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__ Olá, minha menina de ouro.__ eu escutei uma voz totalmente diferente, era uma voz nova.

Olhando no rosto de nona Dionísia, eu sabia que não era ela, era minha mãe.

__ Mama?...__ falei entre lágrimas.

__ Sim, minha querida. Como você cresceu, está tão linda e tão forte.

__ V-você me acha forte?__ falei e ela sorriu limpando minhas lágrimas.

__ Sua força não se iguala a de ninguém. Sei de tudo o que passou, o que tens passado, mas sua força sempre será maior que tudo. Sabe por que, minha menininha de ouro?__ balancei minha cabeça negativamente.__ eu também não sei, isso vem de dentro de você e de mais ninguém. Eu queria ter visto você crescer ao seu lado, mas saiba que eu estive com você o tempo todo e sempre vou estar. Eu amo você, eu sempre vou amar você. Não tenha medo de ser feliz, não importa com quem seja.

Ela me abraçou tão forte, beijou meu rosto repetidas vezes e nós duas estávamos chorando. Quando separei do abraço, sabia que já não era mais ela, era a minha avó.

__ Vamos pra casa.__ eu falei e ela balançou a cabeça sorrindo.

{...}

Quando eu cheguei em minha casa, dei um abraço forte em José que estava me esperando ansioso, ele me perguntou varias vezes se eu estava bem e que ficou com medo deu deixá-lo igual nossos "pais" fizeram.

Agora eu estava comendo um pedaço de pão com um pouco de leite. O colar estava pendurado em meu pescoço, não o tiraria mais por nada nesse mundo. Sentia que com ele, eu estaria mais próxima de minha mama.

Quando bateram na porta de madeira, eu e Dionísia nos olhamos e depois olhamos para a porta. José saiu correndo para atender e eu fiquei só olhando, fiquei surpresa quando vi o Samuel na porta.

__ Samu!__ José falou animado o abraçando.

Um senhor que eu nunca tinha visto aparaceu em minha visão ainda na porta, ele era alto e tinha os cabelos pretos um pouco grisalhos. Ele me olhava, nem ao menos piscava.

__ Porra.__ ouvi Dionísia falar.

__ O que houve?__ perguntei tirando a atenção do homem que estava a me olhar.

__ Este aí é o Afonso, seu pai.__ quando ela falou, virei minha atenção novamente para o homem que estava parado no mesmo lugar me olhando.

Minha avó teve a iniciativa de andar até eles e os convidando para entrar, eu fiquei parada no mesmo lugar, tinha sido um dia longo e cheio de descobertas.

Eu estava sentada na cadeira, eles foram se aproximando e o homem andava devagar com a ajuda de Samuel. Eu não sentia nada por aquele homem, para mim, ele sabia de tudo que havia acontecido com minha mãe e nunca se importou de vir atrás de mim.

__ Sente-se, Afonso.__ minha avó ajudou o homem a se sentar.__ aceitam alguma coisa? Fiz chá.

__ Eu aceito, vou precisar.__ o homem falou pela primeira vez ainda me olhando.

__ Vá lá para cima José.__ falei séria.

__ Ah não, me deixe ficar.__ olhei para ele com uma sobrancelha levantada e ele rápidamente seguiu minha ordem sem questionar.

__ Você é mãe dele?__ ele perguntou para mim tomando minha atenção.

__ O que isso lhe interessa?

__ Tenha modos, Violeta.__ Samuel falou e eu olhei para ele com ódio.

__ Cale a sua boca, não quero nem ouvir a tua voz!__ ele me olhou triste e abaixou o olhar.

__ Filha...__ o interrompi antes que continuasse.

__ Eu não sou sua filha. Meu nome é Violeta.__ falei séria e vi minha avó vindo em nossa direção com duas xícaras em mãos.

Ela ia saindo, mas segurei em seu braço pedindo para que ela se sentasse ao meu lado.

__ Acho que devo uma explicação para você... Violeta.__ ele respirou fundo e vi a dor em seus olhos.__ quando conheci sua mãe, ela tinha 17 anos e eu 21. Eu era muito novo, mas logo logo eu iria me casar com alguém que eu não queria e não amava. Sua mãe se tornou minha amiga, eu contava tudo para ela. Meus pais sua ainda eram vivos não gostavam nada disso, por mais que não existisse essa frescura de matar ciganos, Vanila era de origem pobre.

O homem estava chorando, Samuel pediu para ele se acalmar bebendo um pouco de seu chá e esfregando suas costas em uma forma carinhosa.

__ Eu e Vanila começamos a nos relacionar, ela foi o meu primeiro e único amor e eu o dela. Eu me casei e continuamos a nos encontrar, sua avó sabia de tudo.__ ele olhou sorrindo para minha avó que estava ao meu lado.__ todos sabiam da minha história com sua mãe, e todos a odiavam. Iríamos embora juntos, mas antes disso ela ficou meses longe sem me dar notícias... Foram os piores dias da minha vida.

__ Ela tinha sido ameaçada.__ minha avó fala tomando a atenção do homem.__ quando descobriu que estava grávida, foi atrás de você para contar e foi ameaçada de morte. Se ela não sumisse, iriam matar ela e Violeta, o que não mudou já que mataram a minha filha.

Ele respirou fundo, como se tivesse dado uma facada em seu peito.

continua...

A protegida do Rei.Where stories live. Discover now