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Enquanto Dona Dionísia ficava de olho em José, eu esquentava uma água quente para me banhar. Iríamos sair para pegar algumas folhas para chá e algumas frutas também. Eu subi até o banheiro que era no segundo andar da pequena casa e tomei um banho que ainda era de caneca.

Eu estava trabalhando como uma louca esses últimos dias, minhas mãos estavam ásperas e meu corpo estava á pedir arrego pelo cansaço excessivo. Eu não dormia direito, precisava conseguir alguns trocados e ir até o outro lado da cidade comprar mantimentos para mim e meu irmão.

Uma curiosidade que me bateu quando saí do castelo, era onde meus pais estavam. O rei não quis contar, mas eu também não iria ir atrás dele e insistir.

Mas agora que somos amigos, eu posso dar um jeito de fazer ele me contar.

Depois de um banho, passei meu óleo corporal com cheiro de flores vermelhas. Coloquei a merda do espartilho e um vestido longo branco. Por cima, eu joguei minha capa vermelha para me manter aquecida, aqui só faz frio.

José já estava agasalhado, eu mesmo o deixava bem agasalhado todos os dias para que não fique doente.

__ Podemos ir.__ digo descendo os poucos degraus de escada.

__ Queres ir até o outro lado? Tenho alguns trocados, podemos dividir...

__ Não! Vou colher só os frutos hoje, mas obrigada. Você já está ajudando muito.__ sorri agradecida e ela concordou com a cabeça.

José caminhou até mim me dando sua mão gelada. Eu mandei ele pegar seus pares de luvas e ele foi correndo. Logo estávamos caminhando, cada uma com a sua cesta para que colocasse-mos tudo que fosse de comer.

Dona Dionísia me disseste que estou mais magra, eu nunca tive muita coisa mesmo. Meus pais preferiam comer e deixavam os restos para mim. Muitas vezes eu deixava a minha parte para José.

Sempre trago o meu arco e flecha, assim msm sinto mais segura.

__ Sabes que pode morar comigo se sentir que está pesado para ti.__ dona Dionísia falou quando José foi pegar alguns frutos um pouco longe.

__ Já tens me ajudado muito, eu fico muito grata, mas eu e meu irmão temos que ficar em nosso cantinho.

__ Compreendo. Mas minha proposta sempre estará de pé, você me lembra a filha que eu perdi.__ ela tirou meu ombro de uma forma carinhosa.

Sabia o quanto ela sofria pela sua filha que foi morta, me sinto mal em pensar que pessoas são mortas por seguir caminhos e religiões diferentes... O mundo em que vivemos se torna casa vez mais merda.

Eu e José levamos Dionísia até a sua casa, depois caminhamos até a nossa que não era tão longe. O dia já estava escurecendo, era perigoso ficar para fora essas horas.

Eu tranquei as portas rápidamente quando chegamos, fui esquentar água para José se banhar e preparei uma roupa quentinha para ele.

Quando voltou, eu li uma historinha para ele que rápidamente apagou enquanto fazia carinho em minha orelha. Eu o cobri com dois lençóis, as paredes daqui são geladas. Nem se compara com o lar quentinho que é o castelo.

Caminhei até o meu quarto tirando o vestido e o espartilho que me apertava até ficar sem ar. Coloquei uma camisola e rapidamente corri para a cama me cobrindo. Me certifiquei de lembrar se tinha trancado todas as portas e me lembrei que sim. Capotei já sabendo que amanhã teria que voltar a trabalhar.

Acordei no outro dia cedo, nem parecia que tinha fechado os olhos. Acordei José e mandei ele ir tomar café, tinha pouca coisa, mas ainda tinha.

Ele se trocou e eu o levei até a escola. Ele gostava muito daquele local, mas não tinha muito amigos. Acho que as crianças de classes maiores não queriam se misturar com ele, até porquê o Rei o colocou lá dentro, mas ninguém sabia disso.
Eu não teria como colocá-lo lá.

Caminhei até a casa onde estava á trabalhar aquela semana. Eu tinha que cuidar de todo o jardim, cortando minha mãos as vezes com espinhos idiotas.

Mas eu gostava até, era um trabalho digno como qualquer outro. Hoje eu irei pelo menos receber alguma coisa, já fico mais contente e aliviada.

***

Quando fui me aproximando de minha casa, vi a figura alta em frente da mesma. Ele estava com as suas roupas elegantes e sua pose confiante. Ele me olhou dos pés a cabeça e levantou as sobrancelhas.

__ O que aconteceu com você?__ perguntou vendo meu estado.

__ Estava á trabalhar. O que faz aqui?

__ Te trouxe algumas coisas.__ ele andou até a porta e apontou para a caixa que eu não tinha reparado.__ mantimentos.

__ Eu fico agradecida, mas você não tem mais deveres comigo, Samuel.

__ Somos amigos certo? Eu posso fazer isso por uma amiga. Fora que sou um Rei, Rei fazem isso, pelo menos eu acho.

Coloquei a chave pela fechadura abrindo a porta. Ele me ajudou a levar a caixa lá para dentro e eu comecei a arrumar. Tinha leite, pão, verduras, frutas, muitas outras coisas... Duraria por um longo tempo.

__ Trarei mais depois.

__ Isso já é o bastante. Muito obrigada!__ sorri e fiquei alarmada quando ele se aproximou um pouco de mim.

__ Você pode fazer algo para me recompensar...__ do que diabos ele estava falando?!

__ Você não está...

__ Não, não.__ ele deu risada.__ quero que venha jantar em minha casa hoje, mas só eu e você. Eu posso deixar alguém com o José.

__ Acho melhor não.__ digo dando paços para trás quando ele se aproxima.

__ Ah, por favor.__ ele pediu de um jeito tao fofo.

__ Tudo bem, mas só irei se a Dona Dionísia ficar com o meu irmão.

__ Certo! Pedirei para que lhe busquem. Até mais tarde, Violeta.

Ele caminhou até a porta e vi um sorriso largo em seu rosto. Eu acabei sorrindo sozinha guardando as coisas pelos armários vazios.

A protegida do Rei.Where stories live. Discover now