Capítulo 20

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Estas alegrias violentas têm fins violentos.
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora, que num beijo se consomem.”

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Com o fim da calmaria de domingo, veio a correria de segunda-feira.

Estêvão e Maria não se falaram mais depois que ele saiu de sua casa. Suas suspeitas de que havia algo de errado com ele se concretizaram quando, de dez em dez minutos, olhara o celular na expectativa de alguma notificação. Em seus dias normais, ele sempre a surpreendia com suas mensagens cheia de detalhes. Ela dizia que não era surpresa nenhuma, mas seu coração sempre dava pulos.

Mas não aconteceu nada disso no domingo. Nem mensagens, nem coração alvoroçado.

Porém ela não se abateu – não muito. No dia seguinte eles iriam conversar e se acertar. Não havia nada que uma conversa madura não resolvesse.

A manhã estava na metade e, embora Maria estivesse atolada de trabalho, não se esqueceu que necessitava falar com Estêvão.

― Alô, Cléber, Estêvão já chegou?... Ainda não?... Tudo bem, quando ele chegar, peça que venha à minha sala com urgência... Obrigada.

Maria desligou o telefone com um suspiro desolado. Ele nunca faltara o trabalho, tinha que fazer isso justamente naquele dia?

Estava contando com a sorte. Ele só estaria atrasado, afinal, o trânsito é sempre muito imprevisível.

Tentou tirar seus pensamentos dele e focar no trabalho. Teria conseguido, se não fosse a entrada repentina de Danilo.

― Bom dia, Maria Mole! – disse ele animado, com o sorriso sobrando em seus lábios.

Maria riu do seu bom humor em excesso. Que bom que alguém naquela sala estava leve.

― Queria entender porque você sempre entra dando bom dia, sendo que tomamos café juntos não tem uma hora – brincou.

― Ah, só quero que seu dia seja bom – deu de ombros repousando as mãos na cadeira desocupada. – Tenho duas notícias para você – disse batendo palminhas na frente do rosto. – Uma boa, que talvez você não goste muito, e a outra é maravilhosa.

Maria mal deixou que ele terminasse de falar e saiu do seu lugar, puxando-o até as poltronas que haviam ali.

― Estou implorando por boas notícias. Vai, fala.

― Primeiro a boa não tão boa. Consegui finalmente alugar um apartamento e pretendo me mudar hoje ainda – mostrou a ela todos seus dentes perfeitos.

O semblante dela mudou no mesmo instante.

― Ah, não, Dani, não acredito que você vai embora.

― Não faz assim, Maria Mole – pegou a mão dela e a beijou – você sabia que esse dia chegaria mais cedo ou mais tarde.

― Chegou cedo demais – recolheu a mão com o rosto torcido.

Ele riu.

― Não seja rabugenta – segurou sua mão mais uma vez, mesmo contra sua vontade. – O prédio fica perto da sua casa, vamos poder nos ver sempre.

― Não é a mesma coisa – disse tristonha. – Não sei por que a pressa de sair de lá, você sabe que todos amamos sua presença.

― Eu sei, meu amor, mas quero ter o meu canto. Quero poder andar pelado pela casa sem correr o risco de que o tio Vicente me veja e fique com inveja de mim.

Sintomas de Amorजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें