Capítulo 10

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Diogo

A presença de Ellen na cozinha da minha casa estava me deixando mais nervoso do que o esperado. Eu não sabia explicar o que estava acontecendo. Não era como se eu fosse um adolescente virgem que se envergonhava na presença de uma mulher bonita.

Pelo contrário, eu sempre soube o que fazer nesses momentos. Mas não naquele dia e com aquela mulher.

Voltei para a mesa, e comecei a prestar atenção na conversa que se desenrolava. Ela era muito simpática e muito educada. A forma como conversava desde meu pai, até a minha irmã caçula estava me deixando ainda mais intrigado com aquela mulher.

Em um momento da noite, José se despediu, dizendo que tinha que estudar para uma das últimas provas e se retirou. Logo Cecília caiu no sono no sofá, ao lado de Pedro, o filho de Ellen que era uma gracinha.

— Diogo, você pode levar Cecília lá para cima? — minha mãe perguntou, quando se deu conta de que a menina havia dormido.

Levantei-me da cadeira, arrastando-a para trás e peguei minha irmã nos braços. Ela crescia cada vez mais, mas sempre seria minha bebê. Aninhei-a em meus braços e subi as escadas com ela. Quando cheguei em seu quarto, todo em um tom rosa, cheio de bonecas misturado com pôsteres de filmes e bandas – o que me fazia ver que ela estava cada dia ficando mais velha, quando seus gostos iam criando forma – coloquei-a na cama, cobrindo-a com um edredom.

— Boa noite, boneca. — Depositei um beijo no alto de sua testa e sai do quarto.

Quando cheguei lá embaixo, Ellen já havia se levantado, e parecia se despedir.

— Não vai embora ainda. Está cedo. — Minha mãe insistia.

— Eu não quero atrapalhar vocês. E amanhã tenho que acordar cedo também.

— Imagina, menina. É um honra recebermos uma visita tão educada como a sua em nossa casa. E principalmente de uma mulher tão bonita. — Meu pai recebeu um tapa no braço logo após o elogio, e todos caíram na risada.

Parei no batente da porta, encostando meu ombro direito nele e colocando as mãos no bolso para observar mais a cena que se desenrolava.

— Mas de verdade, foi um prazer receber você em nossa casa.

— Eu vou chamar José para te levar em casa. — Minha mãe começava a caminhar em minha direção quando Ellen a chamou.

— Não precisa se preocupar, agora já sei o caminho. Não quero dar trabalho.

— Isso não é trabalho nenhum, menina. Imagina se você vai pegar esse caminho uma hora dessas da noite sozinha.

— Eu te levo. — Intrometi-me na conversa, dando um passo à frente e tirando as mãos dos bolsos.

Falei sem pensar muito, mas realmente não poderia deixar que fosse embora sozinha e à noite.

Nosso olhar se encontrou por alguns segundos, fixos um no outro, e eu me perdi neles. Os olhos intensos, em um azul profundo. Ela guardava o mundo em suas íris.

— Olha ia, perfeito. — A fala da minha mãe nos fez desviar o olhar, fazendo-me dirigir para o chão.

Ellen terminou de se despedir dos meus pais e pegou Pedro adormecido nos braços. Quando chegamos perto da camionete me apressei em abrir a porta para ela. Meus pais nos observavam do pé da escada e acenaram quando partimos.

— Seus pais são pessoas maravilhosas. — Foi a primeira coisa que ela disse quando estávamos sozinhos na escuridão da estrada.

Eu me orgulhava quando alguém elogiava minha família. Eu sabia de todos os seus valores, mas ouvir da boca de terceiros, era sempre uma sensação muito agradável.

O Cowboy, a Viúva e o BebêWhere stories live. Discover now