Capítulo 27

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Já era quase meia-noite quando Seokjin entrou no quarto que dividia com o marido. O ômega foi para o banheiro e nem ao mesmo olhou para o alfa. Namjoon o observou em silêncio. Queria conversar com o esposo, mas não sabia bem como iniciar o diálogo. 

Assim que a porta do banheiro se fechou, o alfa suspirou, cansado. Odiava aquela tensão constante no ar, mas, pior do que isto, era a sensação de estar de mãos atadas em meio a aquele furacão. Tinha medo de falar ou fazer algo que deixasse tudo ainda pior.

Desde que chegara em casa com as crianças, o ômega estava calado. No entanto, apesar do silêncio, Namjoon podia sentir pela marca que os ligava o turbilhão de sentimentos que atravessava o seu marido naquele momento. Com certeza, a verdade sobre Hyuk havia sido um catalisador da confusão que tomava conta do interior de Seokjin, mas o alfa não podia ignorar o fato de que o marido já não estava bem desde a conversa que tiveram na noite anterior. Sabia que o ômega o julgava por suas ações e não estava disposto a perdoá-lo tão facilmente. 

O alfa se sentou melhor e apoiou as costas na cabeceira da cama. Esperaria até que Seokjin saísse do banheiro e pediria perdão mais uma vez. Tentaria conversar com o marido sobre a relação deles, o que poderiam fazer para melhorar as coisas, e, assim, daria o seu melhor para recuperar a confiança e o amor do ômega. Não aguentava mais aquele silêncio, aquela apreensão.

Ao ouvir o chuveiro ser desligado, o alfa encarou apreensivo a porta do banheiro. Alguns segundos depois, Seokjin, vestido com o seu roupão preferido, abriu a porta. Seus olhos se encontraram por míseros segundos, mas foi o suficiente para que Namjoon desistisse de todo o seu plano. O olhar frio do ômega deixou-o sem palavras. Enquanto Seokjin caminhou para o closet, o alfa se deitou e cobriu-se com o cobertor. Não era o momento para conversarem, o ômega evidentemente não queria ouvi-lo. Deveria respeitar o tempo dele e aguardar até que ele decidisse se aproximar novamente. 

Mesmo de costas, pôde sentir quando o ômega deitou-se ao seu lado. Fechou os olhos e tentou dormir, mas a inquietação do ômega o deixou intrigado. Teria ocorrido alguma coisa desde que o ômega saíra para buscar os filhos? Mesmo que antes estivesse distante e irritado, agora o ômega parecia pior, bem mais enraivecido e decepcionado. Estaria com raiva dele ou de Hyuk? Possivelmente, dos dois. 

Virou-se na cama, para encarar melhor o marido, e o encontrou virado para si. Seokjin estava sério e não esbouçou qualquer reação. O olhar dele estava mais calmo, mas ainda ilegível. Não fazia ideia sobre o que povoava os pensamentos do ômega naquele momento. No entanto, tinha certeza que era algo sério.

— Ainda há algo que gostaria de me contar, Namjoon? — o ômega perguntou, de surpresa. Namjoon negou com a cabeça, já havia dito tudo ao marido. Não havia mais segredos. — Certeza? Se ainda tiver, essa é a hora. Prefiro me decepcionar com tudo logo de uma vez do que continuar me ferindo aos poucos.

— Não há mais nada, Jin, eu juro. — disse, com a voz firme. — Gostaria de me perguntar algo?

Seokjin ficou alguns segundos em silêncio, analisando o rosto do maior.

— Por que não me contou sobre Hyuk? Por que o deixou próximo da gente mesmo sabendo que ele não era uma boa pessoa? Você é o meu alfa, deveria me proteger.

— Eu não queria que você ficasse sozinho novamente. Ele era o seu único amigo.

— Errado. Ele não era e nunca foi meu amigo. Preferia ficar sozinho a tê-lo por perto. — o ômega respirou fundo, tentando manter a calma. Estava muito tarde para brigarem. — Não sou uma parte de você ou sua propriedade. Você não pode continuar decidindo o que é ou não melhor para mim sem me consultar. Mereço que respeite minha individualidade, Namjoon. Sou adulto, posso cuidar da minha vida. Não me mantenha mais no escuro. Eu tenho o direito de saber o que ocorre ao meu redor e o que afeta a mim e a minha família. — o ômega virou de costas, e, antes de fechar os olhos para se preparar para dormir, disse: — Se estava tão preocupado por eu estar solitário, deveria ter me levado para sair, me apresentado a pessoas, e não ter mantido alguém que não gostava de mim por perto.

Despedaçados | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora