CAPÍTULO 8

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"Você fez uma escolha que eu não faria, isso não te torna pior.
Mas inevitavelmente, nós torna diferentes"
~Charles Bukowski

**AMBER**

Charles Bukowski uma vez disse "São poucas as coisas que ainda acho suportável".

Eu consigo entender essa frase de tantas maneiras incompreensíveis, lendo cada espaço entre as palavras como se fosse um abraço caloroso de um ente querido.

De longe um dos meus poetas preferidos.

Apesar de muitos não gostarem do jeito que Charles interpreta o mundo, ou pela forma da sua escrita bastante coloquial, sem contar suas temáticas, de caráter muito obsceno. Foi exatamente isso em Charles me fascinou, sua escrita.

Ele escrevia sobre as questões de classe, a conformidade e a rebeldia, temas que chamam à reflexão, mas também relacionava com a futilidade, vagabundos de rua ou prostitutas. Bukowski falava sobre a vida de maneira crua e simples como ninguém. Da parte feia e bonita da vida, sem medir suas palavras.

Bukowski não era alguém perfeito, mas eu também não sou. Acho que foi isso que me ligou a ele de uma forma tão profunda que ainda me surpreendo quando acho uma citação dele que se encaixa perfeitamente com o que eu estou pensando.

Hoje como é de se ver eu acordei muito mais poética que o normal, e sempre que isso acontecia Bukowski era minha salvação. A verdade é que a frase que citei de Buk no começo "São poucas as coisas que ainda acho suportável" está sendo minha verdade crua do dia.

Como sempre, eu acordei de mais um pesadelo hoje, mas sinto que de alguma forma eles estão piorando cada vez mais.

Antes eu costumava a ver só um tipo de assombração por sonho. Na maioria das vezes era com o meu padrasto, apenas memorias dolorosas que ele estava presente. Outras vezes eu sonhava que estava de volta no St. Monica, e via as piores coisas que eu e meus amigos passamos. E isso, reviver esses momentos, está me deixando cansada, está me matando aos poucos.

Caminhei tão atordoada na minha mente que nem reparei quando passei pela porta da cafeteria e dei de cara com uma parede.

Espera... Não tem uma parede depois da porta.

Levantei meu olhar para a alta parede de músculos que começou a se mexer, passando meus olhos do peito muito mais definido do que aparentava até chegar na inclinação do queixo, um sorriso se puxou no rosto do garoto do café quando eu o encarei.

- Apreciando a vista? - seu tom não era sarcástico, era... Convencido, sim acho que poderia usar essa palavra. Suas mãos tocaram sutilmente minha cintura, mas não me importei em retirá-las de lá, eu estava com as minhas mãos em seu peito descaradamente, então acho que era justo. A diferença de altura se fazia um pouco mais presente agora.

- Não estava prestando muita atenção - condisse, quando o sorriso em seu rosto aumentou desejei ter dito outra coisa no lugar, ou tê-lo insultado.

- Estou percebendo que isso é uma coisa frequente para você - sua cabeça pendeu para o lado completando sua zoação a mim, fechei minha mão em um punho e dei uma leve batida no seu peito. Mas isso só o fez rir mais. Me deixando mais nervosa. Mas pelo menos agora eu estava sentindo algo, ao menos.

- Então pretende me soltar ou terei que gritar por ajuda? - questionei levantando uma das sobrancelhas mostrando um dos meus sorrisos provocadores, senti suas mãos contornarem minha cintura com força, mas não fiz menção a abaixar o olhar do seu.

Seu sorriso se puxou mais para um lado, como a algumas vezes eu já tinha visto acontecer, ele abaixou seu rosto até ficar perigosamente perto do meu.

- Não finja que não gosta quando eu toco em você - sua voz, ela parecia muito mais carregada agora, talvez pela proximidade, ou pelas batidas mais fortes que surgiram em meu peito. Eu pude sentir o hálito de menta na minha bochecha.

Os Segredos de Amber Lewis - 1ºLivroWhere stories live. Discover now