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Quinta, 17:53...

L7!

-  Aí, bora lá no salão buscar as meninas? Elas já vão fechar- continuei separando os pinos, fingindo não escutar a conversa do Cabeça e do Novinho.

- Eu tô indo lá no pé buscar os pirralho na escola, po- Cabeça estalou a língua.

- Eu vou pegar o Caio hoje, vou levar ele e a Isabella pra jantar lá no Vidigal, já busco teu moleque também- meu pai balançou a cabeça.

- Vai geral meter o pé e eu vou ficar aqui sozinho embalando droga né, ata- levantei- meu pau pra vocês!

- Bora lá no salão comigo rapidão, papo dez! Depois nós da um pião- olhei pra ele e neguei.

- Vou pra porta de salão nada, cheio de piranha nessa porra- fiz careta, pegando a chave da minha moto de cima da mesa.

- Mas bora dar um pião mais tarde, Zé- me seguiu pra fora da boca.

- Oq chama?- perguntei, já subindo na moto.

- A Fernanda tá querendo encostar naquela churrascaria que abriu lá na maré, se ligou? Bora dar um chega lá- balancei a cabeça- parece que é bagulho daora mesmo!

- Firmeza, só avisa a hora- balancei a cabeça, acelerando pro topo do morro.

Coloquei um no bico e sentei lá no chão mermo, olhando pra baixo.

Dava pra ver o morro inteiro, e a visão era linda.

- Manda coisa boa aí, Zé- olhei pro céu, soprando a fumaça.

Fiquei lá um tempo jogando fumaça pro alto, até o Novinho mandar mensagem avisando que a Fernanda já tava quase pronta.

Suspirei, me levantando e montando na moto.

Desci a comunidade na paz, cortando por entre as vielas até parar na porta da casa da minha mãe.

- Colfoi, moleque?- meu pai me olhou, assim que passei pela porta.

- Cadê Caio?- desviei o olhar, procurando meu filho pela sala.

- Oi, papai!- saiu da cozinha com uma maçã em mãos, a mordendo.

Ele tava todo arrumado com uma calça jeans preta, blusa azul escura da lacoste, tênis preto e azul e o cabelo todo penteadinho.

Sorri.

Meu moleque é bonitão igual o pai.

- Bora lá na Maré com o pai, comer uma parada- o peguei no colo.

Ele pareceu pensar, mas logo negou.

- Eu até queria ir, papai. Mas já prometi pra vovó que ia jantar com ela, e ela disse que tenho que ser um homem de palavra- deu de ombros- a gente pode sair outro dia?- sorriu.

Abri a boca pra responder, mas logo a voz da minha mãe preencheu a sala.

- Se você quiser, pode ir com o seu pai, Caio- ela sorriu, se aproximando e beijando nossas cabeças- a vovó não vai ficar brava!

Minha mãe tava toda arrumada, com um vestido longo florido e uma maquiagem que destacava a beleza dela.

- Então eu vou com o papai!- pulou do meu colo, correndo pra abraçar meu pai.

- O seu tio Novinho vai ir? Pra ele cuidar de você- meu pai olhou pro Caio, passando a mão no cabelo dele.

- Eu sei cuidar do meu filho- revirei os olhos, saindo de casa com o Caio.

...

Na favela!Where stories live. Discover now