Capítulo 19

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Ellen

Eu estava em um lugar lindo. Era um campo aberto, todo florido.

Meu filho estava deitado, rodeado de brinquedos, sobre uma sombra. E eu sentia uma paz dentro de mim, que ainda não havia sentido antes. Era como se eu soubesse que nada poderia atrapalhar a minha felicidade.

Quando olhei para o lado, Diogo estava lá, sorrindo para mim, como se contasse alguma piada. Eu não conseguia ouvi-lo, mas também ria com ele.

E foi assim que acordei sobre sua cama, enquanto ele me observava.

Espreguicei-me, tentando ser o mais elegante possível, mas sem muito sucesso e me coloquei de lado, ficando de frente para Diogo.

— Bom dia — sua voz estava mais rouca por ter acabado de acordar. — Dormiu bem?

Concordei com a cabeça, ainda meio sonolenta demais para conseguir pensar em qualquer frase elaborada.

Diogo me encarava com os olhos brilhando, e passou um tempo assim sem dizer nada.

— O que foi?

— Estou tirando meus cinco minutos.

Continuei encarando-o, esperando que completasse sua frase.

— Cinco minutos? — Como ele não disse mais nada, tive que incentivá-lo.

— Eu tenho uma regra na vida. Apenas uma. De tirar cinco minutos, todos os dias, para apreciar algo bonito. Pode ser uma flor, minha família, um carro bonito. Qualquer coisa que possa me inspirar. E hoje. — Ele pegou minha mão, dando um beijo nela. — Você é a minha inspiração. Minha coisa bonita.

Se aquele homem não era perfeito, eu não sabia mais o que seria.

E inevitavelmente, um sorriso curvou meus lábios, fazendo-me sentir desejada, amada, e muito, muito feliz.

Ficamos mais um pouco na cama, e quando me levantei, desejei não ter feito isso.

As lembranças da noite anterior, do segundo bilhete encontrado na porta da minha casa, deixaram minhas pernas bambas antes que eu pudesse chegar à mesa para tomar café. Mas me mantive firme, apoiando-me na parede sem que Diogo pudesse perceber. Assim que recuperei minhas forças, levantei a cabeça e caminhei até a mesa, sentando-me.

— O que você vai querer comer?

— Qualquer coisa está bom. — Tentei um sorriso, mas Diogo já começava a me conhecer, e acabou percebendo que eu não estava tão bem.

— Você está preocupada com a sua casa? — perguntou enquanto me servia uma xícara de café.

— Estou. — Confessei. — Eu não sei quem pode estar fazendo isso, ou o que quer de mim. Então não sei o que esperar. Temo mais por meu filho, do que por mim.

Diogo puxou uma cadeira, sentando-se do meu lado e segurou minhas duas mãos.

— Eu estou com você, e nada vai acontecer. Não vou deixar que ninguém chegue perto de você ou Pedro.

Era lindo ouvi-lo falar aquelas coisas. Eu me sentia cada vez mais importante ao seu lado. Mas sabia que no fundo, as coisas não funcionavam assim. Eu não poderia deixar que Diogo parasse sua vida para me proteger e ao meu filho.

Mas eu não iria discutir aquilo com ele, primeiro, deveríamos analisar como estariam as coisas, procurar a polícia se preciso, pois já havia passado de uma brincadeira de mau gosto e virado uma ameaça.

Quando terminamos de tomar o café e nos arrumarmos, fui buscar Pedro, que meu coração já estava pequeno de tanta saudade.

Assim que ele me viu, abriu um sorriso tão lindo, e eu fui inundada por uma vontade de chorar. Pela saudade que eu sentira dele – mesmo que tivesse sido apenas uma noite –, o medo de que algo pudesse acontecer. Mas me controlei, mantive-me firme.

— Oi, filho. A mamãe ficou com saudade também. — Pedro se agarrava a mim como se nunca mais quisesse se soltar.

— Ele se comportou muito bem. Acordou apenas uma vez à noite, para mamar, e voltou a dormir de novo. — Emíli dizia enquanto eu a cumprimentava.

