Capítulo 03 - parte 2

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  Senti meu corpo sacudir e então despertei, não queria abrir os olhos, estava em algum carro, ouvia o barulho leve de pneus no asfalto e sentia o balançar gostoso de uma viagem lenta. Estava recostada em alguma coisa, braços em volta do meu corpo me segurando, aquecendo, protegendo, tateei levemente e senti que era alguém, eu estava nos braços de alguém, em algum carro. Então abri meus olhos de repente.

— Calma! Está tudo bem, você apenas dormiu — sussurrou Richard tranquilamente enquanto me libertava de seus braços.

Sentei-me atordoada. Como viera parar aqui? Para onde estaria me levando?

— Onde estamos?

— Está tão bêbada que não reconhece? Estamos na sua rua, chegando à sua casa.

Olhei pela janela e avistei a casinha amarela de Margô, uma vizinha. Respirei aliviada.

— Onde achou que estivesse? — perguntou-me ele divertido.

Dei de ombros e olhei para a rua.

— Detesto que façam isso — reclamou ele do meu gesto. — Eu só trouxe você porque praticamente desmaiou no bar. Como pode ver estou te levando em casa. Deveria me agradecer.

Ele estava certo, me fizera um favor. Da última vez que isso havia acontecido, os meninos do bar não conseguiram me carregar para a casa e me deixaram dormir no chão do bar mesmo. Por falar no bar, como eles puderam permitir que Richard simplesmente me levasse embora desacordada? Iria ter uma conversa séria com eles!

— Eu não pedi para fazer isso — respondi por fim sentindo-me uma criança pirracenta.

Ouvi sua risada.

— Claro que não, acho que jamais pediria.

O carro parou em frente a minha casa, procurei ansiosa a maçaneta da porta, mas por algum motivo ela não abria. Olhei para ele irritada.

— Quer destravar essa porta! — exigi.

Ele mantinha um sorriso divertido no rosto e olhava para as pernas.

— Por que tanta pressa? Com medo de alguma coisa? — falou elegantemente passando o braço por cima de mim e abrindo a porta com toda facilidade.

Reparei que se demorou após ter aberto a porta, o corpo bem próximo ao meu, seu perfume já estava me tirando da realidade quando ele, de repente, se afastou. Apressei-me em descer do carro, minha cabeça doía, antes que terminasse de colocar os dois pés no asfalto, Richard estava ao meu lado e me pegou no colo. Comecei a gritar:

— O que pensa que está fazendo? Coloque-me no chão agora!

— Você não está em condições de andar — repreendeu-me.

Comecei então a bater a mão em seu peito, mas estava fraca, cansada, acredito que ele nem estava sentindo a dor, contudo esse gesto de recusa pareceu irritá-lo. Ele me colocou no chão. Assim que tentei caminhar, senti que minhas pernas não tinham firmeza alguma e bambeei para frente, quase caindo, e rapidamente ele colocou os braços na minha frente me segurando.

— Deveria deixar você cair! — sibilou com raiva.

— Ainda não estou te pedindo ajuda.

Ele me olhou com olhos intensos, estava realmente irritado.

— Charles! — gritou e rapidamente o assustador homem de terno azul apareceu e me levantou do chão.

Ele estava mesmo com raiva? Por que eu pedi que me colocasse no chão? Como era temperamental esse Richard!

Redenção - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora