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Passei a madrugada toda acordada, não achava uma posição confortavel ou vez ou outra pensava na minha mãe, era quase sete da manhã quando levantei da cama, e fui correr na praia. Precisava esparecer um pouco, quando menos percebi tinha dado a volta na praia e estava bem longe da casa de Emma, voltei correndo, sentia meu corpo suado e colando por causa do sol, entrei na água e mergulhei, estava bem gelada.

— Ruby! —olhei para trás e vi Emma acenando com o braço, sai da água e ela me entregou uma caneca e colocou uma toalha ao redor do meu ombro, agradeci— Bom dia.

— Bom dia, não sabia que acordava cedo —dou um gole no café e andamos até a escada que levava a varanda.

— Me acostumei. —sorriu— E você?

— Desde que pisei em Seattle. Gosto do ar fresco e o silêncio da manhã —suspiro e me escoro no corimão. Ela me olha.

— Conheci o Andrew na faculdade, ele fazia historia e quando passava pelo corredor, as garotas só faltavam se jogar aos pés dele. Naquela semana teve uma festa, e eu fui com uma colega de turma, bebi além da conta e ele também, a gente ficou e quando me dei conta estava igual uma boba apaixonada por ele. Andrew conheceu meus pais mas não gostaram dele, e me proibiram de ver ele. Andrew me convenceu a fugir pra casarmos escondidos, e eu fui. —soltou um suspiro— Foi a pior decisão que tomei, meus pais descobriram e me deserdaram —sua voz fica embargada— Andrew me prometeu tudo que você podia imaginar, mas não fez nem a metade. James tentou me alertar e eu igual uma tonta presumi que ele tinha inveja de Andrew.

— Isso foi antes ou depois da morte do pai dele? —perguntei.

— A gente se conheceu quando o pai dele ainda estava vivo, quando ele morreu, Andrew não chorou uma única vez, foi bem quando me pediu em casamento. No início, disse a mim mesma que ele só estava lidando do jeito dele mas não, ele não tinha nenhum afeto pelo pai. Tinha conhecido o James e a mãe dele, e o Andrew me disse que pediu educadamente que saíssem da casa, até deu dinheiro a eles. O que mais tarde descobri que era mentira. —respirou fundo olhando pro mar— Descobri estar grávida logo depois que nos casamos, ele disse que eu tinha destruído a vida dele e que não estava na hora de termos filhos. Me senti culpada e Andrew passou a sair a noite, todas as noites. —olhou para o mar—  Eu tentava proteger o Hunter como podia. Ele chegava a noite bêbado e com cheiro de outras mulheres, chegou até mesmo a me estrupar contra a minha vontade enquanto ainda estava grávida de Hunter. 

Levei a mão a boca sem reação, e vi lágrimas caírem do seu rosto.

— Quando o Hunter nasceu pensei que tudo se ajeitaria, e melhorou bem pouco. Então voltou com tudo, ele me batia quando eu não queria dormir com ele, se não sorrisse o suficiente em eventos, se sorrise demais para um dos amigos dele sendo gentil, se um homem apertasse a minha mão...—fungou e me aproximei tocando na sua mão— Não importava quantas vezes eu tentasse, ele me batia e estrupava quando quisesse, sabia que ninguém me salvaria daquele inferno. —dei um abraço nela.— Sempre achei que o problema era eu.

— Eu sinto muito, muito mesmo —apertei o abraço.— Você foi vítima nisso tudo.

— Está tudo bem, querida. —disse ela se afastando e esperei se recuperar, fui buscar um copo de água e entreguei a Emma— Obrigada. —deu alguns goles e voltou a contar.

— Depois que conheci o Boone, percebi que o amor que eu sentia por Andrew nunca foi amor de verdade. Boone era o segurança que Andrew escolheu pra mim, ele sim me amou até o último suspiro. —ela olhou para dentro da casa e se virou pra mim— Tivemos um caso que durou quase dois anos, foi quando Olivia nasceu —Emma abriu um sorriso— Ela me lembra tanto ele. Quando o Andrew descobriu da gente, matou ele na minha frente —fechou os olhos e mais lágrimas cairam— Eu queria morrer junto com ele, mas não podia, agora tinha dois filhos. Mas sinto que até hoje uma parte minha morreu depois que ele se foi.

