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Eu não podia acreditar em tudo que Violeta estava a me contar, como tudo isso poderia ter acontecido e eu só soube agora? Isso não tem explicativa.

__ Você não acredita em mim né?__ ela perguntou sentada na cama ao meu lado.

__ Quem lhe contou tudo isso? Uma cigana? Você sabe que ciganos são...

__ Não é uma cigana qualquer, Samuel. Ela é minha avó.__ perai... Ela não tinha falado nada disso até agora.

Eu olhei para ela no mesmo momento, o que diabos ela estava querendo dizer com isso... Meu pai era a porra do seu pai?

__ Eu não consigo acreditar nisso.__ me levantei da cama e ela veio junto atrás de mim pegando meu braço.

__ Você precisa acreditar, é a pura verdade!__ ela colocou a mão dentro dos seus peitos coberto pelo vestido e tirou de lá um colar, ele era lindo.__ era de minha mãe. Seu pai... Meu pai deu para ela quando eles se relacionaram.

__ Meu pai Afonso não era de sangue, mas eu não acredito que ele faria uma coisa dessas com a minha mãe!__ falei com raiva pegando em seu braço que ela segurava o colar.__ me entregue isso!

Ela fechou suas mãos com força, segurando o colar não deixando eu pegar o mesmo.

__ Jamais. Minha mãe o deu para mim, você não tirará a única coisa que eu tenho dela.

Ela saiu correndo para fora do quarto, eu fui atrás chamando seu nome repetidas vezes. Como ela ousa entrar em minha casa daquele jeito ontem e vindo falar todas essas mentiras para mim, ela não podia.

__ Violeta!__ chamei alto descendo as escadas.

__ Me deixe em paz, você já disse que não acredita, então não tenho mais nada para falar com você.__ ela abriu as portas correndo rapidamente.

__ Deseja que a gente vá atrás dela, senhor?__ um guarda que estava vendo toda a cena disse.

__ Não. Mande buscar o meu pai em seu esconderijo.__ falei sério subindo para o meu quarto.

Violeta:

Eu corri como se a minha vida dependesse disso, sentia o colar em minha mão me queimando. Tudo me deixava assustada, eu estava ficando louca?!

Toda a minha vida só passou de mentiras atrás de mentiras. Eu sempre acreditei que meus pais fossem realmente meus pais, eu já tive dúvidas pela cor de minha pele ser diferente da deles, mas quando os questionei eu apanhei com um pedaço de madeira.

Eu tinha nojo e vergonha de mim mesma por tudo o que eles fizeram comigo, ele abusava de mim...

Em minha mente, eu só pensava em desistir de tudo, ficar perto de minha verdadeira mama. Mas eu tinha José... Por outro lado, Dionísia cuidaria dele por mim.

Quando eu voltei a mim, estava no alto de uma pedra e em baixo havia um buraco enorme. Se eu me jogasse, iria acabar com todo o sofrimento que eu havia passado, não precisaria ouvir mais da boca de Samuel que ele não acredita em mim. Não precisaria mais sofrer por ama-lo com todo o meu coração e por isso eu saí de sua casa.

O vento forte batia em meu corpo fazendo meus cabelos voarem. Dionísia disse que eu era idêntica a minha mãe, mas eu era fraca, ela foi forte o bastante por mim, pela minha avó.

Lágrimas caiam com tanta força de meus olhos, comecei a passar com ódio minhas unhas pelos meus braços, querendo tirar todo esse nojo que eu tenho de mim.

Eu deveria ter ido no lugar de Vanila, ela poderia ter sido feliz com sua mãe e talvez com Afonso, ela não deveria ter se sacrificado por mim... Não devia!

Quando eu ia pular, ouvi alguém gritando atrás de mim:

__ Violeta! Não faca isso!__ virei meu rosto calmamente vendo Dionísia.

O vento gelado fazia eu sentir frio em meu rosto pelas lágrimas, mas o que eu mais sentia era ódio, nojo.

__ Já está na hora de acabar com toda essa palhaçada que é a minha vida. Eu não deveria ter tirado a sua filha de você.__ falei virando meu rosto para frente novamente.

__ Não diga isso... Sua mãe sabia o risco que estava correndo, eu sabia. Você não tem culpa de nada, você é a minha netinha e só precisa de cuidado.

__ Eu passei anos de minha vida pensando o porque os meus próprios pais não me amavam, porque diabos o meu próprio pai abusava de mim. Eu não era absolutamente nada dele, então tanto faz como fazia de aliviar em uma criança.__ eu desabafei, nunca havia contado isso a ninguém.

__ Eu sei, minha filha. Agora eu sei. E você não sabes o quanto eu me arrependo, não sabes o quanto eu queria estar com você e lhe proteger como minha filha, sua mãe me pediu.__ sua voz estava mais próxima de mim e chorosa.__ mas agora podemos cuidar uma da outra, o espírito de sua mama estará em paz. Não faça isso comigo minha pequena.

__ V-você nem me conhece direito.__ eu falei ainda chorando.

__ Mas eu amo você. Eu amo você, Violeta. E eu sentia todas as vezes em que você sofria, eu sentia a dor em minha pele e eu lhe passava forças todos os dias.

Me virei novamente para ela, ela estava a alguns passos de diferença a mim. Ela colocou sua mão em cima de meu ombro, sua mão era leve e acolhedora.

__ Eu vou cuidar de você, minha pequena.__ ela me puxou e eu cedi.

Quando me virei a abracei forte, desabando em seu abraço.

__ Queres sentir sua mama?__ ela perguntou segurando meu rosto em suas mãos quentinhas. Eu concordei devagar com a cabeça e ela pegou o colar que estava em minhas mãos colocando em seu pescoço.

Vi seus olhos mudarem de cor para um verde meio acinzentado. Ela sorriu olhando em meu rosto e passando a mão pela minha bochecha que escorriam lágrimas.

__ Olá, minha menina de ouro.

A protegida do Rei.Where stories live. Discover now