Capítulo 27

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Ellen

O medo já fazia parte do meu corpo naquele momento.

Eu não sabia para onde tínhamos ido, nem que lugar era aquele. Mas a casa era grande, ficava na beira de um lago.

Passamos o caminho todo em silêncio, eu encolhida no canto, o mais longe que conseguia daquele homem. Quando ele parou o carro, fiquei no mesmo lugar, estática com medo de fazer o mínimo dos movimentos. E Leonardo não pareceu perceber que eu não havia me movido, caminhando tranquilamente. Quando deu pela minha falta, parou olhando para os lados, até perceber que ainda me mantinha no carro. Ele voltou marchando em passos pesados, abriu a porta do carro, agarrou meu braço em um aperto dolorido e me tirou de lá, puxando-me em direção à casa.

Eu não sabia o que fazer, falar, nem mesmo pensar. Qualquer movimento mais brusco, parecia que iria acontecer o pior.

Mas o que de pior poderia me acontecer? Eu já estava nas mãos daquele homem, que parecia não ter escrúpulos nenhuns, estava longe do meu filho. Então o que de pior poderia me acontecer?

Quando entramos na casa, Leonardo trancou a porta, retirando a chave, guardando-a no bolso e me jogou no sofá sem nenhuma delicadeza. Eu estava tão inerte, fora dos meus pensamentos, que não conseguia reparar nos detalhes da casa. Apenas que era um lugar simples, uma decoração mais rústica.

— Você fica quieta aí, para não assustar nossas outras hóspedes.

Olhei para ele com um espanto no rosto. Havia mais mulheres naquele lugar? E o que ele iria fazer?

Sem dizer mais nada, apenas com aquele sorriso nojento no rosto, ele saiu de perto, indo para outra parte da cozinha. Acompanhei-o com os olhos, observando atentamente o que ele iria fazer a seguir. Parando em uma espécie de cozinha, ele começou a encher uma chaleira de água.

Respirei fundo três vezes, tentando oxigenar meu cérebro e pensar com um pouco mais de clareza. Se havia outras pessoas aqui, não era apenas eu que corria algum risco. Mas em contrapartida, eu poderia ter alguém com quem me juntar para vencer aquele filho da puta.

— O que você vai fazer comigo? E quem mais está na casa? — minha voz vacilou um pouco, e saiu mais fraca do que eu esperava, mas eu precisava buscar respostas, ser forte.

— Bom, não sei se você sabe dos meus negócios. Tenho uma casa de apostas. E digamos... — Ele se aproximou de mim ainda com aquele sorriso na cara, após colocar a chaleira no fogo. — Trabalho em um cassino aqui na cidade, e as pessoas, quando são viciadas, elas não tem muito escrúpulos no que jogam.

Ele chegou bem próximo, colocando-se na minha frente. Como estava sentada no sofá, encolhida pelo medo, Leonardo parecia ainda maior, mais amedrontador.

— Como Otávio, que apostou a minha vida... — Desta vez minha voz saiu mais como um sussurro, sem muita força nem mesmo para falar.

Meu marido havia me apostado em um cassino. Como... como ele tivera coragem? E como isso ainda existia? Falando assim, parecia algo totalmente absurdo, do século passado.

— Exatamente. Mas você ainda saiu ganhando. Ele apostou você após o nascimento do pirralho, e ele não estava em jogo. — Ele se virou de costas para mim. — O que foi uma pena. Eu poderia ganhar um dinheiro muito bom com aquele menino.

— Seu canalha. — Sem pensar muito, pulei no pescoço de Leonardo. Ele poderia falar o que quisesse, mas que não mencionasse meu filho, não perto de mim.

Mas assim que o segurei pelo pescoço, Leonardo agarrou meu braço, apertando-o com força, e girou o corpo, tirando-me de cima dele. Eu não tinha forças suficientes para lutar com um homem como ele. Mas não poderia desistir.

O Cowboy, a Viúva e o BebêWhere stories live. Discover now