Meu Deus.

— Sinto muito —toco na sua mão— Olivia sabe disso?

— Não, nem o Hunter. Ando tomando coragem pra contar isso, a única parte que ocultei ao contar a eles foi essa. —conta.

— Então Andrew sabe que ela é filha do segurança? 

— Sabe, mas nunca machucou Olivia, já o Hunter...

— Como conseguiu sair disso?

— Quando ele matou o Boone, foi a gota d'água. Andrew me batia só de respirar errado, e se as crianças chorassem era pior ainda. —ela me mostrou a mão direita— Ele apertou tanto essa mão quando vi tentar fazer algo com o Hunter, que parei no hospital e o médico disse que eu nunca teria força nessa mão, nem fechar direito consigo. —me mostrou.— A primeira vez que tentei fugir de casa com as crianças, ele me jogou da escada. Na segunda vez, me bateu até eu ficar inconciente e na terceira vez me jogou para fora de casa. Passei a madrugada toda batendo na porta querrendo ver os meus filhos, pedindo perdão a ele dizendo que não fugiria e que faria o que ele quisesse.  Estava chovendo muito do lado de fora, lembro que fiquei encolhida e continuei batendo na porta sem parar, ouvia os choros das crianças e ele vez ou outra gritava para pararem de chorar. —limpou as lágrimas— Hunter tinha três anos, e Olivia um ano. Tinha tanto medo que batesse ou matasse eles.  Vi seguranças se aproximarem e me pegarem, estava fraca demais e o frio tinha congelado meus ossos, me jogaram na rua e fecharam o portão. Nunca pude me despedir dos meus filhos.

— Como conseguiu que Andrew deixasse ver seus filhos? —ela deu um gole na água.

— Levou cerca de seis anos até eu reencontrar os dois, mas já era tarde demais, nenhum dos dois queriam me ver, mesmo o juiz deixando. Andrew já tinha envenenado a cabeça deles. Lembro de uma vez que reencontrei o James e pedi que salvasse meus filhos daquele monstro. —soluçou— Quando vieram aqui em casa pela primeira vez, não queriam me escutar e viviam dentro do quarto, foi um momento muito complicado. Recentemente, soube pelo Hunter que eles achavam que eu era igual ao Andrew, que mesmo se pedisse ajuda, não o faria ou diria ao Andrew.

— Soube das cicatrizes do Hunter? —ela assentiu, parecendo bem triste.

-— Nunca me perdoei, se eu não tivesse tentado fugir tantas vezes...talvez poderia ter poupado isso, nem se eu fosse no lugar dele. —levou a mão ao rosto e seus ombros tremeram, toquei no seu ombro e alisei de leve.

— Como conseguiu se reerguer depois que foi jogada pra fora? —tirou a mão do rosto, e me olhou com o rosto vermelho.

Emma abriu um sorriso fraco.

— Se lembra que comentei que o James me avisou naquela época? —aceno— ele me deu seu endereço que eu guardei sem nenhum motivo aparente, e quando tomei a decisão de fugir com os meus filhos, gravei o endereço e taquei fogo. Fui pra casa de James, peguei uma carona aqui e ali, ele e a sua mãe me acolheram e me ajudaram a me reerguer. Sou muito grata a eles.

— Você é uma mulher forte e guerreira, nunca se esqueça disso —dei outro abraço nela— Pode contar comigo para o que precisar.

— Obrigada, Ruby. Sabia que você seria tudo o que soube pelo meu filho e por James. Os dois falam muito bem de você. —ela abriu um sorriso e olhou para a minha roupa molhada— Vamos entrar. Precisa colocar roupas limpas antes que pegue um resfriado. —abro um sorriso concordando e vamos para dentro da casa.

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NÃO REVISADO.

A Emma sofreu tanto na mão do Andrew
: ( ela é um cristalzinho que deve ser protegida SIM!

A Emma sofreu tanto na mão do Andrew: ( ela é um cristalzinho que deve ser protegida SIM!

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Querido Caos | Davenport #1जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें