Capítulo 07 - parte 2

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Na manhã seguinte, Ben parecia bem melhor. Embora tivesse recebido ordens médicas para ficar na cama, corria pela casa inteira e insistia em ir para a rua. Por volta das duas da tarde, Christopher apareceu em minha casa com um sorriso travesso nos lábios e um brilho nos olhos.

— Você vai adorar a surpresa que preparei para você. Isso é, se for realmente corajosa como acho que é.

Eu sorri com o entusiasmo dele.

— Adoraria descobrir sua surpresa, mas não posso sair hoje, preciso ficar de olho no Ben.

— Você pode levá-lo.

— Ele não pode fazer muito esforço.

Christopher passou o braço pela minha cintura, sorrindo.

— Senhorita, para onde vamos, tenho certeza que ele vai ficar louco só de olhar, e não vai ter coragem de fazer com a gente.

Meus olhos arregalaram.

— Para onde vamos, afinal? Já te aviso que não sou tão corajosa.

Por fim, Christopher conseguiu me deixar curiosa o suficiente para vestir Ben e levá-lo com a gente para o lugar misterioso.

Ao chegar ao local, Ben logo demonstrou seu entusiasmo com o que veria, e como Christopher dissera, não teve coragem nem de chegar muito perto.

Mas lá estava eu, no alto de uma montanha sendo amarrada nas coxas por um desconhecido, ele era o instrutor e estava garantindo que eu estivesse segura quando saltasse da asa delta. Evitei olhar para baixo para não desistir em cima da hora, era uma coisa que eu sempre quis fazer e era a oportunidade perfeita. Mesmo porque eu saltaria com um profissional, o que me deixava mais tranquila. Só quando percebi Christopher se amarrando atrás de mim, entrei em pânico.

— Aonde você vai?

— Vamos pular de asa delta, esqueceu? — falou sorrindo.

— Eu não vou pular com você, eu quero um instrutor profissional.

Christopher deu gargalhadas.

— Eu sou profissional, Gabriella.

— Desde quando?

— Salto desde pequeno, acha mesmo que eu arriscaria nossa vida assim?

Assenti.

— Você é um Becker, eu espero qualquer coisa de você.

Ele sorriu mais ainda.

— Não se preocupe, eu detesto meu irmão, mas não pretendo matar a namoradinha dele.

Fiz uma careta pela forma como ele falou de mim.

A sensação de voar era de total liberdade, como se eu pudesse fazer qualquer coisa, o vento forte soprava meu rosto e era como se o mundo estivesse me acariciando e dizendo que não havia limites. Fechei os olhos, os braços abertos, por um momento esqueci tudo que me atormentava nos últimos dias, queria ficar muito mais tempo, mas o torpor de uma experiência inesquecível foi acabando conforme a asa delta foi descendo. Quando abri os olhos e olhei para o chão, o pânico tomou conta de mim e comecei a me balançar.

— Fique quieta! Quer que nós dois espatifemos no chão? — gritou Christopher.

— É exatamente para onde estamos indo! — gritei.

— Eu sei aterrissar, Gabriella. Por que não confia em mim pelo menos uma vez?

Conforme a asa delta foi virando para aterrissar, percebi algo brilhando abaixo de nós.

Redenção - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now