Capítulo 14

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Ellen

Eu sentia o meu coração.

Não normal, sabendo que ele estava ali. Mas eu o sentia reverberar por todo o meu corpo, como se ele batesse contra minha pele. As mãos de Diogo na minha cintura, puxando-me para si. Sua boca se movimentando contra a minha. Tudo parecia em câmera lenta, enquanto eu tentava reconhecer cada sensação que percorria por meu corpo. E eu não conseguia dar nome a várias delas.

Minhas mãos estavam fechadas em torno da camisa no peito de Diogo, segurando firme como se ele fosse a única coisa que me mantinha sã naquele momento.

Quando ele se afastou, minha respiração estava acelerada, o ar se perdia entre meus pulmões e meu coração, tentando entrar e sair por minhas veias.

Mantive os olhos fechados e encostei a testa em seu peito, em uma tentativa de recuperar o fôlego.

Senti quando Diogo me abraçou contra si e pressionou os lábios no alto da minha cabeça. Puxei o ar mais forte e ergui a cabeça, para encará-lo.

— Me desculpa, Ellen. Se eu invadi alguma coisa entre a gente. Eu não... — Ele começou a falar antes mesmo que eu pudesse fazer qualquer coisa.

Coloquei um dedo em riste sobre a sua boca, impedindo que proseguisse com a fala.

— Não me peça desculpas. Não por isso. Eu quis tanto quanto você. — Suspirei. — E foi bom. Muito bom.

Um sorriso no rosto deixou sua expressão mais leve, e ele me puxou novamente para si, desta vez encostando nossos lábios mais delicadamente, em um beijo inocente.

Eu realmente havia gostado. Muito. Aquela sensação dentro do meu peito, como se ele fosse pular para fora e começasse a dançar um tango a qualquer momento. Era uma experiência nova, que eu não havia sentido nem mesmo com Otávio.

Mas Pedro nos tirou do devaneio de pensamentos quando começou a resmungar. Já estava na hora do seu almoço e meu garotão era pontual.

Fui até o carrinho, com um sorriso maior que minha própria boca e o tirei de lá.

— Vamos papar, meu amor? — Aninhei-o em meus braços e Diogo se prontificou a empurrar o carrinho, sem que eu nem pedisse.

Subimos para a casa conversando. Eu estava animada por ter andado a cavalo, e queria experimentar mais vezes. Talvez até em um dos cavalos da propriedade mesmo.

Mas antes que eu pudesse continuar entrando na casa, quando cheguei à porta de entrada, notei algo diferente.

Parei, analisando tudo, e Diogo fez o mesmo, mas sem entender o que eu estava fazendo.

Provavelmente ele não notava o que chamava minha atenção.

Havia um papel colado a porta, poderia não ser nada, mas no meu inconsciente, eu sentia que seria algo ruim. Afinal, quem pendura um recado em uma porta, sem chamar pelos moradores.

Por que eu não havia ouvido ninguém chamar. E apesar de a mangueira em que trabalhava com as vacas ficarem um pouco mais afastada, estávamos fazendo barulho, alguém que viesse me procurar, saberia onde eu estava.

Finalmente Diogo pareceu olhar para a mesma direção que eu, e notou o que eu via. Ele tomou a frente, caminhando e descolando o bilhete.

Criei coragem, apertei meu filho um pouco mais forte contra o meu peito, mas sem machucá-lo e o segui.

Quando cheguei perto o suficiente, ele me entregou o papel ainda dobrado.

— O que é isso? — Perguntei a ele, como se de alguma forma pudesse ter aquela resposta.

— Não sei. Mas você quer entrar para ler? — Sua voz estava com uma rouquidão tensa, como se algo ruim estivesse no ar.

Ou era apenas a minha mente tentando me sabotar, entrar no clima depreciativo, e deixar a alegria que eu sentira minutos atrás no fundo do poço.

Acenei com a cabeça e ele abriu a porta, dando-me passagem.

Entrei na cozinha e fui direto para a mesa, ainda com meu filho no colo, e puxei uma cadeira para me sentar.

Quando estava confortável – porque julguei ser preciso para ler o que estivesse ali – desdobrei o papel e comecei.

A letra era cursiva, e parecia ser masculina.

Hoje eu passei aqui, mas não quis acabar com a sua felicidade tão rápido.

Então aproveita enquanto pode, já que em breve você será minha.

Assim que terminei de ler, deixei o papel cair sobre a mesa e levei uma das mãos à boca, enquanto a outra ainda segurava Pedro contra mim.

— O que foi, Ellen? — Diogo estava sentado à minha frente, mas não lera o papel. Dava para notar a preocupação em sua voz.

Ele apenas pegou o papel, quando apontei com a cabeça, dando permissão para que ele lesse.

E sua reação foi praticamente a mesma que a minha.

— O que isso significa?

Eu queria responder sua pergunta, mas não encontrava uma forma da voz sair da minha garganta. Era como se algo me sufocasse.

Não fazia ideia de onde tinha vindo aquele bilhete, ou quem poderia ter deixado ali. Muito menos o seu significado.

— Ellen. — Diogo colocou um dedo delicadamente sobre meu queixo, fazendo-me olhar para ele. — Olha para mim. Você imagina quem possa ter colocado isso na sua porta?

Neguei com a cabeça, olhando em seus olhos. Diogo estava realmente preocupado.

— Certo. Pode ter sido alguma sacanagem de alguém.

Concordei com a cabeça, ainda muito assustada para falar qualquer coisa. O certo a pensar, é que fosse alguma brincadeira de muito mau gosto mesmo.

Era isso que tinha acontecido.

Sem falar mais nada, Diogo me puxou para seus braços, aninhando-me a ele junto com meu filho.

Por incrível que pareça, eu me senti mais segura naquele momento. Era como se nos braços de Diogo, eu soubesse que nada de ruim fosse me acontecer.

— Nada de ruim vai te acontecer. Eu estou aqui com você. — Depositou um beijo no alto da minha testa.

Seu colo era acolhedor, confortável.

Eu esperava que estivesse tão segura fora, quanto estava dentro dos seus braços.

O Cowboy, a Viúva e o BebêWhere stories live. Discover now