descúbrelo ahora