CAPÍTULO 18

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Me sinto bem em não participar de nada.
Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo.
Gosto de me sentir estranho a tudo...
~Charles Bukowski

**AMBER**

Encaro novamente meu reflexo no espelho sujo do banheiro da escola, enquanto fazia minhas mãos tremidas limparem minhas lágrimas.

Essa é a segunda crise de pânico que eu tenho hoje. Penso cansada.

Fiquei 40 minutos dentro desse banheiro tentando controlar essa crise. Eu não estou aguentando mais. Simplesmente não consigo mais acordar de manhã e pensar se esse vai ser mais um dia comum ou se algum amigo meu vai tomar um tiro hoje. Não dá mais.

Eu não aguento mais acordar aos gritos. Não aguento mais ver mortes e dor na minha cabeça. Não aguento mais o olhar de preocupação de meu tio. Não aguento a ideia de que desde que eu cheguei aqui só trouxe problemas para a gangue. Não aguento nem mesmo a ideia de dormir uma noite inteira.

Nunca pensei que a ideia de deitar em uma cama fosse tão pavorosa assim.

Eu estou farta! Estou farta disso, de sempre ter os mesmos pensamentos, de sempre me lamentar sobre as mesmas coisas, de me sentir a vítima.

Eu odeio isso! Pensei enquanto taquei a barra de sabonete que eu tinha em uma das mãos na pia.

Por que eu saí da cama hoje? Justo hoje?

Até meus sentimentos são uma mistura confusa e desmantelada, eu sinto ódio, rancor, dor, arrependimento, sinto culpa. E isso está me corroendo!

Batidas fortes surgiram na porta no mesmo instante.

Merda! Por que eu escolhi usar logo as cabines unissex?

Esfreguei as costas das mãos nas bochechas tirando o excesso dos rastros das lágrimas, apesar de não tirar todos. Respirei fundo destrancando a porta e escondendo minhas mãos tremidas nos bolsos.

Mais batidas na porta.
Que se foda minha aparência, se for algum aluno da Phillipez, duvido que repare na minha aparência de qualquer jeito.

Abri a porta da cabine com rispidez, e logo de cara percebi que meu erro foi abri-la. Porque é Carter que está na minha frente agora. Vendo meu estado após uma longa e cansativa crise.

- Bom dia senhorita Lewis. - ele disse com um sorriso que foi se desmantelando quando ele encarou meu rosto - Você está bem?

Ignorei ele. Eu já estou zangada e magoada suficiente. Não preciso se um psicólogo atestando isso também.

- Espere Amber - ele disse passando a minha frente e me parando.

Ele não encostou em mim, o que eu agradeço muito por isso, eu com certeza poderia cair no choro novamente, se alguém invadisse meu espaço pessoal.

- Você claramente não está bem, deixe-me ajudá-la.

Eu não queria, não queria aceitar a ajuda dele. Mas senti que outra crise estava vindo, e eu com certeza não quero passar por uma crise de pânico no meio do corredor do colégio.

Segurei o choro e assenti para Carter. Ele assentiu em sincronia e me conduziu rapidamente até sua sala não muito longe de nós.
Ótimo nenhum estudante da Phillipez no caminho.

Carter abriu a porta da sala e me conduziu até o sofá no canto do quarto.

A sala estava diferente da última vez que eu entrei aqui. O quadro no canto da sala tinha sumido, e agora no lugar estava esse sofá - bastante confortável por sinal - e uma poltrona acolchoada, onde provavelmente Carter atende seus pacientes de forma mais confortável.

Os Segredos de Amber Lewis - 1ºLivroOnde histórias criam vida. Descubra agora