Capítulo 06 - última parte

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A noite no Hot estava animada e a casa cheia em dia de sábado, como eu já estava acostumada. Conforme o bar ia enchendo, o calor ia ficando mais insuportável. As pessoas mais impacientes e alguns clientes bêbados o suficiente, mais pegajosos. Às duas da manhã já estava contando os minutos para ir embora, precisava urgentemente de um banho e minha cama. Não tinha dormido nada na noite anterior pensando em uma maneira de seduzir Richard Becker, e agora estava pagando por ficar pensando nele. Meu corpo e mente estavam tão cansados, que eu mal prestava atenção no que estava fazendo. Foi quando percebi que alguém gritava comigo:

— Eu não te pedi vodca! Eu pedi absinto! Qual o seu problema?

O homem alto e moreno estava histérico por meu erro, olhei em meu bloco de notas e na verdade eu nem tinha anotado nenhum pedido para a mesa dele. Devo ter me lembrado que ele pedira alguma coisa, mas não me lembrara o que ele havia pedido.

— Desculpe-me senhor, vou trocar o pedido.

Peguei o copo com a vodca, mas ele arrancou o copo da minha mão e o virou de uma vez na boca. Depois bateu com ele na mesa.

— E esse você não vai cobrar! — exigiu.

Sem abaixar a cabeça, peguei calmamente o bloco de notas e anotei o número da mesa e o valor da bebida e fui saindo, mas ele segurou meu pulso olhando a anotação no bloco de notas.

— Você não me ouviu dizer que não vou pagar essa bebida? Por que anotou?

— Se o senhor não sabe, quando um cliente entra em um bar e toma uma bebida, ela é cobrada. É assim que os comércios funcionam. Nós não distribuímos bebidas, nós as vendemos. Bebeu, pagou — respondi.

Ele olhou para minhas pernas e me arrependi de ter ido com um vestido tão curto.

— E isso só se aplica às bebidas, porque quando comemos aqui, as meninas saem de graça — falou me olhando maliciosamente.

Eu ia responder, mas uma voz séria e ameaçadora fez isso por mim.

— Eu tenho certeza que ele não quis dizer isso, não é mesmo Montovani?

O homem arregalou os olhos para a pessoa atrás de mim e me soltou imediatamente. Olhei para trás e avistei Richard com a expressão fechada, assustadora. Por um momento, senti uma onda de medo ao vê-lo tão ameaçador.

— Eu não emprego pessoas de mau caráter em minhas empresas, Montovani, será que me enganei com você?

— Não, senhor.

Entendi de imediato o medo na voz do homem, era empregado de Richard.

— E o que está esperando para pedir desculpas à senhorita Gabriella?

— Me desculpe, senhorita, não tive a intenção.

— E o dinheiro da bebida que consumiu, Montovani? Tenho certeza que o que te pago dá para bancar sua diversão.

— Claro, senhor — respondeu ele retirando uma nota de cem e me entregando. — Pode cobrar da mesa inteira — disse sem olhar para meu rosto.

Fui ao caixa cobrar a bebida e quando retornei, ouvi apenas o final do que Richard estava falando.

— Acho que vai ser ótimo para você ir para casa agora, já que acaba de ser escalado para trabalhar amanhã.

O homem arregalou os olhos.

— Mas amanhã é domingo, senhor!

— Sim, esteja lá às sete horas em ponto.

O homem pegou o troco da minha mão e saiu cabisbaixo.

Redenção - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now