Capítulo 8

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Ellen

Os dias passavam que eu nem via. Mas a cada hora que passava ao ar livre, eu adorava mais aquele lugar.

Com muito trabalho, a casa e o quintal estavam ficando lindos. O ar puro era renovador.

Sr. Arnaldo vinha trabalhar quase que diariamente, e ele me ensinava a ordenhar as vacas e mexer com os cavalos. Havia dois, uma macho e uma fêmea, eram dóceis mas ainda não tinha tido coragem para montar em um deles.

Pedro amava os animais, adorava passar as mãozinhas por seus pelos, e dava sorrisos alegres. Ele vinha se apegando a Sr. Arnaldo e a interação dos dois era linda. Eu estava amando aqui, já que meu filho não tinha avós vivos, essa parte da família poderia ser preenchida com aquele senhor que eu tanto já adorava.

O dia estava ensolarado e quente, então eu fazia um suco com alguns limões que havia ali mesmo na fazenda, quando ouvi alguém batendo palmas no portão da entrada. Enxuguei a mão no pano que estava sobre a pia, passei pelo carrinho de Pedro, conferindo se ainda dormia a sua soneca da tarde e caminhei até a porta.

Havia uma senhora de uns cinquenta anos ao lado de uma criança de provavelmente uns doze ou treze anos. Tinha uma camionete logo atrás delas, que provavelmente era seu veículo.

Quando a senhora me viu, abriu um sorriso simpático e começou a dar tchau entusiasmada.

Caminhei até elas, parando do outro lado da porteira quando a mulher começou a conversar comigo.

— Boa tarde, querida. Sou a Emíli Martins.

Cheguei até a porteira, destrancando-a e dando passagem para a mulher e criança.

— Essa é minha filha, Cecília. — Ela apontou para a criança, que abriu um sorriso amigável. — Meu filho disse que você era nova aqui, então resolvi fazer uma visita.

Ah, claro. Ela devia ser mão de Diogo. Agora fazia sentido.

— Prazer, Ellen. — Estendi a mão para ela, ainda sem jeito.

— Eu te trouxe um bolo. Está quentinho, acabei de fazer.

Ela me estendeu uma tigela que realmente estava quentinha.

— É muita bondade sua. Aceita entrar? — Apontei para a casa. — Estava passando uma limonada.

A mulher me seguiu até a entrada da casa, e depois paramos na cozinha. Pedro já havia acordado e estava resmungando, então deixei o bolo sobre e mesa e fui até ele, pegando-o no colo.

— Você fez um belo trabalho com essa casa.

— Ela estava precisando de uma boa reforma. Ainda tem algumas coisas que precisam ser consertadas, mas as maiores e mais precárias, já estão feitas.

Virei-me para elas e apontei as cadeiras, para que se sentassem e destampei o bolo, oferecendo-lhes e colocando o suco sobre a mesa também.

— Esse é seu filho? Diogo disse que você tinha uma criança pequena, mas imaginei que fosse maior.

Ela se aproximou de mim, junto com a criança que começou a brincar com Pedro.

— Ele tem três meses. Quase quatro.

— Posso pegar?

Entreguei Pedro em seus braços. Eu sabia que era muito louco receber alguém assim na sua casa, entregar seu filho em seus braços, mas eu sentia a bondade naquela mulher, uma calmaria que me deixava bem. E não estava enganada, ela passou a tarde ao meu lado, conversando.

Falamos da vida em um sítio, e sobre as reformas da casa, sobre Sr. Arnaldo e até mesmo da família dela.

— Cecília é a minha caçula. — Ela explicou. — Ai eu tenho José, que é meu do meio, esta se formando em direito. E por último tenho Diogo, que é o mais velho, quem você conheceu outro dia. — Concordei com a cabeça. — Esse é quem domina tudo na nossa fazenda. Nem sei o que seria de nós sem ele.

A paixão que ela tinha nos olhos ao falar dos filhos, era perceptível. O amor era evidente e eu sabia o que ela sentia, pois o meu era tão pequeno, mas o que eu sentia por ele, transbordava em meu coração a cada dia.

— Eu imagino como seja o amor de vocês, parecem uma família linda.

— Olha, isso é do que eu mais me vanglorio. Não é pelo dinheiro, nem nada, mas a minha família é o meu bem mais precioso. Temos nossas desavenças vez ou outra, mas nada que diminua o amor.

— Eu acho muito lindo. Eu não tenho muito. Na verdade, somos apenas eu e meu filho, mas sei que isso já me basta.

Ela concordou com a cabeça e nossos olhos se voltaram para as crianças. Cecília brincava com alguns ursinhos enquanto Pedro se divertia junto com ela no bebê conforto colocado na sala.

— A prosa está muito boa, e eu nem vi a hora passar. — Ela olhou para o relógio no pulso. — Tenho que ir para casa e ainda fazer janta.

Também olhei para o relógio no meu celular, constatando que já passavam das seis da tarde, a hora havia passado muito rápido na presença dela. E a conversa fora realmente muito boa.

— Eu adorei passar a tarde com a senhora.

Ela me abriu um sorriso leve e muito cativante.

— Sabe, morar em um lugar como esse pode ser muito solitário às vezes, mas quando quiser uma companhia, pode me chamar.

Ela me passou seu número de celular e em seguida chamou a filha para ir embora. Peguei Pedro no colo e as acompanhei até a porteira.

— Muito obrigada pela companhia, D. Emíli. Foi um prazer muito grande conhecer a senhora e sua filha.

— Que é isso, menina. Eu que gostei de passar um tempo com você, às vezes eu preciso sair um pouco daquela casa, ver gente. Alias, você me contou que ainda faltam algumas coisas da reforma, se precisar de ajuda com qualquer coisa, pode nos procurar.

— Pode deixar que eu sei onde chamar agora.

Ela já estava quase entrando na camionete quando se voltou para mim.

— Eu estava pensando aqui. Quer jantar em casa amanhã? Eu só não te convido hoje, porque não daria tempo de preparar algo especial.

Eu não sabia nem o que responder, mas não precisou, pois Emíli logo emendou.

— E pode deixar que peço a um dos meninos para te buscar. — Ela já sabia que eu estava sem carro.

— Bom, eu ficaria muito honrada. — Retribuí com um sorriso. Na verdade, seria impossível recusar qualquer pedido que aquela simpática mulher me fizesse.

— Combinado, amanhã às sete, alguém vem te buscar.

Então finalmente ela entrou na camionete e atravessou a rua, entrando na porteira do outro lado.

Eu estava fazendo amizades, me socializando. A minha vida estava saindo melhor do que o planejado.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora