Capítulo 1

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Diogo

 O suor que pingava da minha testa, era sempre muito recompensador.

As dores de um dia de trabalho na minha fazenda, deixava-me sentindo mais vivo, como se minha energia fosse restaurada.

E depois de um longo dia assim, nada melhor do que um banho relaxante e uma cerveja bem gelada. O que eu poderia fazer dentro de casa, no conforto do meu sofá, mas estava precisando de uma agitação para tirar as preocupações da cabeça.

Cuidar de toda uma propriedade, não era apenas lucrar, mas também endoidar.

Depois do banho gelado, peguei minha picape. Bom, na verdade, era uma Toyota Hilux, mas não gostava de sair me gabando por ai. A simplicidade era parte de mim.

Saí pela grande porteira de entrada e parei antes de entrar na estrada, descendo para voltar e fechar a porteira. Quando estava voltando para o carro, parei e olhei para o outro lado da estrada, a porteira de madeira mais simples, mas muito mal-cuidada, caindo de um lado. Era um pecado que uma propriedade em localidade tão boa, com terras férteis, fosse tratada daquela forma.

Otávio Fragoso, ou Fragoso como ele era mais conhecido por essa região, era o grande filho da puta sortudo que herdara aquele terreno dos pais. Era uma propriedade pequena, mas se houvesse manutenção na casa, seria linda, junto com as terras férteis que poderiam render uma boa colheita, mesmo que fosse para consumo próprio. Mas Fragoso não cuidava de nada. Eu o via apenas visitando o lugar mais tarde, quando trazia alguma mulher para passar a noite. E pelo jeito da porteira, ele estaria por lá naquele dia.

Respirei fundo e entrei na minha picape. Aquele lugar não era da minha conta. Eu já havia feito uma proposta para comprar o lugar, mas o homem me expulsou de sua casa.

Antes de partir, liguei o rádio, sintonizando em uma estação que tocava uma moda antiga e dirigi até o bar mais perto.

Morar em cidade pequena tinha suas vantagens, assim como suas desvantagens, e isso se devia ao fato de todos se conhecerem. Assim que entrei no estabelecimento pela grande porta, alguns olhares se viraram para mim, outros me cumprimentaram, e ainda teve quem virasse a cara na outra direção.

Puxei uma cadeira no balcão e me acomodei ali mesmo. Tinha mandado uma mensagem antes de sair de casa para Felipo me encontrar lá, mas como sempre, meu amigo estava atrasado.

Pedi uma caneca de chopp ao garçom e fiquei contemplando as pessoas irem e virem.

Todos andavam com tanta pressa, sem olhar para os lados. As pessoas trabalhando passavam de um lado a outro, quase se trombando enquanto serviam mesas lotadas.

As pessoas não largavam o celular. Eram poucas, as que estavam sem um na mão, conversando entre si.

O tempo era algo tão precioso, mas ao mesmo tempo banalizado pela movimentação do dia a dia.

Eu tinha o hábito de parar todo dia, nem que fosse por cinco minutos e contemplar algo que eu achasse bonito. Desde uma coisa pequena, como uma careira de formigas cortadeiras carregando folhas, até um carro novo em uma vitrine. Não importava o que fosse, eu tirava o meu tempo e pensava na grandeza do mundo ao redor daquilo, e como, mesmo que para uma simples formiga, aquilo era importante.

Aproveitei aquele momento para fazer aquilo e comecei a contemplar o tempo e o espaço.

Cada um tinha o seu lugar no mundo, desde a pessoa que levava uma bandeja de pizza à sua mesa, até o caixa que recebia por ela. E cada um tinha o tempo certo de agir em sua tarefa. O que cada um fazia, não tirava a grandeza do outro.

O Cowboy, a Viúva e o BebêWhere stories live. Discover now