capítulo 11

69.9K 7.7K 6.7K
                                    

Sigo em frente. Correndo para o meu dormitório. Como se assim, pudesse deixar para trás os péssimos acontecimentos do dia. Minha reputação está arruinada. Parece que todos por aqui me odeiam.

Vi Hilary e Olívia sentadas em um banco próximo ao residencial. Elas conversavam, e ao me verem, vi a sombra do desespero em suas faces. E então corri. Antes que pudesse ouvir meu nome sendo chamado. Não consigo encará- las.

Corro até não conseguir sentir minhas pernas ou minha respiração. Até sentir meus músculos queimarem. Ao chegar na recepção, vi Carmem. Ela me encarou, assim como todos os rostos que encontrei ao longo do dia.

Subi as escadas correndo. Não me importando se cairia ou não. Me tranco em meu quarto e ao fechar a porta, deslizo sobre ela, me sentando no chão.

Começo a chorar. Eu mereço ao menos isso. Segurei por muito tempo. Fui forte demais por muito tempo.

Choro. Choro até não conseguir mais respirar. Até fazer meus olhos queimarem. Tento fazer ao máximo fazer com que as lágrimas ajudem a desfazer qualquer lembrança ruim. Mas não é o suficiente.

Mal consigo respirar. Padeço cada vez mais.

O quarto está totalmente escuro. O único resquício de luz, são os das luzes que estão sendo filtradas pelas cortinas. Apesar de ter sido doloroso, sobrevivi ao menos até esta noite.

Uma forte rajada de vento balança as cortinas. Agora estou com frio.

Engatinho com dificuldade até o banheiro. Me empenho a pegar a tesoura, ainda no chão. Separo uma mecha de meus cabelos por entre os dedos.

— Você não merece viver. Olha só como você é feio. — digo para meu cabelo.

Então corto. Separo mais mechas. E corto. Elas caem como uma pena sob minhas pernas. As mechas azuis já estão prestes a desaparecer.

Pensei que cortar um pouco do meu cabelo novamente, poderia me tirar a dor. Mas não sinto diferença alguma. Acho que está na hora de investir em outra distração.

Mas agora, minha única preocupação é sentir as lágrimas quentes descerem em meu rosto. São muitas. Não acabam nunca.

Ouço o barulho da porta sendo destrancada. Merda. Eu deveria ter previsto que Hilary iria querer me ver mais cedo ou mais tarde.

Ela vem diretamente para o lugar onde estou. Como se soubesse. Mas para minha surpresa, não é Hilary que está parada em frente à porta do banheiro me encarando.

Seus olhos se voltam para a tesoura em minha mão. Confusa, sou apenas capaz de encará- lo. Gostaria de perguntar como ele conseguiu a chave do meu quarto, e o que está fazendo aqui. Mas hoje não. Estou exausta para questionamentos.

Só por isso o ignoro.

— Você está chorando? — as palavras saem duras e ríspidas.

Não o respondo. Apenas afundo meu rosto nas pernas enquanto abraço os joelhos.

— Scarllet... — murmura se aproximando.

— Fique longe de mim... — digo baixinho ainda com o rosto por entre as pernas.

Ele para aonde está.

Não quero vê- lo. Não quero ouvi-lo. Não quero estar perto dele.

— Deixe- me ajudar você ao menos.

— Não. Não preciso da sua ajuda. Estou bem sozinha. — digo antes de sentir minha voz com os afeitos trêmulos.

Ele se aproxima de novo. Ao perceber, encolho- me sobre a parede, à medida que Thomas se aproxima. Ele ajoelha- se próximo a mim.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora