Capítulo 28

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“No chão uma lágrima caiu. Foi dor, Foi desgaste na alma. Foi o coração que se partiu."

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Se Carol tivesse dito aquela frase minutos antes de Helena virar fumaça, certamente Maria faria questão de erguer a voz, esqueceria todos seus modos e educação e falaria mais alto que todos, mas àquela altura estava sem forças.

Havia gastado toda energia que tinha, e até mesmo a energia extra procurando por sua protegida, então, para sorte de Carol, ela seria obrigada a levar aquela conversa civilizadamente, mesmo que lá no fundo sua vontade fosse de agredi-la verbalmente.

Ela terminou de descer os degraus, passou pela recém chegada, tomou seu assento, cruzou as pernas e passou a encará-la cheia de pose, como se estivesse por cima da carne seca (o que não era bem verdade), e só então falou:

— Seja breve.

Carolina não era o tipo de mulher que se sentia intimidada por outras pessoas, nem mulheres e nem homens, mas naquele dia estava.

Ela deu alguns passos em direção à dona da casa, e como não recebeu o convite para se sentar, permaneceu de pé.

— Acho que te devo uma explicação – disse, olhando Maria nos olhos. – Sei que deve estar pensando o pior de mim, e não é para menos.

— Quer saber a verdade, Carol? Esses dias você nem tem passado pela minha cabeça, tenho tido tantos problemas que nem tenho pensado muito naquele assunto.

Não era totalmente verdade, nem era totalmente mentira. Com o sumiço de Helena, Maria teve pouco tempo para pensar no que viera antes, mas exagerou quando disse que os assuntos do coração eram de total insignificância.

— Entendo – assentiu, balançando a cabeça. – Mas enfim, não tenho pregado o olho esses dias, e sei que isso não vai acontecer enquanto não tivermos uma conversa.

— Olha, Carol...

— Espera, Maria – a cortou, dando um passo à frente – deixa eu falar primeiro. Desde que soube que o cara de quem você falava e o cara de quem eu falava eram a mesma pessoa, sabia que tinha que abrir o jogo com você – foi dizendo ela de uma só vez, desrespeitando toda a pontuação. – Minha consciência me dizia o tempo todo para eu dizer a verdade – terminou sua fala cabisbaixa.

— Mas parece que você não a ouviu, não é? – arqueou uma sobrancelha. – Por favor, Carol, sente-se, você está me deixando nervosa já.

Ela o fez.

— No começo, claro que tive um pouco de ciúmes – seu lábio se esticou num sorriso sem graça. – Foi difícil ouvi-lo se referir a você como o amor da minha vida – gesticulou no ar. – Qualquer uma na minha posição ficaria da mesma forma, afinal, ninguém gosta de ser trocada. Você passou por isso, sabe bem como é esse sentimento.

Carol estava tão nervosa que parecia ter esquecido como fazer uma tarefa tão simples como respirar.

— Você sabe que são duas situações totalmente diferentes entre si, não é?

A visita soltou o ar que estava preso nos pulmões durante um tempo que ela não fazia ideia.

— Sim, eu sei. Você tem razão de estar chateada, mas quero deixar claro que, as vezes que disse que te tinha como uma grande amiga, não menti – novamente ela passou a falar apressadamente. – E quando disse para se afastar dele não foi por despeito, foi por que não queria que ele se decepcionasse quando descobrisse que... bom – pigarreou, freando suas palavras – que você não é tudo o que ele sonhou – dito isso, ela baixou os olhos.

Sintomas de AmorWhere stories live. Discover now