capítulo 33

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Eu estou tentando não ser intimidada pelos olhares que estamos recebendo. Não posso dizer que as pessoas estão erradas. Afinal, o que de mais estranho poderia acontecer, quando duas pessoas que acabaram indo pra diretoria por conta de uma discussão, estão caminhando de mãos entrelaçadas?

Thomas nem ao menos demonstra estar se importando. Claramente, eu estava desapontada em saber que logo iríamos nos separar. Então aproveito a sensação, antes que possa se transformar em uma memória.

Quando chegamos próximo ao edifício, ele me abraçou. Os lábios dele tocaram a minha testa.

— Você entra, e eu vou logo depois. — sussurrou. — Dê um jeito de sair à noite.

— Está bem. — respondi e me afastei.

Não soltei sua mão e ele não soltou a minha. Mas elas iam desentrelaçando, à medida que me afastava. Dei de costas e caminhei vagarosamente ao edifício. Não olhei para trás, mas sentia que estava sendo observada.

Subi para meu quarto e quando destranquei a porta, sorrindo, eu congelei ao ver. Madson estava ao lado da janela, olhando para fora. Sei que percebeu minha presença, mas continuou ali. Meu coração disparou e a única coisa que fiz, foi ficar parada, olhando para ela.

— Então, era por isso que não atendia as minhas ligações.

Eu tentei agarrar o último fio de esperança, que me confortava, que me fazia tentar acreditar que ela não tinha visto nada. Senti uma dor de estômago horrível. Principalmente, porque Madson não era nem ao menos capaz de olhar para mim.

— Ele é bonito. — admitiu ela, agradavelmente para mim. Mas sei que falar em uma voz tranquila enquanto está claramente desapontada, faz parte dela. — Mas ele vale tanto ao ponto de fazer com que perca a nossa confiança? — ela finalmente me encarou. Séria.

Eu não sabia o que fazer. Honestamente, eu queria desaparecer.

— E- eu

— Não diga nada. Eu já vi. — Madson fechou as cortinas e caminhou em passos lentos, até o meio do quarto.

A cada vez que ela pisava no chão, era possível ouvir o som do salto alto. Eu não sabia o que fazia aqui. Ela nunca me visita. Nem ao menos me liga. Ela está luxuosamente arrumada, o que indica que veio propositalmente. Não foi algo de última hora.

— Qual o nome dele?

— Madson, por fav-

— O nome. — ergueu o queixo demonstrando superioridade.

— Peter. O nome dele é Peter. — menti.

Sei que não é uma boa ideia. Não na situação em que estou. Mas não quero envolver Thomas em meus problemas.

— Sobrenome? — exigiu.

— Walker.

Ela não disse mais nada. Ergueu as sobrancelhas enquanto seus olhos percorriam em mim. O olhar dela caiu sobre meu vestido e depois em meus cabelos.

— Você está descabelada.

Eu ajeitei meu cabelo e tentei não parecer nervosa. Era impossível agir como se não estivesse ciente que agora, Madson sabe sobre Thomas.

— Há quanto tempo está se relacionado com aquele garoto?

— Você irá contar a mamãe? — perguntei o que tanto ansiava ouvir.

— Não. — Madson gesticulou as longas unhas pintadas em um vermelho vivo.

— Obrigada... — emiti um som de alívio.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora