Capítulo 29

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Ellen

Eu nunca me senti tão feliz, como naqueles dias.

E daquela vez não tinha um peso de que algo poderia acontecer a qualquer momento. Eu estava plenamente feliz.

Os meses seguintes à prisão de Leonardo, haviam sido conturbados. Tive que dar alguns depoimentos, e ir para o julgamento. Mas a polícia estava há algum tempo investigando-o pelas vendas de bebês para fora do Brasil. Na operação, várias pessoas tinham sido presas e condenadas. Leonardo havia pegado uns bons anos na cadeia junto com toda sua quadrilha. Eu estava livre daquele pesadelo, das ameaças e do medo.

Sentada embaixo da enorme árvore de natal, desenrolei o presente de Pedro enquanto Diogo o segurava de frente para mim.

— Esse é o presente do Diogo, meu amor.

Desenrolei o papel que estava envolvendo a caixa, e entreguei em seguida para Pedro, para que ele a abrisse. Primeiro ele brincou, batendo as mãozinhas na caixa, para só então conseguir abri-la. Quando ele abriu, revelou um chapéu em miniatura, igualzinho ao de Diogo.

— Olha filho, agora você tem um chapéu igualzinho ao de Diogo.

Coloquei o chapéu na cabeça do meu filho, que começou a rir da situação, claramente não entendendo nada.

Alheio à minha presença, Diogo segurou Pedro por baixo dos bracinhos e o virou de frente para si.

— Já tem alguns meses que estamos juntos. E eu me apaixono cada dia mais por você, garotão. — A voz dele estava um pouco embargada. — E eu sei que não posso tomar um lugar que não me pertence, mas... eu me sinto assim desde o dia que te peguei pela primeira vez no colo. É estranho sentir esse amor por alguém e falar assim com você, sabendo que não me entende e que não vai se lembrar dessa conversa quando crescer. — Pedro soltou um gritinho agudo, como se contestasse o que Diogo dissera. — Sim, meu garoto...

Meu coração se encolhia e em seguida dava uma cambalhota no peito toda vez que ele chamava meu filho daquele jeito.

— Eu amo vocês. — Tive que pronunciar em voz alta, pois era pesado aguentar aquele amor todo dentro de mim sem externá-lo.

Diogo olhou para mim, com lágrimas nos olhos. Eu já sabia do seu amor, ele se declarava diariamente, mas nunca fizera isso chorando. Por esse motivo achei que tinha algo de errado e me empertiguei.

— Eu queria que Pedro me reconhecesse como pai. Sei que não posso ocupar o lugar de Otávio, não tenho esse direito... mas eu já me sinto pai desse menino, e mesmo que ele não me chame assim, vou considerá-lo para sempre.

Aquilo era a coisa mais linda que Diogo já havia me falado em todos os meses que estávamos juntos. Eu já o considerava assim, mas tinha medo de querer forçar algo e ele se sentir pressionado demais.

— Meu Deus, é claro. — Foi tudo o que eu consegui dizer antes de pular nos braços dele e apertar os dois homens da minha vida contra mim.

Ainda estávamos abraçados quando uma buzina do lado de fora chamou nossa atenção. Levantei-me em um pulo e corri para fora com os braços abertos prontos para receber minha amiga.

Havia visto Fabi há alguns meses, quando veio nos visitar depois de tudo o que passamos, mas a saudade sempre crescia muito rápido.

— Como anda minha cowgirl favorita?

— Com muita saudade da melhor amiga.

Quando finalmente nos afastamos, ela cumprimentou Diogo e Pedro, e fomos para a cozinha, já que ela me ajudaria a preparar o almoço daquele dia de Natal. Logo em seguida a minha segunda família foi chegando. Ou na verdade, o resto da minha família, pois já havíamos nos tornado uma união de única família, com pessoas tão diferentes. Mas éramos perfeitos.

Emíli e Cecília, junto com Raissa – que havia sido adotada pelos pais de Diogo depois de ser resgatada daquela casa no lago, e descoberto que seus pais a venderam para comprar drogas – cuidaram da decoração da mesa. Julia ficara com o churrasco, Diogo estava preparando a sobremesa, que era apenas decorar as bolachas que eu havia feito no dia anterior. Eu estava terminando de preparar a comida na cozinha junto com Fabi e José, e aparentemente de vela. Os dois não paravam de se olhar de canto, com sorrisinhos e caretas. Eu poderia jurar que a qualquer momento os dois se atracariam aos beijos ali mesmo, no meio da minha cozinha.

Decidi dar um pouco de privacidade para eles e puxei Diogo pelo braço, indo para o lado de fora, onde todos estavam sentados embaixo de uma sobra, inclusive Arnaldo e Maria que cuidavam de Pedro com todo o carinho. Eles haviam se mudado para uma casa que tínhamos construído dentro da fazenda para que ficassem mais perto de quem poderia cuidar deles, já que eram da família também.

Fabi e José não ficaram muito tempo sozinhos, também sairam para o quintal, mais sorridentes do que antes.

Parei em um ponto mais afastado, ainda de braços com Diogo e fiquei observando aquelas pessoas conversando e sorrindo. As crianças brincando e correndo pelo quintal, sorrindo. Meu coração estava leve, eu sentia a magia da felicidade no ar.

— O que você está pensando?

Olhei para Diogo com um sorriso no rosto, e ele fazia o mesmo comigo.

— Cinco minutos.

— É, eu também.

Com um sorriso maior ainda, ele voltou a atenção para a nossa família e eu fiz o mesmo.

Cinco minutos sempre seriam poucos para apreciar aquilo que havíamos construído juntos. Mas era uma das melhores partes do meu dia.

O Cowboy, a Viúva e o Bebêحيث تعيش القصص. اكتشف الآن