— Muito obrigada por tudo, Emíli. Eu não queria dar tanto trabalho.

Dei um passo atrás, para me afastar, e inesperadamente, Diogo colocou minha mão dentro da sua, enquanto brincava com Pedro em meu colo, fechando-a como se fosse a coisa mais comum do mundo.

— É um prazer para mim, poder matar a saudade dos meus filhos desse tamanho. E você já é da família, meu amor. — Ela olhou para nossas mãos, dando um sorriso.

Um suspiro, que eu nem sabia que poderia estar preso, escapou do meu peito ao ver que ela realmente aprovava meu relacionamento com seu filho, e eu sorri para ela em gratidão.

Não demoramos muito, depois que Diogo avisou a família da nova ameaça que haviam deixado na minha casa, partimos para lá, na esperança de encontrar alguma pista, pegar o bilhete e ir até a polícia denunciar.

Mas quando chegamos lá, a coisa estava um pouco pior do que na primeira vez.

Quando abri a porta da minha casa, tudo estava revirado, algumas coisas quebradas. Estava tudo um caos. E eu não tinha reação.

Tirei meu filho do bebê conforto em que ele estava e o mantive em meu colo, preso no lugar que eu julgava mais seguro para ele.

— O que estão tentando fazer comigo? — a pergunta não era para Diogo, apenas um pensamento em voz alta enquanto eu passava pelas coisas que estavam no chão.

Havia algumas louças quebradas na cozinha, a mesa estava de pernas para o ar, na sala, algumas almofadas rasgadas, com espumas espalhadas por todo o lado. Fomos adentrando a casa aos poucos, e em cada cômodo um caos diferente. Estava com medo de entrar no meu quarto, então parei na porta dele, que ainda se encontrava fechado.

Olhei para Diogo, que parou na minha frente. Sua expressão estava assustadora. Não que me deixasse com medo, mas eu sabia que ele estava irado com quem quer que tivesse feito aquilo.

— Você não precisa entrar. — Ao falar comigo, sua voz estava calma – o máximo que ele conseguia pelo menos.

— Eu quero.

Eu tinha que aguentar, não precisava de alguém para aliviar aquela dor por mim.

Mais uma vez, apertei meu filho contra meu peito, e abri a porta, revelando o que havia virado o lugar.

A roupa de cama estava revirada, e as almofadas espalhadas por todo o quarto, mas as roupas estavam intactas.

Eu não tinha nada de valor que pudessem roubar, e aparentemente, quem quer que tivesse feito aquilo, não estava atrás de bens materiais.

Apenas uma coisa chamou mais a minha atenção em todo o caos. A minha gaveta de calcinha, a única porta ou gaveta que estava aberta no quarto.

Caminhei até ela, e lá dentro, aberto e virado para cima, encontrei outro bilhete.

Seus dias aqui estão acabando, princesa. Você vai ser minha em breve. Este é o ultimo recado.

O papel escorregou da minha mão, voltando a cair na gaveta, sobre minhas peças intimas. Aquilo estava ficando fora de controle, e eu não sabia mais nem o que pensar.

Algumas lágrimas começaram a rolar por meu rosto, e levei a mão à boca, abafando meus soluços para não assustar meu filho.

Rapidamente Diogo me envolveu em seus braços, tirando-nos do quarto e de dentro da casa, levando-nos para o quintal.

— Eu to aqui, amor. Não vou deixar nada de ruim acontecer com vocês.

Enquanto falava, ele depositava beijos na minha cabeça e na de Pedro, que estava imprensado no meio de nós dois.

— Por favor. — Era tudo o que eu conseguia pedir, no meio de lágrimas.

Eu me sentia vulnerável e sem forças naquele momento. E não gostava de me sentir assim. Queria ter o controle da minha vida novamente. Pode me proteger, e ao meu filho. Mas naquele momento, deixei que Diogo tomasse as rédeas por mim.

O Cowboy, a Viúva e o BebêTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang