Capítulo 03 - última parte

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   À noite no Point, assim que cheguei, as meninas se aproximaram empolgadas e saltitantes.

— Bella! Richard Becker!

— Não acredito que fisgou esse partido!

— O que ainda está fazendo aqui?

Joguei minha bolsa e meu casaco em cima do balcão e me virei para elas.

— Como vocês puderam deixar um estranho me levar embora desmaiada? E se ele fizesse alguma coisa comigo?

Layla e Dayse se olharam surpresas pela minha reação.

— Mas ele disse que era seu namorado — justificou Layla. — Eu queria que ele fizesse alguma coisa comigo.

— Ele mentiu! É só o que ele sabe fazer! Nunca mais deixem que ele sequer se aproxime de mim se eu não estiver em condições de me defender.

— Se defender? Gabriella! Ele é o homem mais lindo, sexy e rico do mundo. Qual o seu problema? Ele poderia mentir para mim o quanto quisesse se fosse meu — falou Dayse.

— Você é mesmo louca! — concluiu Layla e as duas saíram pisando duro.

Ótimo, e a louca era eu, por não querer nada com o monstro Becker. E ainda havia brigado com duas amigas por causa dele. Trabalhei sentindo um peso incomum no peito, queria ir embora dali, dormir com Ben. Mas não podia. Não podia descontar mais nada do meu salário.

Por volta da meia-noite, meu coração acelerou e uma sensação de medo me invadiu, levantei os olhos e avistei Richard sentado em uma mesa num canto com um homem desconhecido. Ele me olhava daquele jeito estranho, possessivo. Fingi que não o conhecia e continuei servindo as mesas, pedi a Deus que ele não me pedisse para servir a mesa dele. Ele ficou por volta de uma hora no bar e em momento nenhum se dirigiu a mim, Layla e Dayse se sentaram ao redor dele cheias de charme, mas ele continuava olhando fixamente para mim, já estava começando a me sentir incomodada. Então ele chamou por Carlo. "Droga", sibilei. Ele me chamaria para servi-lo, me ofereceria para ele. Carlo se aproximou de mim com uma cara de culpa.

— Gabriella, querida! Devia ter me dito que não estava se sentindo bem. Pode ir embora, os outros dão conta do recado.

Olhei em volta, o bar estava cheio.

— Não precisa, Carlo. Obrigada.

— Pode ir, querida. Richard disse que não dormiu durante a tarde, não quero que tenha uma síncope aqui. Vá com seu namorado e descanse um pouco.

— Carlo, realmente não precisa.

Senti o braço de Richard em volta da minha cintura, não olhei para ele.

— Se ela for embora, será descontado do salário dela? — perguntou ele.

— Não! Claro que não! Se for por isso que não quer ir, fique tranquila — garantiu Carlo para impressionar Richard, então tirou meu avental, pegou meu bloco de notas e saiu.

Permaneci imóvel, sequer tirei o braço de Richard da minha cintura. O que ele queria? Agora estava dando uma de bonzinho? Tentando me ajudar? Fingindo que se importava? Ele deve ter percebido meu choque, pois me soltou e se prostrou à minha frente levantando meu queixo.

— Eu não quero machucar você, Gabriella. Sei que causei a impressão errada, não te culpo por me odiar, você é só mais uma.

Senti uma pontada de dor em sua voz quando disse aquilo.

— A senhorita Saviero me ligou e pediu que cuidasse bem de você. Vá para a casa, Charles vai levá-la, está te esperando com o carro lá fora. — Ele retirou do bolso um cartão e me entregou. — Por favor, assim que chegar me ligue, me dê um toque se não quiser falar comigo, só para eu saber que Charles a levou direto para a casa.

Redenção - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora