Capítulo 01 - parte 1

79.5K 5.2K 231
                                    

Essa obra é dedicada a Juliana Cardoso Fiori e a pequena princesa Thamara, agora um anjo.

------------------------------------------------------------

APENAS 7 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

ESTE LIVRO POSSUI UMA NOVA EDIÇÃO COM NOVA REVISÃO, PORÉM, A VERSÃO POSTADA AQUI AINDA É COM A PRIMEIRA REVISÃO. SERÁ ATUALIZADO EM BREVE.

----------------------------


Foi um acidente tê-lo conhecido, mas foi escolha minha procurar por ele depois. Claro, eu nunca poderia imaginar que as coisas chegariam ao ponto que chegaram. Que minha impulsividade, somada à determinação dele, nos fariam percorrer esse caminho de pedras. Richard Becker é louco, possessivo e apaixonante. Não pense que é um bom homem com uma mente fodida, não, ele não é bom. É mau, um homem amargo e egoísta, mimado e cruel. E o pior, ele sabe exatamente o que fazer para ter o que quer, e contra isso, não há como lutar.

Sexta-feira, dirigia meu Uno Mile vagarosamente. Havia acabado de sair do trabalho, um bar chamado Hot Point, sei que o nome é sugestivo, mas é apenas um bar com uma pequena danceteria. Para a pequena cidade de Caxambu, ele era o point. Meu turno começava à meia-noite e acabava por volta das sete e meia da manhã, quando pegava meu irmão na casa de Stacie, a bondosa vizinha que tomava conta dele durante a noite, e o levava para a escola. Se fosse do trabalho a pé para casa, não daria tempo de levar Ben à escola, ele tinha uma bolsa de estudos em um colégio particular num bairro distante, mas valia o esforço, era um excelente aluno.

Achei que isso fosse justificativa suficiente para o fato de eu estar dirigindo meu carro, às sete e meia da manhã, mesmo sem ter dormido nas últimas 48 horas. Confesso, estava mais dormindo do que acordada. Foi então que dei uma olhada rápida no celular em cima do banco, ele havia caído em um dos buracos do estofamento do meu carro. Sem tirar a mão esquerda do volante, diminuí para 30 km/h e com a mão direita, comecei a tatear o buraco no banco à procura dele. Quando finalmente o encontrei, a hora marcada nele me surpreendeu, já eram sete e quarenta e oito. "O quê?", gritei sozinha no carro. "Droga!", não entendi como o tempo passou tão rápido, Ben chegaria atrasado por minha culpa, e ele era bolsista, não podia dar-se ao luxo de chegar atrasado. Rapidamente, pisei fundo no acelerador e o carro deu um solavanco para frente, bem no momento em que reparei que o sinal estava fechado e dois homens de ternos elegantes atravessavam a rua. Nem deu tempo de procurar o freio antes que o carro atingisse o primeiro homem, derrubando-o, mas sem muita força. Meus pés finalmente alcançaram o freio e parei o carro sem conseguir me mover. A confusão de gente em volta do homem caído aumentava, enquanto as batidas do meu coração também. O outro homem que estava com o acidentado, era alto, elegante e me olhava com olhos furiosos, era como se estivesse gritando para mim: "Você está ferrada!". Reuni toda a coragem que me restava e tirei o cinto de segurança, respirando fundo mais umas dez vezes antes de tomar coragem para abrir a porta.

Desci, e assim que coloquei todo o meu peso sobre minhas pernas, senti que elas estavam moles como gelatina, e tive que me apoiar no carro. Enquanto me aproximava do homem caído, sendo observada por todos à sua volta com olhares acusadores, comecei a mentalizar o mais forte possível: "Não esteja embaixo do carro, por favor, esteja respirando..." Percebi que alguns garotos riam da minha cara e relaxei, "se estão rindo não deve ter sido tão grave". Tomei um impulso e passei de uma vez para a frente do carro, e só então comecei a ouvir as coisas à minha volta, os cochichos das pessoas, o barulho dos carros que buzinavam e mais alto que tudo isso junto: os gritos histéricos do homem. Ele estava sentado, seu impecável terno cinza, todo amarrotado. Ele consertava a manga da blusa enquanto tentava se levantar, mas o outro homem engravatado, o de terno azul marinho, que me olhara feio, não o deixava se mexer enquanto ligava frenético para um hospital. Senti minha voz sumir e minhas pernas tremerem ainda mais ao me aproximar do atropelado.

Redenção - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now