Hoje, segunda-feira, um dia nada agradável para levantar da cama. Estava com um ar gracioso e doce, não acordei com visões, não chorei durante a madrugada, como chorava todas as passadas no meio do frio que fazia em minha cama. Hoje o dia está mais alegre e eu disposta a ir trabalhar, passear no parque e ir ao shopping, aliás, eu nunca ia ao shopping, nunca saia de casa, aos 34 anos estou finalmente começando minha vida.
Aos dezoito anos de idade tive minha primeira visão. Ela se passava em uma casa humilde e com cortinas amarelas nas janelas. Dentro da casa, tinha uma família: um pai, uma mãe e também uma garota de cabelos castanhos. Eles estavam na cozinha para tomar seu café da manhã, quando a cozinha foi tomada por chamas. A garota conseguiu correr aos gritos para tentar chamar por ajuda e quando voltou, era tarde demais, a casa rapidamente foi engolida pelas chamas e ela caiu de joelhos, gritando por seus pais.
E eu acordei no meio da noite, tremendo e suando frio, gritei em meio as lágrimas por minha mãe. As visões não eram sonhos, eram rápidas e aquilo me assustava, depois de uma semana saia nas manchetes dos jornais: "Família tem casa destruída por incêndio. Apenas uma sobrevivente, uma garota de dezesseis anos." .
Levantei cambaleando e esfregando meus olhos, minhas olheiras estavam sumindo, aquelas mancham roxas e profundas deixaram de atormentar meus dias, agora não uso tanto a maquiagem para esconder meu humor, faço minha higiene matinal e coloco minha roupa do trabalho, uma calça jeans e uma camiseta social, eu trabalho em uma cafeteria, minha mãe ainda me ajuda com o que pode e eu ajudo em sua cafeteria, sirvo as mesas e às vezes ajudo na registradora quando ela está ocupada. Desci as escadas e tomei meu café da manhã, peguei meu carro e fui direto para a cafeteria, cheguei alguns minutos adiantada, eu não gostava de chegar atrasada em qualquer lugar.
—Bom dia Danielle! -Minha mãe me cumprimentou com um beijo no rosto e eu a abracei, um abraço apertado para demonstrar o quanto eu estava bem naquela manhã. —Você está bem?
—Sim, mama! Não tive minhas visões à semana toda. -Ela sorriu com meu entusiasmo, deixando um beijo nas costas da minha mão e eu fui ajeitar as máquinas de café, limpar as geladeiras e as máquinas de sorvete. Mais adentro ficava a cozinha, essa parte não é comigo, odeio quentura.
—Já irei abrir a cafeteria, prepare tudo por aí. - Falei na abertura feita para passar os pedidos e coloquei meu avental, esperando os clientes chegarem.
