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Quarta, 12:30...

Priscila!

- Bora, criançada! Vai marchando- desci as escadas, prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

- Tá apressada, fia?- Vinicius levantou do sofá e jogou a mochila nas costas, caminhando em direção a porta na maior calma.

- Sim, pq eu preciso deixar vocês na escola, subir de novo pra falar com o pai e depois ir pro salão- respondi, trancando a porta de casa.

- Titia, a gente pode parar pra comprar sacolé?- Caio agarrou minha mão.

- Eu posso ir lá no pai também?- Vinicius encarou o Caio, logo desviando o olhar pra mim antes de nós começarmos a descer a rua.

Alguém avisa que essa criança só tem 6 anos?

- Sim, a gente pode comprar sacolé e não, você não pode ir no pai. Boca de fumo não é lugar pra criança!- franzi a testa, o vendo bufar.

- Teu pai pediu pra tu levar os meninos lá na principal- Novinho estacionou a moto do nosso lado, me dando um susto.

- Pq? Eu não vou levar eles na biqueira- fiz careta.

- Sei lá, mas deve ser parada séria!- deu de ombros.

Uma outra moto estacionou do nosso lado, e pelo ronco alto do motor eu nem precisei virar pra saber quem era.

- Eae pivetada- L7 fez toque com os meninos.

- Tá indo onde?- Novinho arqueou uma sobrancelha.

- No bar do tio Zé almoçar- deu de ombros.

- Vou contigo, agiliza lá pra boca logo Priscila- Novinho me empurrou de leve.

- Aí, rola carona? Mó dor na canela, po- Vinicius fez careta, acariciando a própria perna.

Ator que só ele.

- Bora levar eles lá na principal? Rapidão- Novinho olhou pro L7, que balançou a cabeça.

- Sobe aí, Caio- L7 deu a mão pra ele, que negou indo na direção do Luiz.

- Vou com o titio Luiz, pai- subiu na moto com a ajuda do Novinho.

- Bora Novinho, mete o pé, parceiro- Vinicius pulou na garupa junto com o Caio, oq fez o Novinho rir e acelerar.

- Vai ficar aí parada? Monta, po- L7 me olhou- eu não mordo não- deu uma risadinha.

- Me ajuda aqui- falei, já que a moto era alta e eu não conseguia subir sozinha.

Ele riu, me ajudando.

Eu sentei bem na ponta, o mais longe possível dele e segurei no ferro de trás.

Ele olhou pelo retrovisor e negou com a cabeça quando viu como eu estava, ligando a moto e acelerando muito, me fazendo deslizar com força de encontro com o seu corpo.

Dei um gritinho e agarrei sua cintura, pois ele andava em uma velocidade muito alta.

Ele riu, logo estacionando na frente da boca.

Pulei pra fora da moto e agarrei na mão dos meninos, andando rápido até a sala do meu pai.

- Paieee- Vinícius correu pra abraçar ele, assim que eu abri a porta da sala.

- Oq aconteceu?- perguntei curiosa, entrando atrás do Caio.

- Nada, só queria dar isso aqui pros meninos- pegou uma caixa que estava de baixo da mesa.

- Oq é?- Caio olhou, curioso.

- É a blusa do flamengo autografada? Mentira, caralho pai- puxou uma das blusas- tu é zika, coroa. Ala, tirou onda!- sorriu largamente.

Eram duas camisas.

- Era isso? Meu Deus, pai- dei risada, após ele entregar as camisas pros meninos.

- Eu adorei, titio. Obrigado- Caio o abraçou.

- Valeu, meu velho- fez toque com o meu pai.

- Tá bom né, vamo logo que vocês ainda tem aula- falei, já direcionando os dois pra porta.

Os meninos não estavam mais lá na frente, então fui descendo a pé mesmo com o Vinicius e o Caio.
...

Na favela!Where stories live. Discover now