CAPÍTULO 1.5

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Capitulo revisado [✔️]

Estou despertando da noite mais longa da minha vida,
e não vejo o sol há anos
~ Meu corpo minha casa, Rupi Kaur

**AMBER**

Antes...

Por que parece que eu estou destinada a ser aquele tipo de pessoa que sempre vai estar marcadas pelas cicatrizes que carrega?

Toda pessoa tem cicatrizes, isso é um fato.
Porém o tipo de cicatriz que eu estou falando, neste momento, é outra. As cicatrizes que me refiro, são aquelas que escondemos no fundo da nossa mente, aquelas que são tão bem guardadas quanto nossos maiores segredos.

Eu sou uma pessoa cheia de cicatrizes.
Não estou falando apenas dessas cicatrizes que ficam escondidas no fundo do nosso ser. Não, desde os meus 7 anos de idade, eu sou uma lutadora. Eu sempre lutei contra tudo o que pudesse ferir a mim ou a minha mãe.

E eu sei que pode parecer loucura, afinal, como uma garota de 7 anos pode tomar conta dela e de uma mulher adulta que tem total conhecimento das suas escolhas?

E é aí que está. Dificilmente, eu diria que minha mãe tinha total conhecimento das suas escolhas. Para uma mulher que me teve com 15 anos, no fundo de um vagão de metrô abandonado, eu diria que até que eu e minha mãe até que duramos muito no mundo sem que nenhuma de nós morrêssemos ou por inanição.

A verdade é que minha mãe me amava demais para a própria segurança, então, com o tempo, quando as coisas começaram a ficar difíceis, quando começamos a passar fome pela falta de comida nos armários, minha mãe começou a arranjar qualquer trabalho que conseguisse para colocar comida na nossa mesa. Esses trabalhos, às vezes incluíam se envolver com a pior espécie de caras que estivesse disposto a pagar por sua companhia.

E a julguem o quanto quiser, mas isso botava comida na nossa mesa e um teto na nossa cabeça, mas se vocês acham que ele não pagou por 'se vender' assim, podem acreditar, ela pagou esse preço, bastante. Eu também paguei.

Tive uma infância muito complicada, para dizer mínimo. Dos meus 7 aos 15 anos, toda minha vida foi marcada por monstros, dos piores que se pode imaginar, monstros que conseguiram me calar com um tapa mais vezes do que minha mãe me abraçou em toda a minha vida. Ninguém deveria ver o que eu já vi.

Posso dizer que, por viver em um inferno como aquele por 8 anos, me rendeu muitas cicatrizes, das mais simples e rasas até as mais complicadas e nos lugares mais profundos.

Às vezes, pensar sobre isso pode me tornar o pior tipo de companhia possível, aquela autodestrutiva. O que o poder da mente pode fazer com as pessoas é algo insano, é o que o famoso ditado diz, de muita corda para uma pessoa e ela se enforca, por isso evito o máximo não pensar no assunto. Porque quando isso acontece, eu penso que sou apenas uma garota de 17 anos que já viu mais do que alguém com o triplo da minha idade e já passei por mais coisas do que uma pessoa normal viveria em três vidas....

Mais cicatrizes....

Desvio meu olhar da janela, agora com a luminosidade acinzentada do céu, para o interior do pequeno quarto, agora ainda menor, já que, agora sou obrigada a dividi-lo com o meu mais novo companheiro de cela, o novato.

Encontrei o mesmo deitado sobre outra cama de metal do lado oposto do quarto, com os olhos fechados, em uma posição que fazia parecer que ele tinha acabado de cair de um prédio. Suas pernas formavam um emaranhado de nó na cama, debaixo daquelas cobertas fajutas, uma de suas mãos estava pendurada para fora da cama, seu rosto, apoiado no braço que saía da cama, ainda sim parecia bem tranquilo em relação ao que estivesse sonhando.

Os Segredos de Amber Lewis - 1ºLivroDove le storie prendono vita. Scoprilo ora