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Os dias foram se passando cada vez mais rápidos, estávamos perto do natal. Eu e o Samuel nos encontrávamos com frequência, ele tem sido um grande amigo. E ele realmente cumpriu sua palavra, todas as vezes em que eu jantava em sua casa ele mandava um quadro novo.

Já haviam sete quadros em minha casa, então jantamos juntos muitas vezes... Era legal.

A última vez, eu levei José, mas foi a pedido do próprio Rei. Os boatos sobre nós dois na vizinhança não era tão agradável, falavam que eu estava me aproveitando para pegar todo o seu dinheiro. Isso não era verdade, eu espero que ele não acredite nessas palavras horrendas sobre a minha pessoa.

Hoje eu iria deixar José na casa de Dionísia, estava voltando tarde de sua casa e assim ele poderia dormir lá. Ele estava me ensinando a pintar, e por mais que eu não aprenda muito eu estava adorando tudo isso.

Coloquei um vestido simples e deixei meus cabelos soltos, eu gostava mais de minha aparência desta forma. Quando cheguei em sua casa, ele estava me esperando na porta como de costume. Eu corri subindo as escadas e o abracei, eu estava com saudades dele, ficamos alguns dias sem nos ver.

__ Isso tudo é saudades?__ ele perguntou rindo me abraçando de volta.

__ Sim. Não estavas com saudades também?__ perguntei.

__ Sim, tanta saudades que não cabia mais em meu peito. Vamos jantar e depois treinaremos sua pintura, terminei aquele quadro.

__ Por isso não estava indo mais em minha casa?__ perguntei o olhando.

__ Também, estava meio ocupado com assuntos da realeza.

__ Ciganos?__ perguntei e ele estendeu sua mão para caminharmos para dentro.

__ Sim. Cada dia descobrimos moradores antigos que são ciganos e se escondem.

__ Por que não aceitas?

__ Eu recebo ordens Vio, eu só as cumpro.

__ Você é o Rei, quem da ordens então?...__ perguntei e ele bufou parando em minha frente.

__ Sabe alguma coisa sobre os ciganos, Violeta?__ fiquei um pouco tensa, na verdade eu sabia muitas coisas ultimamente.

__ Não.__ disse firme.__ mas não acho justo o que fazem com pessoas que podem ser boas, não deveria julga-las por serem quem são... Mandaria me matar se eu fosse uma cigana?

__ O que?... Por que isto agora? O que isso convém no momento, Violeta?

__ Me deixa triste a forma em que você trata essas pessoas, elas são humanos e não animais!__ me exaltei.

__ Estou começando a achar que você conhece algum cigano e não quer contar-me.__ ele me olhou com uma sobrancelha levantada.

__ Se eu conhecesse, iria me mandar para o calabouço? Iria me torturar até que soubessem onde eles estão?__ ele me olhava indignado.__ pois então faça agora! Pois eu sei onde vivem, agora faça alguma coisa comigo igual faz com essas pessoas!

Ele me olhava com os olhos arregalados, mas parecia estar transtornado de ódio, fúria. Ele realmente faria isso tudo comigo só para poder matar os ciganos?

__ Você está ficando louca?__ ele disse passando as mãos pelos cabelos.

__ Eles são humanos Samuel, eu poderia ser uma cigana, você poderia!__ apontei para ele que revirou os olhos rindo e se afastando de mim.__ não tem coragem né? Não irá me prender e me torturar para saber onde eles estão!?

__ Não.__ ele disse simples.

__ E por que não? Este é o seu dever.

__ PORQUÊ EU TE AMO!__ ele gritou vindo para perto de mim com rapidez, eu fiquei assustada com o seu olhar.__ PORQUÊ EU ME ARREPENDO TODOS OS DIAS DE TER FEITO VOCÊ SOFRER, EU QUERIA MUDAR TUDO!__ vendo o quanto eu estava assustada respirou fundo.__ eu estou todos esses dias tentando te conquistar, eu quero você em minha vida, mas eu não posso saber que esconde ciganos em baixo de meu nariz.

__ Vai me prender? De novo?

__ Não, você irá embora. Vai para a sua casa, preciso pensar nisso tudo que estás a acontecer. Mas antes, lhe deixarei avisado que ciganos são perigosos, eles mataram a minha mãe.__ quando ele disse isso, eu senti meu coração doer. Principalmente quando vi lágrimas caindo de seus olhos.

Eu fiquei com vontade de andar até ele e lhe abraçar, lhe beijar e dizer que eu também o amava, porquê eu o amava. Mas eu me virei, indo para longe e com meu coração partido.

Ele sentia a mesma coisa por mim, e eu nem se quer reagi bem as suas palavras. Como eu podia gostar de alguém tão diferente de mim... Por que ele havia se apaixonado por uma pessoa como eu? Eu não posso ser nada dele, nunca poderei e ninguém jamais aceitará.

Mas uma pessoa podia muito bem explicar tudo o que estavas a acontecer. Caminhei com rapidez para a casa de Dionísia, hoje ela me explicará tudo, nem que eu tenha que força-la!

A protegida do Rei.Onde histórias criam vida. Descubra agora