CAPITULO 11

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Muitos humanos são monstruosos
e muitos monstros sabem se fazer de humanos
~ V. A. Vale

**AMBER**

Não sei a que ponto chegamos a isso, mas esse já é o terceiro sinal vermelho que ultrapassamos e o ponteiro do relógio da velocidade no painel do carro não para de subir.

- Amber, você sabe que sempre apoiei você sem pestanejar, de olhos vendados até! - ele exaltou tencionando as mãos envolta do volante - Mas, eu acho que eu preciso saber o motivo de já ter ultrapassado três sinais vermelhos e de ter tomado pelo menos uma multa de velocidade no carro da Micaela.

Ele está nervoso, eu posso ver isso. Eu acho que eu também estaria, se algum amigo maluco meu mandasse eu dirigir como um raio até um asilo no subúrbio da cidade sem me dizer nem uma palavra sobre isso.

- Estamos indo ver minha mãe. - eu respondi virando minha cabeça em sua direção.

Ele pareceu paralisar toda aquela corrente de nervosismo na mesma hora, ele afrouxou as mãos no volante quando voltou a me encarar. Seus olhos estavam arregalados, e eu sabia muito bem o que dúvidas eles traziam com eles.

- E-eu achei que ela estivesse desaparecida, até mesmo morta. Como assim, estamos indo vê-la?

Para todos, a minha mãe tinha sumido depois que eu fui para o reformatório, e na verdade foi isso mesmo que aconteceu.

Mas eu não deixei essa ser a única explicação para o sumiço da minha mãe.

Não!

Eu procurei por ela, logo depois que sai do St. Monica, na verdade. E felizmente eu a achei, só não do jeito que eu esperava.

- Eu não consegui aceitar o fato dela ter simplesmente desaparecido, não depois de tudo. Resolvi procurar por ela, logo depois que eu fui embora. - eu comentei voltando a encarar a rua, que nenhum de nós dois estávamos olhando a um bom tempo, mesmo estando em um carro em movimento. Jesus vez o mesmo que eu.

- De qualquer forma eu não a encontrava de jeito nenhum. Eu precisei cobrar alguns favores para encontrá-la. E só consegui achá-la seis meses depois. Do outro lado do país! - minha cabeça pendeu para lado só de lembrar como foram estressantes todos aqueles meses.

- Me diga que esses favores não são o que eu estou pensando. - fechei os olhos com pesar
É claro que são.

- Eu tive que cobrar muitos favores de alguns informantes que eu conheci nos meus tempos de reformatório. - eu disse receosa, porque eu sabia a reação que Jesus teria.

- Você disse que nunca mais ia mexer com isso! - ele esbravejou batendo na lateral do volante enquanto mudava a marcha do carro.

E eu entendia isso. Eu realmente tinha prometido nunca mais cobrar os favores das pessoas que me deviam. Jesus achava que não era bom para mim continuar mexendo com aquelas pessoas. E ele estava certo, a certo ponto. Mas era da minha mãe que estávamos falando! A mulher que me criou com tudo que tinha, mesmo sendo pouco.

- Guarda, so cosa ho detto! Ma è mia madre Jesus! (olha eu sei o que eu disse! Mas é a minha mãe Jesus!) - eu esbravejei também batendo as mãos em minhas pernas - Você queria que eu apenas a esquecesse? - eu questionei o encarando, Jesus bufou e seu maxilar ficou mais rígido.

- Você e essa sua obsessão de sempre querer cuidar das pessoas! Devo lembrá-la que tudo que você passou, aconteceu pelo simples fato, de sua mãe, não perceber os tipos de caras que ela trazia para dentro da sua casa?

Não acreditei quando as palavras deixaram sua boca, não depois de tudo que contei a ele, não depois de tudo o que passamos por todos esses anos. Nem ele mesmo parecia acreditar nas palavras que disse.

Os Segredos de Amber Lewis - 1ºLivroWhere stories live. Discover now