18°

1.3K 86 7
                                    

Dois meses depois, madrugada de quarta pra quinta, 00:59...

Priscila!

- Pode tirar esse short aí, tá muito curto. Coloca calça- Vinícius cruzou os braços, entrando no meu quarto.

Arqueei uma sobrancelha, encarando ele.

- Se enxerga, meu pai é outro- ri, desligando a chapinha da tomada.

- Vou contar pra ele que seu short tá mostrando a bunda todinha- bufou, saindo.

Olhei meu reflexo no espelho, dando um sorriso ao notar que eu estava linda.

Eu usava um short jeans escuro, um body preto de manga longa e um salto agulha preto. Meu cabelo estava solto e a maquiagem impecável.

Peguei minha bolsa, descendo as escadas com calma pra não tropeçar.

- Bora, fia- meu pai me apressou, colocando o celular no bolso- tua mãe e teus irmãos foram de carro com o Novinho, tu vai de moto comigo- seu olhar caiu sobre mim, logo erguendo uma sobrancelha ao ver minha roupa.

- Tá bom, bebê- passei por ele, jogando uma bala na boca.

- Tu não acha que esse teu short tá muito curto, não?- desviou o olhar, pegando a chave da moto.

- Não- respondi simples, saindo de casa.

- Certo, Priscila- murmurou, me acompanhando.

Dei risada, subindo na garupa da sua moto.

Ele acelerou, indo em direção a praça que estava rolando o baile.

Geralmente não tem baile em dia de semana, é só sexta e sábado. Domingo é pagofunk. Mas, hoje resolveram fazer um baile especial.

O L7 (primo do Novinho) vai passar o morro de volta pro meu pai e pro pai dele. Os antigos donos.

O comando vai estar novamente com eles amanhã, então acharam melhor comunicar a comunidade hoje.

- Eae, finado- tio Buiu veio rindo cumprimentar o meu pai, assim que ele estacionou em frente a praça que rolava o baile.

- Fala tu, defunto- me ajudou a descer da moto, passando o braço ao redor da minha cintura- e tu, cabaço? Tá suave?

- Eu tô suavão, caralho- levantei meu olhar assim que ouvi sua voz grossa, arqueando uma sobrancelha ao ver que ele me encarava.

- Nem cumprimenta né, mandada- tio Buiu me cutucou.

- Oi, tio- ri, o abraçando.

- Oi, norinha- sussurrou no meu ouvido, com ar de riso.

Abri maior olhão, me afastando. Ele tá doido?

Desde que conheci o L7, troquei pouquíssimas palavras com ele. Apesar de o achar bem bonitinho e do Luiz sempre falar muito bem dele pra mim, as vezes eu tenho vontade de vomitar na cara dele. Ele não parece nadinha cm oq o Luiz fala dele, eu diria que ele é o oposto do que o primo diz. Pra mim ele sempre se mostra ser muito ignorante, sarcástico, implicante e abusado. Eu não tenho paciência pra gente assim!

...

Na favela!Où les histoires vivent. Découvrez maintenant