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Sábado, 07:22...

L7!

Abri o olho e levantei um pouco a cabeça, me certificando que a mina lá ainda dormia antes de me levantar.

Coloquei minha roupa de ontem novamente, coloquei 3 notas de cem na bolsa da Cintia, peguei minhas chaves e me saí do barraco, montei na moto e dispiei pra minha casa.

Quando cheguei, estacionei a moto lá na frente e já subi pra tomar um banho e tirar aquele cheirão de puta do meu cangote.

- Aí, cadê a rapaziada da boca 5?- perguntaram no radinho.

- Essa boca tava dando mais prejuízo do que lucro, tá fechada- Novinho resmungou de volta- L7, tá por onde?

Ignorei o Luiz e joguei o radinho na cama, indo pro banheiro.

Tomei um banho rápido, escovei os dentes, vesti uma bermuda de tecido preta e calcei meu chinelo, jogando uma camisa vermelha no ombro antes de sair novamente de casa.

Fui descendo a principal andando mermo, dando uma atenção pros moradores.

- Aí chefia, chega aqui- um maluco gritou de dentro do barzinho da tia Lucinda.

Olhei pra mesa, vendo que tinha vários vapor e o Novinho, que revirou os olhos assim que me viu.

Dei risada, me aproximando.

- Cadê tua muié?- sentei do lado do Luiz, já pedindo uma lata de cerveja pra atendente.

- Foi embora logo cedo, tinha umas parada pra resolver- deu de ombros- mas a Priscila tá lá em casa ainda, vai passar uns dias por aqui- me olhou como quem não queria nada.

- Pq?- arqueei uma sobrancelha, abrindo a lata de cerveja.

- Elas tão querendo abrir um salão aqui na favela, filial daquele que elas tem lá na comunidade- deu de ombros- ela vai ficar aqui pra procurar um espaço daora.

- Ela vai ficar dormindo na tua casa?- encarei ele.

- Sim, pq? Quer que ela durma na tua?- sorriu safado.

- Aí Novinho, aquela branquinha tatuada que tava com a tua mina ontem, quem é?- um dos vapor perguntou.

- Minha cunhada, po! É irmã da minha mulher- Novinho estreitou os olhos.

- Ela é solteira?- sorriu.

- Casada- o encarei- comigo!

- Aí, gostei- Luiz sorriu.

- Desculpa che.chefe, eu não sabia- sorriu amarelo, transbordando medo.

- Se eu ver alguém da favela de gracinha com ela, vou descer tiro- passei o olho por todos os caras que estavam alí na mesa, ouvindo o riso do Luiz.

- Aí cunhadinha, encosta aqui- ele gritou.

Olhei pro lado, observando a Priscila se aproximar.

- Bom dia!- ela sorriu, acenando pros meninos.

- Bom dia, chefinha- um dos meninos abriu um sorrisão.

Ela encarou ele, nitidamente confusa.

- Fecha essa boca, tá vendo algum dentista aqui?- olhei pro cara.

- Posso sentar com vocês?- ela ignorou todo mundo, perguntando pro Novinho.

- Claro, mirmã- ele puxou a cadeira que estava entre eu e ele, pra ela.

Ela suspirou, sentando.

- Trás uma porção de fritas e uma coca pra mim, por favor- ela pediu pra atendente- é pra viagem!

- Ainda são 8horas da manhã e tu vai comer batata com refrigerante?- olhei pra ela, tentando puxar um assunto.

Ela se ajeitou na cadeira, virando pra me olhar.

- Ainda são 8horas da manhã e você já tá fumando maconha e bebendo cerveja?- ela debochou.

Dei risada, jogando o cigarro de maconha no chão e pisando.

- O seu pedido- a atendente entregou a sacola- ficou 42, é dinheiro ou cartão?

- Coloca na minha conta- avisei.

- Não precisa, deixa que eu pago- Priscila pegou a carteira.

- Fica na paz, já tá pago- balancei a cabeça.

- Obrigado, então- sorriu falso- eu tô indo pra casa, você vai passar lá pra almoçar?- levantou, encarando o Novinho antes de dar um beijo na bochecha dele.

- Vou, tu vai fazer o rango?- ele cerrou os olhos, desconfiado.

- Sim, algum problema?- Priscila colocou as mãos na cintura.

- Só não coloca fogo na minha cozinha, firmeza?- ele debochou.

Ela deu dedo pra ele, já se afastando.
...

Na favela!Onde histórias criam vida. Descubra agora