Capítulo 01 - parte 2

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Ele me encarou com o bico já conhecido de quando estava chateado.

— Você se atrasou, Gabriella, de novo! — resmungou enquanto entrava no carro.

— Desculpe, querido, mas você vai chegar para o segundo tempo e eu vou conversar com sua professora. E se você se comportar e tirar esse bico, eu acho que podemos fazer um festival de sorvete lá em casa hoje, o que acha?

Os olhinhos verdes dele brilharam e um sorriso enorme surgiu em seu rosto. Estava perdoada.

Após deixar Ben na escola e me desculpar com a professora, corri para a casa. O que eu mais queria na vida era deitar em minha cama e esquecer o mundo, mas não podia. Tinha uma coisa muito importante a fazer, precisava me desculpar com o homem que havia atropelado aquela manhã. Tomei um longo banho, lavei os cabelos a fim de me livrar do cheiro de cerveja e o prendi em um coque. Vesti minha roupa mais respeitável, uma saia social acima do joelho com um pequeno rachado no lado direito, bem discreto. E uma blusa branca social que era bem velha, mas que eu amava. Olhando-me no espelho percebi as olheiras em volta dos meus olhos, tentei disfarçá-las com um corretivo e lápis de olho, mas ainda estavam bem visíveis. "Como se ele fosse reparar muito em mim", pensei. Então juntei o que ainda tinha na carteira e saí para executar meu plano de desculpas.

Na floricultura, comprei um arranjo de flores que não era muito feminino, mas elegante. Não era muito caro, nem barato. Era um arranjo de cravos amarelos e tulipas coloridas. Então, caminhei até o grande edifício, antes de a porta abrir ao detectar minha presença, respirei fundo e entrei novamente. O homem de terno vinho levantou os olhos para mim e olhou sua revista novamente, então, olhou novamente para mim e pareceu surpreso. Aproximei-me com um sorriso tímido.

— Boa tarde, gostaria de ver o senhor Richard Becker, por favor.

Ele me encarou contendo um sorriso.

— A senhorita marcou hora?

"Droga!", sorri amavelmente lendo o nome dele em seu crachá.

— Desculpe senhor Da-my-an-der-son... — parei de falar e olhei para ele esperando que ele corrigisse seu nome, mas ele apenas me encarou de má vontade, que espécie de nome era aquele? — Senhor Damyanderson, eu não marquei hora.

— Então sinto muito, senhorita?

— Gabriella — respondi achando meu nome de repente simples demais.

— Senhorita Gabriella, mas se não tem hora marcada, não poderá ver o Sr. Becker. Ele é um homem muito ocupado.

— Entendo, mas é que o senhor Becker foi muito gentil comigo esta manhã e gostaria de lhe retribuir o favor.

Damy-alguma-coisa me encarou surpreso:

— O senhor Becker e a palavra gentileza não combinam, senhorita. Tenho certeza que está falando do homem errado. Acaso não se refere ao senhor Christopher Becker, irmão de Richard?

Fiquei confusa, havia dois Becker na cidade? Como eu saberia qual eu havia atropelado?

— Não sei — respondi, eu já havia feito o cartão para Richard Becker, teria que comprar outro. — Qual deles entrou aqui esta manhã?

— De manhã? Então deve ser mesmo o senhor Richard, o senhor Christopher nunca acorda cedo.

— Sim, ele foi atropelado esta manhã e eu...

— Atropelado? Ah sim, então estamos mesmo falando do senhor Richard. Ele ficou de mau humor hoje o dia inteiro, sabe, com o humor pior do que já tem normalmente.

Redenção - DEGUSTAÇÃOTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon