No outro dia eu acordei cedo, eu queria conversar sério com essa senhora e descobrir o que ela sabe.
No momento em que ela me chamou para comermos a primeira refeição do dia, eu fiquei nervosa e não conseguia puxar o assunto que tanto queria, acho que ela percebeu minha aflição.
__ Algo está acontecendo com você, querida?
__ Só estou... curiosa. Você fala coisas que são bem estranhas, por exemplo essa tal "lenda".__ fiz aspas com os dedos.__ eu gostaria que você me explicasse.
__ Não sou eu que tenho que te falar, a vida irá de lhe mostrar. Não se preocupe, sua vida será boa e cheia de graça, mas não será fácil chegar em seu paraíso.
__ O que você é? Por que fica falando essas coisas?...
__ Eu sou uma cigana.__ ela fala simples e olhando em minhas mãos. Eu arregalei os olhos no mesmo momento.
__ Mas.... Ciganos não podem viver aqui, você pode morrer se te encontrarem!
__ Eu não me importo com a morte. Fora que não tem como eles saberem quem eu sou, a não ser que você conte a eles.
__ Eu jamais faria isso com quem me ajudou. Como consegui se esconder por tanto tempo?
__ Eles não ligam para a minha existência, e eu acho melhor assim. Gosto de ficar sozinha.
__ Gosta mesmo?__ pergunto olhando em seus olhos azuis.
__ Sim, eu gosto. Eu não tenho companhia melhor a não ser a minha. Se bem que a sua é ótima também, sinta-se bem vinda quando quiser voltar.__ ela sorriu e me entregou um pedaço de torta.
__ Você não tem filhos?__ pergunto.
Ela ficou olhando para o copo em suas mãos por um tempo, me senti até mal por ter ficado nesse assunto.
__ Eu tive uma filha, seu momento era Alba. Ela foi morta por esses idiotas tentando proteger a minha neta.
__ E onde está a sua neta?__ a pergunta saiu tão naturalmente que eu nem percebi.
Ela ficou quieta, também não disse mais nada percebendo que ela se sentiu desconfortável.
__ Como seus pais são com você?__ ela pergunta.
__ Não são muito bons. Mas eu não posso mudar muita coisa, só tento ao máximo proteger meu irmão para que ele não seja criado igual eu fui.
__ É por isso que saiu do palácio?
__ Sim... Por ele, se fosse por mim eu não me importava nem de morrer.
__ Não fale isso menina, você irá de ser feliz. Palavra de cigana.__ ela segura minha mão e da um beijo em cima dela. Eu sorri terminando de comer minha refeição.
Quando estava um pouco tarde, a senhora colocou algumas coisas em uma bolsa para mim comer na viajem. Também colocou algumas ervas para feridas, caso eu me machuque.
Eu a abraçei por instinto. Ela me devolveu o abraço, e abraçando forte.
__ Obrigada pelo o que me fez, jamais irei de esquecer da senhora.__ digo e ela sorri.
__ Oh menina, não tem que me agradecer. Volte mais vezes e traga José!__ concordei com a cabeça e comecei o meu caminho.
Eu andei por muito tempo, o sol se pôs e eu ainda continuava andando, tomando todo o cuidado para não ver nenhum guarda real.
Quando cheguei em frente a minha casa, eu agradeci mentalmente por não ter ninguém em frente. As luzes estavam apagadas, eles deviam estar dormindo.
Melhor assim, eu posso pegar meu irmão e fugir dessa merda. Me aproximei com cuidado, com medo de algum guarda ainda estar ali. Peguei a chave dentro do vaso onde sempre deixamos e abri a porta. Apertei o interruptor acendendo as luzes dos cômodos de baixo.
Subi as escadas de madeira, estavam tão velhas que rangeram um pouco. Passei pelo quarto de meus pais que estavam fechados e segui até o quartinho de meu irmão. Acendi as luzes e nada.
Meus olhos encheram de lágrimas com medo pelo o que poderia ter acontecido, andei calmamente até a sua cama chorando e vi uma carta com uma linda caligrafia ali.
José não sabia escrever....
Peguei a carta lendo com dificuldades.
Querida Violeta, não sabes como me deixaste triste com a sua partida repentina. Me senti traído pela sua pessoa, mas ainda assim quero sua presença em meu palácio novamente. Não me pergunte o por que disso, porque nem eu saberia lhe responder, mas eu quero a senhorita aqui e tem que ser logo ou irei enlouquecer.
Não demore, seus pais e José estão aqui lhe aguardando, tanto como eu...
Amado Rei, Samuel!
Mais que grande filho de uma puta!
Quem ele pensa que é pra achar que pode pegar os meus pais e meu irmão levando para a sua casa maldita. Saí de casa às pressas com raiva, ele com certeza sabia onde eu estava esse tempo todo e me manipulou.
Mas isso não ficará assim, ele pode ter a minha pessoa em seu palácio, mas farei a sua vida um inferno! Ou então eu não sou Violeta Collalto!
Quando eu cheguei no terreiro, os guardas reais estavam lá fora me aguardando. Eles me analisaram e eu andei até uma carroça que estava ali em frente entrando dentro dela com o maior ódio que eu já tinha dentro de mim.
__ Me leve até o seu maldito Rei, e logo!__ digo para o homem que estava em minha frente comandando a carroça.
__ Já iríamos te levar até lá, mesmo de não quisesse.
__ Eu não lhe perguntei, ande logo com isto!
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A protegida do Rei.
FanfictionVioleta é uma menina pura e alegre, mas a sua família acaba fazendo ela perder a purês. Tendo que trabalhar dia e noite para quitar as dívidas de seus pais, ela será sacrificada para salvar a vida de quem tanto ama.