1.5K 96 1
                                    

Sexta, 12:44...

Priscila!

- Gente, vocês ficaram sabendo da dona Isabella da rua 24?- a fofoca rolava solta no salão.

- Não é a tia do Luiz, Fernanda?- arqueei uma sobrancelha, passando a chapinha no cabelo de uma menina.

- É ela mesmo, a mãe do L7- olhou pra mim, cheia de maldade no olhar- oq tem ela?- virou pra mulher que tinha dito.

- Parece que tá ficando meio pancada da cabeça, papo de loucura mesmo- a mulher falou, folheando uma revista- parece que ela é esses bagulho aí, de medium! Que fala com morto, sabe?

- Como que é?- minha mãe entrou no salão, tirando os óculos de sol.

Ela tinha uma das sobrancelhas arqueadas.

- Pois é, Mariana! Mulher tá piradinha das ideia- negou com a cabeça.

- Tadinho do L7, tá tão chateado por causa disso. Tô lá todo dia consolando o chefe com chá de buceta, não é fácil ter uma mãe louca- Luara riu, arrumando os peitos no top que ela usava.

Mal tapava os bicos do peito.

Eu não sou fiscal de corpo de ninguém, mas aquilo dalí tá muito ousado! Ainda mais com a mini saia que ela usava, misericórdia.

- Conta essa história direito, Fabiana!- minha mãe olhou pra cara da mulher, cruzando os braços.

- Parece que ela tá recebendo umas ligações no meio da noite, e falando que é do finado Buiu- a mulher continuou, me fazendo olhar pra Fernanda com a testa franzida- ela falou que ele liga toda noite falando pra ela ficar calma, que ele vai voltar- estalou a língua- louquinha das ideia!

Minha mãe fechou os olhos, respirando fundo e logo sorriu, disfarçando.

- Quem é a próxima a fazer cabelo?- minha mãe olhou em volta, colocando a bolsa dela em cima do balcão.

- Quem te contou isso?- Miguel perguntou, pintando a unha de uma senhora.

- A Micaela da rua 4! Falou que o morro todo tá sabendo. Parece que foi um dos vapor da contenção da casa branca, que vazou essa informação- deu de ombros.

- Qual a boa pra esse final de semana, em?- minha mãe mudou de assunto, separando o cabelo da Luara pra passar a química.

- Vai ter um rolê na pista, bora, tia?- Luara chamou.

Arqueei a sobrancelha e olhei pra Fernanda, que me olhava com cara de nojo.

- Não é tu que vive jogando pro meu genro, piranha? Desses teus rolê de quenga, eu tô fora!- minha mãe estalou a língua.

...

Na favela!Where stories live. Discover now