Capítulo 43

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Taehyung estava murmurando algo quando Jungkook acordou. O rapaz piscou algumas vezes, sentindo os primeiros raios de sol no seu rosto; com um sorriso, virou-se para o lado, calculando que seu namorado já estava desperto, mas para a sua surpresa, Taehyung se remexia violentamente sob as cobertas, tendo um pesadelo.

— Para, para... Eu s-sei... Eu m-matei... N-não foi ele... Não foi Jimin. E-eu que o matei!

— Tae? Tae! Pela divindade, Tae, acorda!

— Não! Jimin, não! — Taehyung gritou se sentando na cama com os olhos arregalados e perdidos.

— Amor! Meu amor, calma — Jungkook proferiu, segurando o rosto do namorado com carinho, puxando-o delicadamente para si. — Está tudo bem. Foi só um pesadelo.

Os olhos de Taehyung ainda estavam perdidos, ele olhava todo o quarto em busca do perigo iminente, mas esse não existia. Só estavam Jungkook e ele ali, mais ninguém.

— Respira fundo comigo, okay?

Taehyung fez como o namorado indicou, respirando fundo várias vezes até que gradualmente o seu coração não parecia mais prestes a sair pela boca.

— Está se sentindo melhor, amor?

— S-sim, baby...

— Vou buscar água para você, fica aí.

O príncipe concordou se encolhendo na cama, abraçando as próprias pernas enquanto Jungkook corria para a cozinha. Ele sentiu falta de Jimin naquele momento, pois o amigo o abraçaria e usaria as palavras corretas para acalmá-lo, mas a verdade é que não existiam tais palavras corretas, não quando ele havia matado uma pessoa, o seu próprio primo.

A culpa ia e voltava para Taehyung. Tinha dias que nem se lembrava de nada, que ria com o namorado, com Jimin e a família, seguindo calmamente sem temores de nada, porém a mesma culpa que desaparecia de dia, aparecia à noite e conturbava os seus sonhos.

Aquela foi a primeira noite que dormiu com Jungkook no apartamento desde a virada de ano. Os outros dias, por estar no castelo, conseguia tomar um comprimido de remédio de dormir que o médico lhe receitou para insônia. Porém, na noite passada, com medo que Jungkook visse e o julgasse de maneira errônea, não tomou o remédio, por isso sua noite foi totalmente conturbada e nada calma.

Merda, só porque hoje eu tenho que ir trabalhar.

O período de descanso de Taehyung chegou ao fim e como todos os nobres, teria que trabalhar para pagar por tuas regalias. O segundo príncipe já havia fugido do exército, agora não poderia pular nada — e, na verdade, nem queria, pois, ensinar artes na ala hospitalar para crianças com câncer era algo que lhe trazia alegria ao peito antes de começar.

— Amor, trouxe água... — Jungkook anunciou, parando ao ver Taehyung enrolado na cama, parecendo sofrer. — Oh, meu amor...

Taehyung tentou forçar um sorriso, mas era difícil quando sua mente estava tão confusa, com tantas coisas ao mesmo. O que Jungkook pensaria dele? Seu namorado desconfiaria de algo? Não fazia a mínima ideia de nada, para ser sincero.

— Tae?

— Desculpa — disse o príncipe, forçando-se a se sentar na cama e pegar o copo de água que o namorado lhe oferecia. — Você é um anjo, Kookie.

— Você quer conversar sobre o sonho?

Uma negação foi a resposta que Jungkook teve e ele não insistiu.

Taehyung tomou a água e ficou parado uns segundos, fitando a parede, esquecendo-se de Jungkook, o que foi bom, pois não ficou observando o olhar preocupado do namorado com a maneira que estava agindo. Devo contar? Era o questionamento que passava na mente de Taehyung naquele momento.

Winter FlowerWhere stories live. Discover now