Capítulo 05 - última parte

54.1K 4.8K 248
                                    

Quando o dia estava amanhecendo, acabamos de arrumar tudo, eu já estava morta. Pensei em Richard, ainda lá, com cara de sono, arrumando as cadeiras em seus devidos lugares. Eu iria para a casa dormir, mas ele ainda tinha um dia de trabalho pela frente. Não entendia onde ele queria chegar bancando o bonzinho daquele jeito, ainda achava que ele estava aprontando alguma coisa. Aproximei-me dele com um copo de café que eu havia passado na área de funcionários. Ele sorriu ao tomar.

— Adoro o seu café — comentou.

Sorri também.

Quando saímos finalmente, ele destravou o alarme do carro e me olhou.

— Será que posso te levar em casa?

Percebi que ninguém o aguardava no carro e me lembrei que ele havia dado a noite de folga para Charles. Ele percebeu que eu procurava alguma coisa e sorriu.

— Saudade do Charles, Gabriella? Porque se estiver, eu vou ter que mandá-lo para o outro lado do mundo.

O encarei surpresa e entrei no carro. Richard resmungou por eu não ter esperado que ele abrisse a porta para mim. Ligou o rádio e uma música lenta tocava. Eu fechei os olhos, mas tive de abri-los antes que adormecesse. Olhei para ele para me certificar que ele não estava dormindo ao volante. Ele sorriu.

— Eu não sou você. Não saio por aí atropelando os outros quando dirijo com sono.

Dei de ombros e ele apertou meu ombro como aviso para que eu parasse de fazer aquilo.

— Se bem que, se você não fosse tão barbeira, não teria me atropelado e eu não teria te conhecido.

Olhei para ele nervosa, meu sono até dispersou.

— Eu não sou barbeira!

— Claro que não. Você não conseguiu frear um carro que estava quase parado. A que velocidade estava? Dez quilômetros?

Fiz uma careta para ele e me recostei novamente no banco. Avistamos Stacie e Ben no ponto de ônibus e ele fez a volta parando o carro em frente a eles. Ben rapidamente pulou no carro enquanto Richard abria o teto solar para que ele pudesse ficar de pé.

Richard fez questão de levá-lo até a escola e entrar para conhecer a professora e a diretora. Enquanto ele fazia isso, senti meu coração apertar no peito. O que ele pretendia? Criar laços com a diretora nova para aprontar de novo? Mas ele parecia preocupado, realmente interessado com o bem-estar de Ben. Deixou claro que qualquer coisa que precisasse em relação a ele, ela deveria avisá-lo e que ele era o responsável por Ben e não Christopher.

Stacie me encarou sem entender o que estava acontecendo e eu apenas dei de ombros, também não entendia nada. A diretora ficou me analisando e olhando para Richard. Eu bufei, será que as pessoas sempre reagiriam desse jeito ao nos ver juntos? Qual era o problema de um homem rico e lindo como ele se interessar por alguém como eu? Finalmente ela se aproximou de mim e perguntou baixo:

— Como está o Christopher?

Richard me olhou imediatamente esperando minha resposta.

— Eu não o vi desde aquele dia, mas acho que está bem.

Ela assentiu e se afastou quando Richard aproximou-se de mim passando o braço em volta da minha cintura de forma que deixasse claro que eu estava com ele e não com Christopher.

— Achei que o teatro só começaria a noite — comentei baixinho.

Ele apenas revirou os olhos.

Quando encostou o carro em frente à minha casa, começou a falar animado:

— O seu vestido vai chegar por volta das dezessete horas e você deve estar pronta às dezoito horas, eu venho te buscar.

Redenção - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now