CAPÍTULO 10

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⚠️esse capítulo apresenta gatilho de estupro⚠️

O sangue gera parentesco,
mas somente a lealdade nos torna uma família
~ a autora não sabe kkk

**AMBER**

Acordei antes do relógio novamente, mais uma noite não tão bem dormida, mas acho que não posso reclamar, nenhum pesadelo, nenhum surto a noite dessa vez. Apenas um cansaço extremo em mim. Mas mesmo assim eu me levanto da cama e começo a me aprontar para a escola. Não chega a ser nem 5h da manhã quando coloco meus pés para fora de casa.

Caminho até a cafeteria como normalmente faço, em silêncio, e infelizmente sem música hoje, o que me faz odiar mais o dia que ainda nem começou. A caminhada até a cafeteria é um pouco longa, e eu odeio longas caminhadas. Elas me fazem pensar muito na minha vida, e pensar na minha vida é tudo que eu não queria fazer hoje.

Por isso tenho tentado evitar quaisquer pensamentos sobre a consulta de dois dias atrás. Talvez eu tenha sido um pouco grosseira com o Carter, talvez possa ter me excedido um pouco, é o trabalho dele fazer observações, de qualquer forma talvez eu peça desculpas a ele na próxima consulta se eu realmente chegar a ir nela.

Talvez eu deva ir, talvez eu deva chegar nele e contar tudo o que já passei, mas e inegável dizer que tudo aquilo ainda me atormenta, um tremor sobe pela minha coluna ao me lembrar apenas de pequenas partes de tudo o que sobrevivi.

Sempre fomos só eu e minha mãe sozinhas, meu pai morreu muito cedo, pouco depois que nasci, Câncer. Acho que minha mãe nunca se recuperou completamente da perda de seu grande amor. Tudo o que eu ainda tenho dele são seus antigos diários, acho... Acho que ele já previa o que ia acontecer com ele, talvez por isso tenha deixado tantos diários para mim.

Então minha família por muito tempo, foi apenas eu e minha mãe. Ela não era a mãe perfeita como aquelas mães dos filmes da Disney, mas ela colocava comida e luz em casa, independente do que fizesse para conseguir o dinheiro para isso. Minha mãe nunca se importou realmente em cuidar de mim ou me dar uma noção do que era educação. Por isso ela me deixava longos períodos na escola, e as vezes, me esquecia lá por horas. Eu não me importava muito, não na época pelo menos, porque na escola eu tinha água, banheiro limpo, comida e atenção.

Por isso nunca me acostumei com a ideia de falar dos meus sentimentos para alguém. De deixar as pessoas saberem o que realmente eu passava, nunca tive ninguém para ocupar esse papel, o papel de alguém que se importa.

Não demorou muito para minha mãe começar a trazer seus namorados para casa, homens da pior espécie possível, sempre, cada um mais nojento que o outro, bêbados, apostadores, viciados, eu não sei até hoje o que ela via naqueles sujeitos, era sempre igual, ela sempre se entregava de corpo e alma a eles aquela estranha relação que eles tinham, mas eles a comiam e a descartavam depois de algumas semanas como quase sempre, e a culpa por esses términos repentinos sempre caiam sobre mim.

Ela me culpava por sua infelicidade, sua falta de amor, de dinheiro, pela falta de meu pai. Eu não dava tanto ouvido a isso quando era criança, ela quase sempre falava isso quando estava bêbada de qualquer forma. Com o tempo passado, quando eu já estava um pouco mais velha, eu diria com uns 10 anos, eu comecei a trabalhar nos faróis perto de casa para juntar dinheiro para as compras da casa.

Já que minha mãe começou a gastar toda a grana do trabalho em drogas para ela, e eu me lembro de não saber o que aquilo era na época ou o mal que aquilo fazia, ela parecia bem com aquilo, eu a deixava usar porque pensava que a fazia bem.

Os Segredos de Amber Lewis - 1ºLivroWhere stories live. Discover now